Dark Mermaid - Guardiã das Águas

CAPÍTULO 01 - O SOLSTÍCIO

Oahu, Hawaii – algumas horas antes do solstício...

Parecia ser um dia qualquer quando Merliah revira-se na cama prestes a acordar com o barulho irritante de seu despertador , ela grunhe tentando criar coragem pra sair da cama e fazer todos os seus afazeres como todos os dias e por algum motivo a qual ela desconhecia, sentia-se diferente e uma sensação gélida percorria suas entranhas e a jovem encara o seu teto repleto de adesivos de estrelinhas que brilhavam no escuro e que ela amava observar quando era criança e que com o tempo foi perdendo a total graça e ela sentia que só queria voltar a ter 8 anos novamente, onde o mundo parecia ter outras cores e as coisas mais simples conseguiam fazer algum sentindo pra ela. Agora com seus 17 anos, prestes a fazer 18, Merliah sentia como se sua vida não fizesse sentido algum e perguntava-se o que faria assim que terminasse a escola e tivesse que seguir o próprio rumo da sua vida e a reposta pra seu questionamento era um completo vazio.

A garota respira fundo e afasta os pensamentos que só a deixariam mais pra baixo e levanta preguiçosamente da cama, arrastando o cobertor junto do seu corpo ao dirigir-se a varanda do seu quarto. E como de costume, senta na sua cadeira de balanço, enrola-se no lençol e observa o mar, as ondas indo e vindo e a presença de alguns surfista já se faziam presente as 7 da matina, já divertindo-se com alguns amigos, e se tem uma coisa que Merliah adorava, era o fato de morar em frente ao mar, em uma simples casa de madeira de dois andares junto com sua tia que a criou desde pequena após a morte de sua mãe, e a jovem não conseguia pensar em outro lugar melhor para viver se não perto ao mar.

- Bom dia Liah! – Daphne aparece, a amiga de infância de Merliah, uma garota pequena da pele negra e cabelos encaracolados, na qual Merliah era inseparável – Você não vai nos ajudar a organizar a barraca? – indaga ela ajeitando os seus pequenos óculos redondos enquanto estaciona a sua bicicleta.

- Hmmm, eu preciso mesmo ir? – a garota respira fundo entortando a cara de forma dramática – Me dá só um tempo pra tomar um banho e descer, por favorzinho!

- Dois minutinhos e eu já tou contando Liah! – Daphne revira os olhos, encarando a sua amiga que enfiava o rosto no edredom, demostrando preguiça – JÁ SE PASSARAM 10 SEGUNDOS – grita a garota.

Merliah levanta-se preguiçosamente, revirando os olhos e lançando o dedo do meio para a sua amiga que cai na gargalhada, elas haviam combinado de se encontrar para montar uma barraquinha de frutos do mar e Mai Tai, um coquetel típico do Hawaii, na qual Merliah e Daphne tinha a certeza que iam vender rápido, apesar de saberem que se dependesse da popularidade das duas, ninguém faria questão de visitar a barraca de ambas, mas nenhum cidadão havaiano resiste a frutos do mar e a um bom coquetel, motivo a qual elas sabiam que seria um sucesso e que ambas descolariam uma boa grana.

A jovem analisa seu rosto no espelho do banheiro, os olhos de um verde extremamente claro que exalavam o cansaço, sua pele levemente bronzeada e com algumas manchinhas de espinha em suas bochechas na qual ela odiava, a garota passou uns bons anos fazendo tratamento após ter problemas sérios com espinhas, então ela achava que não poderia ficar melhor. Seu cabelo longo e negro estava preso em um coque simples – que inclusive, se tornara o penteado diário de Merliah – ela simplesmente o odiava, pois sempre fazia questão de comparar-se com as garotas de sua escola, na qual segundo ela, tinham os cabelos perfeitos.

- Fazer o quê não é mesmo Merliah? Melhor não tem como ficar - ela sussurra pra si mesma despindo-se e ligando o chuveiro e estranhamente enquanto ensaboa-se, a mesma sente uma leve enrugada em sua coxa e paralisa a observando, e era como se estivesse uma camada de cola seca sobre sua pele, deixando-a com uma aparência extremamente enrugada, como quando passamos muito tempo debaixo dágua. Merliah por um momento preocupa-se, mas ignora o fato pensando ser algum tipo de reação alérgica e mal sabia ela que aquilo era o começo de tudo.