CAPÍTULO 2

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Eles correram. E como correram!

Era o momento mais egoísta das suas ainda breves existências. Deixavam para trás, prostrado na poça do seu próprio sangue, um ser humano! Joshua! Ele podia ter defeitos, podia não ter escrúpulos, podia já ter feito muita merda, sim, mas não deixava de ser um humano. Um adolescente inconsequente, problemático e estúpido. Mas também um adolescente sonhador, tomado por planos futuros, cheio de vida!

Vida!

Eles correram pelas suas vidas!

O medo praticamente fervia nas suas veias, estavam perdidos numa floresta com um cadáver e um assassino. Um assassino que os havia visto, um assassino que talvez não quisesse deixar rastros. Os seus corações comprimiam com esse pensamento, mas impulsionavam ainda mais força às suas pernas.

Não sentiam os arranhões dos galhos nos seus tornozelos nem o cansaço inevitável. Eram dominados pela adrenalina e apenas pensavam em fugir.

Passados alguns minutos, sem sinais de outra presença além da deles, o quarteto improvável se deteve. Encontrando-se com o tal lago do qual Amy falara, não tinham mais terra em frente para onde correr. De qualquer forma, já pareciam distantes o suficiente daquele lugar onde o coração de um seu colega bateu pela derradeira vez.

E não conseguiam mais, além de tudo. Os seus corpos imploravam descanso, as suas mentes já transbordavam um milhão de pensamentos que não podiam mais guardar dentro de si.

Andrew deixava-se cair de joelhos no solo húmido, sem deixar de fitar o nada. Joshua estava morto. O seu cérebro não parecia querer processar isso. Não fazia sentido, não podia ser real! Mas aquela imagem não saía da sua cabeça. Aquele tiro, todo aquele sangue... Não, não podia ser!

Amy ajoelhava-se ao seu lado, escondendo o rosto lavado em lágrimas entre as mãos. Os seus soluços pareciam escapar diretamente do seu coração apertado. Estava inconsolável. Acabara de ver acontecer aquilo que desejara contínua e dolorosamente durante os últimos dois anos. Agora que realmente havia acontecido, ela apenas queria voltar atrás, voltar a um tempo onde aquele pesadelo não era real.

Miki estava atónita. O seu olhar perdia-se na água escura que percorria calmamente o seu curso. Queria chorar, gritar, se espernear, mas o seu corpo não se movia. Os seus braços estavam caídos aos lados do seu corpo, como rendidos. Assim estava ela, aliás: a nossa enfática e fervorosa protagonista estava rendida.

Travis apenas os fitava, confuso.

— O que se passa com vocês?

Os outros elementos do grupo olharam para ele, incrédulos.

— O que se passa contigo?! — Amy rebateu, indignada, levantando a cabeça sem se preocupar em limpar as lágrimas que escorriam livremente pela sua cara. — Nós literalmente vimos alguém ser assassinado! O Joshua, Travis!

Aquele nome ecoou pela cabeça de Miki e de Andrew. Ainda não conseguiam acreditar que era verdade.

— E achas que chorar vai solucionar alguma coisa?! Vocês têm que manter a calma, entrar em pânico só vai piorar a nossa situação.

— A nossa situação? — Miki virou-se a ele, chocada com tanta frieza. — O Joshua está morto. Morto! E tu estás preocupado com a nossa situação?!

— Exatamente, Miki! Ele está morto! Não é o vosso show de hipocrisia que o vai ressuscitar.

— Hipocrisia? — Miki perguntou, completamente horrorizada. Onde estava o coração daquele rapaz?

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⏰ Última atualização: Jun 09 ⏰

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