III - Dicotomia

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A sua carne borbulhava em uma fúria descontrolável. O demônio dominou-o de uma forma tão devastadora que a sensação que causou a Sasuke era como se sua pele retorcesse e comesse sua própria carne. Ali, escondido em alguma parte de uma consciência, como uma sombra, ele teve a sensação de morte eminente. Não a si, mas à garota.

Não haveria piedade, oh, como poderia ter piedade? Malum est não sabia o que era isso. Mesmo o padre que se julgava tão misericordioso não teria clemência. Afinal, a figura a sua frente estava confrontando-os. Quem confrontaria um demônio? Alguém que não tem medo da morte é claro, e se ela não tinha medo, Malignum a faria temer.

— Olá, Haruno Sakura. Parece que finalmente a encontrei. — Afirmou vitorioso, com um breve sorriso de canto escapando de seus lábios. Já podia imaginar as mais diversas punições que aplicaria à garota que viu demais.

— Muito pelo contrário, eu o encontrei primeiro. — Os olhos tornaram-se desafiadores. O dominador observou cada detalhe do rosto bonito, concluindo que a expressão dela em nada combinava com o que esperava de alguém que acabou de ver um demônio. Exalava confiança enquanto o fitava, muito diferente do pavor iminente de todos que já o encararam.

— É mesmo? E o que te faz pensar assim?

— É algo bem simples, na verdade — deu um passo à frente e se não fosse a clara diferença de altura entre eles, teria ficado de frente para os olhos vermelhos tão vibrantes. — Eu tenho rastreado seus passos há algum tempo, desde suas caminhadas nas madrugadas até o padrão de ataque das vítimas. Você é bastante cauteloso, admito, foi difícil conseguir uma prova concreta do que fez.

Ele sorriu sinistro e em um movimento rápido demais para acompanhar, a jogou contra a parede, pressionando-a com a proximidade de seu corpo.

— Você é uma raposinha esperta para seguir as pistas, não? — o demônio regozijou-se com os olhos verdes arregalados pelo susto. — Mas não é tão esperta ao me afrontar desta forma.

Ela sentia a taquicardia no seu peito. A respiração tomou um ritmo irregular e as mãos suavam, tamanho seu nervosismo. A presença dele era esmagadora.

— Acha que pode me ameaçar desse jeito e sair impune? — Ele estalou a língua no céu da boca. — Eu posso te matar tão rápido que você sequer perceberia.

— Voc... Você não vai. — Sakura afirmou, reprimindo-se internamente por ter gaguejado. Malum est riu com gosto.

— Esqueceu quem eu sou, raposinha? Eu posso fazer o que quiser agora e ninguém nunca suspeitaria de mim. — Ele segurou o queixo fino com uma das mãos, captando toda e qualquer microexpressão que ela tivesse. Ficou impressionado ao constatar que ela continuava com o olhar altivo mesmo estando claramente em desvantagem. Haruno Sakura era uma garota interessante.

— E esta é a melhor parte de possuir este corpo não é, Malignum? — ela inquiriu mordaz. — Ter acesso ilimitado a um lugar cheio de pecadoras, acima de qualquer suspeita, podendo usufruir de seus corpos à vontade.

— Certamente, senhorita Haruno. — Ele sorriu de lado e inclinou-se sobre ela enquanto a encarava. — Vocês são as melhores presas, pecadoras que não se arrependem, buscam uma salvação que está muito longe de seu alcance, continuam nesse ciclo vicioso de rezar e rezar quando o que realmente querem fazer é muito diferente disso.

— Sou incapaz de discordar. —respondeu firme.

— É claro que é. — Sakura sentiu o suave toque do polegar masculino em sua bochecha enquanto o olhar carmim baixava até seus lábios. — Ah, raposinha, você não conseguiu conter sua curiosidade, não é? Precisava me encontrar. Para quê, eu me pergunto.

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⏰ Última atualização: Feb 21, 2021 ⏰

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