Prólogo

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Essa é a última noite que saio a caçada, com pesar, declaro meu hiato por tempo indeterminado nas minhas noites alegres. Por quê? Ótima pergunta, mas devo me dar o direito ao primeiro questionamento, concorda?! Quem é você? Como consegue saber o que estou pensando e como sei que você está aí?
Certo, curioso... você também não sabe! 

Como cortesia, irei responder também: matar nessa cidade perdeu a graça. Por esse motivo, quero fazê-los acreditar que fui embora e que eles abaixem a guarda. Acabem com essa história de toque de recolher e todas as medidas que tornaram as minhas caçadas tão chatas! Quero que os velhos tempos voltem, quero o medo no olhar das minhas vítimas, o álcool não sabendo explicar como ela saiu daquele barzinho e veio parar nas minhas mãos. Sinto a euforia me dominar só de imaginar tal situação!

Mas nem tudo é o que esperamos, caro companheiro. Receio que minha última caçada deva ser interrompida, por quê? Olhe para aquela casa, é! Aquela azul, vê aquele menina sentada na varanda? Consigo ver claramente como ela é, olhos azuis como o oceano e cabelos castanhos tão longos que nem um rabo de cavalo consegue fazê-lo parecer curto.
Ela não está com medo do que pode acontecer, ela está sentada com um livro em sua mão e não liga para o seu destino doloroso tão próximo. E por isso, não quero fazê-la minha vítima, não agora. Qual a graça se ela não vai sentir medo? Se ela não vai implorar pela vida? Quero que ela se surpreenda com o que vou fazer com ela, e não que ela se conforme.

Consigo ouvir algo vindo de dentro da casa:
– Katharina, venha já para dentro! – não posso conter o grande sorriso que se forma em meu lábios.
Katharina – sussurro, sua pronúncia saiu melhor do que eu imaginava. Quem é você e como vou fazê-la implorar pela sua vida, Katharina?

Sei o que deve estar pensando, não é um perde de tempo. É muito mais do que só mais uma vítima, nunca me importei em saber os nomes de quem iria sangrar na minha faca. Mas agora, é mais do que isso, é uma corrida, quem será capaz de vencer: Katharina ou eu? Sabemos qual é essa resposta, então não se faça esse questionamento mais. É óbvio que será eu, Katharina vai estar como número um na minha lista. Darei prioridade à ela.

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