Ups... Hi boss

Capítulo 1

20 de Janeiro de 2019

O bar estava lotado, cheio de pessoas com os copos meios cheios, com as roupas meias suadas e com a batida da musica já meia gasta. Os meus pés já há muito que pediram para que parasse de dançar e podia jurar que se pudessem, tinham-me arrastado dali para fora. Mas uma promessa é uma promessa, e quando a noite começa, a noite não acaba enquanto a musica ainda estiver no ar. Mais uma rodada de shots foi ao centro, e eu podia jurar que nesse preciso momento todas as (poucas) pessoas daquela sala tinham um irmão gémeo.

- Preciso de me sentar, já não sinto os meus pés e a minha cabeça está à roda. - berrei por cima da música para que Maggie me pudesse ouvir, mais como é obvio esta encontrava-se mais distraída a ocupar a boca do Mike com a sua língua.

Entre arrastos e tropeços, pedidos de desculpa e empurrões, consegui sentar o meu rabo num dos enormes sofás da entrada do bar, onde o ruído das colunas já não era tão perceptível e as pessoas estavam mais dispersas. Os meus olhos já se fechavam sozinhos e tudo o que eu queria era.... exatamente isto, um ombro para me puder encostar.

- Eu sei que posso ser uma boa almofada, mas se adormeceres vou ficar bem preocupado porque, sinceramente, reparei em ti enquanto caminhavas para aqui e percebe-se bem que tu perdeste a conta aos shots que bebeste esta noite. - A minha almofada gigante falou, o que me fez acordar um bocadinho.

- Bem, eu estive a divertir-me a noite toda, em vez de estar a observar estranhos.- a minha voz sai em desespero e a minha garganta fica de repente seca. Abro um dos meus olhos e tento ver quem está ao meu lado, talvez um dos estupidos amigos de mike.

- Auch, não sei o que me magoou mais, o facto de me teres chamado creep, ou de teres dito indiretamente que não reparaste em mim, no entanto....

- Harry? Vamos?

Umas pernas longas e nuas aparecem à minha frente, obrigando-me a abrir completamente os olhos e a endireitar-me. Harry huh? Uma loira bonita, num vestido colado ao corpo curto azul bebé de alças finas, chama pelo rapaz que está ao meu lado. Este levanta-se e pisca-me o olho, como quem diz um até depois ou um até nunca.

Suspiro de desespero e vou buscar Maggie para finalmente irmos embora. Quando chego a casa posso jurar que continuo ouvir a musica e a senti-la na minha cabeça, e também consigo claramente sentir o tremer da parede fina que separa o meu quarto e o da M.  Bolas, tem sempre companhia durante as noites. Não que eu esteja mal solteira, mas por vezes gostava de ter alguém deitado ao meu lado também, alguém para me dar atenção como ela recebe. Não sei, provavelmente é a bebida a falar mais alto. 

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Dor de cabeça. Dor de cabeça terrível. Ressaca. Bolas, quem me dera ter outra vez 16 para nunca ter estas dores.

- Credo Bell, parece que foste atropelada! - M ri do meu aspeto, assim que despeja meio litro de café no seu bidão a que chama de caneca. Ela está perfeitamente normal, como se fosse um domingo como outro qualquer. 

- E fui, nunca mais saio à noite! Estamos demasiado velhas para isto!! 

- Até parece, quem te ouvir falar parece que temos 80 anos. Tens 23 Bell, estás na descoberta da vida, não queiras já parar de viver. - Literalmente isto é a Maggie. Sempre motivadora e positivista, muito calma e zen. Raramente se chateia, mas quando isso acontece... cuidado. Estou cansada demais para batalhar sobre este assunto de qualquer das formas, por isso simplesmente encolho os outros na esperança que esta acabe a conversa. 

Depois do pequeno almoço tardio tomado, decidimos ficar por casa a ver um filme visto que os nossos pés estavam desfeitos e o dia passou assim sem nós darmos sequer por ela.