E agora?

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Acordei mas sem querer acordar. Essa noite eu sonhei com o professor Fernandes, estávamos somente ele e eu na sala de aula mas eu estava quase nua enquanto ele citava frases do senhor Darcy, é um pouco bobo mas para mim foi um ápice sexual, ontem nos beijamos muito e ele me tocou rapidamente mas foi o bastante para eu chegar em casa completamente envergonhada e vermelha. Nem consegui jantar com eles, fui direto para o quarto alegando estar muito cansada. Eles acreditaram.

Mas agora de manhã não sei o que fazer para fugir. Desço as escadas e encontro minha mãe na cozinha já me esperando com um banquete mascarado de café da manhã, acho que ela quis reforçar já que eu não comi ontem quando cheguei, sentei na cadeira que estava separada para mim e comecei a comer logo depois de dar um rápido "bom dia" para ela.

   - Bom dia minha filha, se sente melhor?

   - Um pouco.

   - É o cansaço da viagem?

   - Acho que sim, misturado com a aula integral também.

Eu nunca fui uma boa mentirosa mas estou surpresa comigo mesma por ela ter acreditado. Meu pai chegou logo em seguida já pronto para me levar. Entramos no carro em silencio: meu pai por estar com sono por se levantar de madrugada e eu por não querer conversar. Ele respeitou isso e eu o agradeci mentalmente.

Ao chegar na escola fiquei sentada no banheiro até soar o sino, não queria conversar com Carol, ela vai perceber que não estou bem e que tenho algo que queria contar porém que não posso contar, seria torturante para mim. Agradeci por hoje ser aula matemática, não que eu goste da matéria - nem um pouco - mas ela me tomava uma concentração especial que as outras não tomavam, então eu poderia ficar mais tranquila e parar de pensar no professor. Assisti todas as aulas e consegui fugir da Carol, por mais incrível que pareça já que ela nunca se desgrudava de mim.

Mas quando o horário da aula complementar soou eu não consegui segurar a ansiedade em vê-lo. Cheguei na biblioteca um pouco atrasada, a aula já tinha começado e quando entrei todos olharam para mim, inclusive o professor Fernandes. Corei.

     - Senhorita Negrine, atrasada. Qual sua desculpa?

Disse Tom um tanto sarcástico, percebi em seu semblante uma ira que me assustara.

   - A fila do almoço estava grande.

   - Mas todos chegaram na hora exceto você.

Não consegui dizer mais nada.

   - Sente-se por favor antes que atrapalhe mais a nossa aula.

Sentei-me completamente envergonhada, e assim eu segui por toda a aula. Ele, porém não se divertiu mais comigo, pensei que a brincadeirinha de "aluna atrasada" iria discorrer durante todo o restante do horário, mas não foi. Quando a aula terminou e todos começaram a sair comecei a enrolar na organização de minha mochila; todos saíram como eu esperava e Tom trancou a porta, caminhou até mim segurando um apagador.

     - Por que você se atrasou hoje? Sempre foi a primeira a chegar quando invadia minhas aulas no ano anterior.

     - Eu perdi a noção do tempo.

     - Não acredito nisso. - disse ele com um olhar sombrio. - Acho que você queria me ver irritado.

     - O que o senhor acha?

Entrei no jogo aproximando meu rosto de seu peito, sua alta estatura me obrigava a olhar para cima o que me fazia perder toda a tentativa de ser poderosa.

     - Acho que você merece um castigo.

     - Vai me castigar? Aqui?

Ele sorriu maliciosamente.

Ao querido MestreOnde histórias criam vida. Descubra agora