A Sinfonia dos Mortos

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Isaac. Fraco. Tolo. Inútil.

 Inútil resistir. Inútil lutar. Inútil negar. Inútil.

 Por que ainda insiste em se esconder? Se esconder atrás do sonho de ser o herói que nunca fora capaz de se tornar? Você foi incapaz de proteger aqueles com quem uma vez já se importara. Deixou que a vida deles escorresse e escapasse por entre seus dedos. Por que ainda se esconder atrás do único resquício de humanidade que ainda lhe resta? 

Ao contemplar um espelho, tudo o que vejo é um monstro, um monstro covarde que nega sua verdadeira natureza. E por isso sofre. Você tenta gritar, espernear, entretanto o silêncio é cruel. Ele o cobre, o abafa, como a terra que preenche os espaços de uma cova onde repousa um alguém que ainda agoniza. 

Os punhos encontram o vidro, que despedaça no chão. Seus dedos sangram e você vê algo, que parece a sua imagem, refletido nos cacos. Será a sua alma? O sofrimento se intensifica a cada minuto, é como se você sangrasse por dentro. 

Quantos? Quantos sofreram por sua causa? Por sua sina? Por sua constante e insaciável sede? Quantos foram perdidos desde que você renascera? 

Afinal, é você o culpado por sair exatamente naquela noite quando o impossível aconteceu? Quando você atravessou a tênue linha entre a mortalidade e a vida eterna? Se decida agora ou morrerá com sua culpa, o tempo corre. 

E não tente escapar. De nada adianta. É tão inútil como qualquer coisa que você já fez para tentar se redimir de seus atos. Fugir apenas prolongará seu sofrimento e sua sina. Estarei sempre acompanhando seus passos, observando cada de seus erros. Eu sou seu agouro. Eu sou sua danação eterna. Eu sou a sua morte. 

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⏰ Última atualização: Mar 06, 2021 ⏰

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