Pregão turístico do Recife
A Otto Lara Resende
Aqui o mar é uma montanha regular redonda e azul,
mais alta que os arrecifes e os mangues rasos ao sul.
Do mar podeis extrair, do mar deste litoral, um fio de luz precisa, matemática ou metal.
Na cidade propriamente velhos sobrados esguios apertam ombros calcários de cada lado de um rio.
Com os sobrados podeis aprender lição madura: um certo equilíbrio leve, na escrita, da arquitetura.
E neste rio indigente, sangue-lama que circula entre cimento e esclerose
com sua marcha quase nula, e na gente que se estagna
nas mucosas deste rio, morrendo de apodrecer vidas inteiras a fio,
podeis aprender que o homem é sempre a melhor medida. Mais: que a medida do homem não é a morte mas a vida.
Medinaceli
(Terra provável do autor anônimo do Cantar de Mío Cid )
Do alto de sua montanha numa lenta hemorragia do esqueleto já folgado a cidade se esvazia.
Puseram Medinaceli
bem na entrada de Castela como no alto de um portão se põe um leão de pedra.
Medinaceli era o centro (nesse elevado plantão) do tabuleiro das guerras entre Castela e o Islão,
entre Leão e Castela, entre Castela e Aragão, entre o barão e seu rei, entre o rei e o infanção,
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Morte e Vida Severina
PoetryMorte e Vida Severina é um livro de poema regionalista e modernista do escritor brasileiro João Cabral de Melo Neto, escrito entre 1954 e 1955 e publicado em 1955.