Acordos, canetas e caronas.

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Quinta-feira, quatro horas da madrugada, com sono e ainda na casa de meu irmão. Abro meus olhos quando escuto o som de Sócrates arranhando a porta, acordou mais animado hoje, em casa todos os dias antes de ir para a escola passeava um pouco com Sócrates pela vizinhança, quem disse que gatos não passeiam com seus donos? Talvez os gatos comuns não, mas Sócrates é especial, é meu melhor amigo no mundo.

Tento me levantar mas sou impedida pela surpreendente dor que percorre todo meu corpo, caio novamente na cama sem forças para me erguer. Tudo dói, principalmente a prazerosa descoberta de ontem, com certeza minha nova atividade tem algo haver com isso, me forço a levantar mesmo sabendo o quanto dói. "Você procurou por isso Sara!" Digo para mim mesma tentando superar. Corro para o banheiro e tomo um rápido banho com as pernas ainda tremendo de dor, visto meu uniforme, um novo pois o de ontem além de amassado tem o cheiro dele, não conseguiria me concentrar nas aulas sentindo o tempo todo esse perfume inebriante. Arrumo minha cama e carrego Sócrates até o andar de baixo, me olho no espelho do corredor e Meu deus! Como estou abatida! Bem atrás de minha orelha tem  uma mancha roxa que creio eu ter sido provocada ontem. Solto meu cabelo tentando esconder e sigo cambaleando até a cozinha.

     - Bom dia querida! - disse minha mãe já me aguardando. - fiz sua comida matutina favorita: bolo de cenoura com bastante chocolate e leite quente.

Sentei-me diante daquelas delicias e comi com alegria, minha mãe mostrou-se satisfeita com minha boa conduta alimentar, embora eu não considere que essa refeição tenha sido saudável, mas para ela bastava que eu comesse.

     - Obrigada mamãe, estava uma delicia! Agora eu já vou pois não quero deixar o papai esperando mais tempo no carro.

Ela deu uma risadinha estranha, como se estivesse aprontando alguma coisa.

     - Mãe, tem alguma coisa que queira me contar?

     - Não filha, bom dia na escola. Qualquer coisa liga para nós.

Olhei-a curiosa e saí. Na frente da casa está o carro de meu pai estacionado com os vidros levantados, quando me vê destranca a porta liga o motor e se prepara para sair. Entro no carro e me sento no banco ao seu lado, fico surpresa quando me viro e vejo que não é meu pai que está ao volante e sim meu irmão Dário.

     - Onde está o papai?

Pergunto curiosa.

     - O que foi maninha? Não está feliz em passar um tempinho com seu irmão?

      - Não é isso, é que fiquei surpresa em não ver o papai.

     - Ele estava muito cansado ontem, mamãe sugeriu que eu te levasse na escola. Seria bom para ele descansar e também para nós dois passarmos mais tempo juntos.

Era uma boa ideia, uma ideia de nossa mãe, lógico. Ela quer que eu me aproxime dele para que minha relação com Aline melhore, mas o que ela não entende é que essa situação não tem nada haver com Dário. Aline e ele não tem muita coisa em comum, ele é tão diferente dela, posso estar enganada mas acho que ele merecia coisa melhor.

     - Claro, sendo assim vamos! Ao menos papai terá umas horas há mais de descanso. Mas se bem o conheço já deve estar acordado olhando para o teto.

Ele começou a dirigir.

     - Sim, quando eu era adolescente sentia que ele sempre estava acordado. Quando eu ia dormir ele estava lá, quando eu acordava no meio da noite ele estava na cozinha, quando eu levantava para ir à escola ele estava me esperando na sala. O cara era o Batman, sabe?

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⏰ Última atualização: Jan 17, 2023 ⏰

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