Capítulo 2

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O sol nos dá "Bom Dia". Levanto cambaleando em direção às cortinas e me estico para mandar a preguiça pra longe. O céu tem poucas nuvens e o relógio marca 11:05  - dormi demais.

Caminho para a cozinha. Estou faminto e minha barriga reclama - calma aí, amiguinha. Preparo um sanduíche de presunto e achocolatado. Eu adoro isso aqui.

- Cheguei! - diz minha mãe enquanto entra na sala. Seu sorriso é contagiante - Adivinha o que vou fazer pro jantar?

- Lasanha???!!! - bato palmas com o sorriso aberto. Ela balança a cabeça afirmativamente. Eu amo a lasanha da minha mãe. Ela tem mãos de mestre-cuca, a melhor do mundo!

O tempo passa e a hora de ir pro curso chega. Novamente penso no dia anterior. Pesadelo. Queria ter um saco pra colocar minha cabeça, mas isso é inviável, então tenho que ir com essa cara mesmo e fingir que nada aconteceu.

Pulo do ônibus e logo vejo o Cai saindo do carro com a Isabela. Hoje eles vieram direto da faculdade.

Corto a avenida em direção a entrada da EnglishTown, onde eles já estão me aguardando.

- Iai bonitão!

- Tudo certo, Cai? - respondo

- Tudo em cima! 50 Tons de Cinza nos espera, já comprei os ingressos! - Caíque nunca esperou tanto por um filme.

Adentramos a escola, subimos para o segundo piso e esperamos começar a aula.

André entra na sala. Seus cabelos hoje estão ainda mais bagunçados - sexy. O primeiro botão de sua camisa está solto revelando os pelos lineares do seu peito: - Good afternoon!!! [Boa tarde!!!]. Todos revidam a saudação. Nesse momento um garoto abre a porta, não lembro de tê-lo visto ontem.

- Oi, boa tarde. Desculpe professor, ontem não pude vir - diz ele ainda na porta - posso entrar?

- Claro, como se chama?

- Tobias, John Tobias - ele sorri de um jeito estranho e ao mesmo tempo dissimulado. Escolhe a mesa ao meu lado, a única desocupada. Todos observam o rapaz bonito que acabara de entrar. Ele tinha os olhos verdes, pele parda, cabelos curtos amarronzados, rosto redondo e um corpo aparentemente bem esculpido. Seu braço esquerdo tinham várias tatuagens.

Enquanto todos faziam a atividade proposta, André caminhava pela sala ajudando alguns alunos com dúvida.

Odeio esses phrasal verbs, argh!

- Concordo com você.

Droga! Não acredito que pensei alto. Levanto os olhos e sorrio tentando fingir naturalidade, mas acredito que o vermelho que transborda pela minha face me denuncia.

André me observa e logo se curva apontando pro meu caderno: - Isto está errado, garotinho - ele mesmo pega minha borracha e apaga algumas coisas. Sinto o ar quente de sua respiração passando pelo lado direito do meu rosto. Ele pega minha mão e reescreve o que apagou, agora do jeito certo. Estranho esse gesto de corrigir uma atividade, até parece que não sei escrever. Não me importo com isso, eu só quero parar o tempo e aproveitar o toque da sua mão.

- Entendeu? - seus olhos estão sorrindo. Não prestei atenção em nenhuma palavra que ele disse, mas balanço a cabeça positivamente.

XXXXXX

Ao final da aula me sinto ainda anestesiado. Balanço a cabeça para expulsar o pensamento, fecho o caderno e suspendo os óculos. Ao me virar para abrir a bolsa, meu estojo cai da mesa de alguma forma. Desastrado. Me abaixo para recolher as coisas espalhadas. Alguém me ajuda.

- Muito obrigado - levanto a cabeça e vejo que quem estava me ajudando é o rapaz dos olhos verdes que chegou hoje, o Tobias.

- You're welcome. [De nada.] - ele retribui com um sorriso aberto - Prazer, Tobias. Você?

Casa de Lego (Romance Gay)Where stories live. Discover now