01 ─ O ACORDO COM O DIABO.

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Julie Davis.

Chego da cafeteria às dezenove horas. Meus pés estão doloridos e sinto que tenho calos profundos até em minha alma. Estou tão cansada e faminta que não consigo raciocinar direito sobre nada.

Nós moramos num bairro simples de Moscou, longe dos grandes prédios e das grandes empresas, num lugar esquecido e sujo da grande cidade da Rússia. É o que meu dinheiro consegue para pagar e ainda assim, eu adoro a minha pequena casinha e sou extremamente feliz de poder ter uma cama confortável para dormir.

Eu sou a única assalariada. Dylan, meu irmão caçula, estava trabalhando numa fábrica de pasta de dentes, porém, envolveu-se numa briga e acabou sendo demitido. Sei que ele está se esforçando para achar outro emprego, mas seu gênio forte o limita de conseguir diversas oportunidades.

─ Dylan? Já cheguei ─ grito. Coloco minhas chaves sobre a mesa e retiro meu casaco velho o colocando sobre o sofá.

Lá fora estava muito frio e apesar de morar desde pequena na Rússia, ainda não havia acostumado-me com a temperatura congelante que tomava de conta do ambiente durante quase todo o ano.

Fico somente de meias grossas, calça jeans e blusa dentro de casa. Vou para a cozinha, faço um macarrão instantâneo e sigo para o quarto do meu irmão.

Ele estava jogado na cama, num sono profundo e com uma garrafa de uísque ao seu lado... que com certeza foi comprada com o dinheiro que o emprestei para pagar sua passagem de hoje. Balancei a cabeça negativamente e segui para a sala, me sentando no sofá e ligando a televisão.

O meu macarrão estava incrível e foi capaz de saciar a minha fome. Tirei minhas meias e encarei meus pés que estavam cheios de calos e um pouco machucados pelas botas de couro grossas que eu estava usando.

Eu tinha vinte anos e dois anos, mas minha disposição era mínima para fazer qualquer coisa. Eu trabalhava numa cafeteira como atendente o dia todo, das oito às dezoito. Sim, era extremamente cansativo, mas eu precisava pagar as contas e me manter viva. O salário não era lá essas coisas, mas a gente até vivia bem.

À noite, eu estudava meu curso de letras, numa faculdade particular onde consegui uma bolsa integral. Eu tentava o máximo possível me esforçar, apesar das circunstâncias e acreditava fielmente que logo as coisas iriam melhorar.

Escutei alguém bater na porta, então me levantei, deixei meu prato de lado e fui até o olho mágico, enxergando três homens lá fora. Todos de terno, bem vestidos e provavelmente vieram cobrar novamente meu irmão.

Abri a porta, engoli o seco e encarei seus semblantes malvados.

─ Dylan está? ─ o mais alto pergunta. Ele tinha uma cicatriz enorme na testa e sua cabeça era raspada. Uma tatuagem de cruz de cabeça para baixo era marcada nas mãos deles.

O ACORDO [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora