Capítulo 1: Vermelho e ouro.

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livro um: Sobre essas almas,
todos os caminhos estão atados.

Capítulo 1: Vermelho e ouro


No alto do pico Méihuā, a união de duas almas era feita.

Sobre as linhas e cordas o fio vermelho se entrelaça e estica, mas nunca se rompe. Em suas mãos, as taças de vinho eram servidas. E em seus corações, o medo e a ansiedade predominavam.

Para as pessoas que assistiam a bela comemoração era difícil para elas adivinhar o que se passava na cabeça dos noivos. Podia ser qualquer coisa. O medo de mergulhar no caminho da vermelhidão sem fim de duas almas ou o prazer de finalmente ser amado.  Porém na cabeça dos noivos nas vestes vermelhas, não era tão fácil assim. 

Por baixo do véu escuro, Liang Hui estalava a língua.

Há alguns anos atrás, ele e sua mãe moravam nas ruas. Trabalhando todos os dias para conseguir dinheiro para sobreviver. Sua mãe —  Xiulan — trabalhava como uma prostituta antigamente. Mas depois que ela engravidou, foi jogada fora pelo estabelecimento a forçava a trabalhar. Passou todos aqueles anos fazendo apresentações de dança nas ruas para ganhar apenas míseras moedas de cobre que não davam nem para comprar um pão velho, o que a fez muitas vezes implorar pelas sobras de comida de restaurantes locais. Chegava ao galpão que chamava de lar e dava as pequenas sobras para seu filho, aquele que ela amava com todo o seu coração, quase nunca comia.

O pequeno Hui sabia disso, mas o que ele podia fazer? Ele era apenas um garoto, apenas um ninguém em meia tanta podridão que andava pelas ruas. Porém, sua mãe se casou. Casou-se com um homem nobre que era dono de uma perfumaria, um homem que a amava com todo coração, mas também, um homem que por baixo do semblante bondoso, nunca gostou de seu filho. Isso rendeu ao garoto pequenos machucados, nada demais.

Há um mês, seu pai subiu as quatro mil escadas do pico Méihuā para fazer um pedido de matrimônio entre Liang Hui e o jovem mestre do pico. Liang Liwei exclamou com sua esposa que foi pela riqueza da família e que esse era o mínimo que Liang Hui poderia fazer por eles. Se fosse só por Liwei, Liang Hui com certeza iria recusar. Mas sua mãe também estava no meio, e ele sabia como a saúde dela era frágil, se ele a perdesse por sua culpa, nunca conseguiria perdoar a si mesmo.

Enquanto as pessoas pensavam que ele era sortudo por estar se casando com um jovem rico, ele amaldiçoava internamente todos da plateia.

''Este jovem é tão sortudo!'' as pessoas falavam.

Sortudo minha bunda, estou sendo obrigado a isso. Obrigado pela compreensão, agora se percam.

Liang Hui ainda estava com o véu escuro e seu rosto, ele não sabia a aparência daqueles que estavam presentes, principalmente daquele que estava se tornando seu marido. Felizmente, já era a hora de tirar o véu vermelho para fazer o último preparativo, beber vinho um do outro com os braços entrelaçados.

Shin Long Wei estava nervoso, seu coração a cada momento errava uma batida. Essa era a pessoa, essa era a pessoa que seria seu parceiro de cultivação para o resto da vida. Ele estava feliz, feliz em pensar que poderia ter a chance de experimentar o amor mais uma vez e ser feliz. Shin Long Wei se aproximou de Liang Hui que era alguns centímetros mais alto que ele, respirou fundo, e cuidadosamente levantou o véu.

Porém.

O tempo parou.

Debaixo daquele véu havia um jovem de cabelo caramelo, seus olhos eram azuis e sérios, pareciam o mar em uma tempestade turbulenta, difícil de desviar o olhar, como se ele soubesse o que havia no mais fundo de sua alma. Mas não era aquilo que Shin Long Wei esperava, não era aquele olhar. Aquele rosto bonito debaixo do véu não carregava um semblante feliz, e sim, uma expressão de medo, angústia, e acima de tudo, desprezo.

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