Catarse • pjm+jjk • [ABO]

[0.5]

Desprezo e solidão. Dois dos piores sentimentos que um ser humano pode sentir, tão prejudicial como uma dor física. Era exatamente assim que o ômega se sentia, desprezado e sozinho. Ter sido rejeitado significava ser passado a frente, obrigado a viver sozinho. Park Jimin sabia muito bem o que isso significava.

Há dois anos, ao ser rejeitado por seu pai, foi reduzido a um mero objeto quando vendido as mãos sujas de um alfa qualquer. Alfa este que havia reduzido todo o valor que tinha, em uma mera moeda de troca.

Como esse mundo é injusto.

Esse, foi o primeiro pensamento de Jimin, ao abrir seus olhos lentamente. Suas pálpebras pesavam um pouco, no entanto a luz não era forte, mas sim natural e confortável. Sentia-se relaxado como nunca, como se estivesse dormindo em uma nuvem. Na verdade, não uma nuvem, mas sim uma cama de casal imensa com cobertores e travesseiros de cor branca.

Os olhos recém abertos correram pelo teto do ambiente que tinha um ar moderno, com pouca iluminação artificial. Jimin conseguia sentir todo o seu corpo, algumas partes mais doloridas que outras, mas ainda assim era seu corpo. Ao despertar realmente, sua primeira reação foi varrer o quarto com os olhos.

Cores claras, tons neutros em geral. Um quarto cheiroso e muito aconchegante, a temperatura era perfeita e sentia-se em um sonho. A escrivaninha e a mesa de cabeceira deixavam tudo melhor ainda. No outro canto do quarto uma persiana e uma bela janela, quase coberta pela figura de um alfa.

Espera. Um alfa?

Ao notar o corpo diferente parado em frente da janela, seu primeiro instinto foi cobrir-se, como forma de proteção, e quem sabe, estivesse bolando um plano de ataque. Isso até que a silhueta magra virasse completamente em sua direção, revelando o rosto conhecido, do qual tanto havia ouvido falar. Jeon Jungkook parecia uma escultura, ainda mais quando o sol estava batendo justamente naquele rosto quadrado e bem alinhado.

A troca de olhares intensos pouco durou, até que com ar surpreso, o Jeon dirigiu-se até próximo da cama, deixando que sua voz transbordasse pelo quarto todo:

— Até que enfim! Eu comecei a pensar que você não ia acordar. Como você se sente? — uma pausa dramática foi feita na fala que escondia de forma sutil uma preocupação — Eu me chamo Jungkook. Jeon Jungkook. Você está na minha cama e eu não encostei em você em momento algum.

As últimas palavras pareciam apressadas, como se quisesse deixar tudo o mais claro possível para que o ômega entendesse. Jimin achou fofa a forma como um alfa daquele tamanho parecia tão preocupado de repente, mas, seu alívio foi saber que ninguém havia tocado seu corpo, pelo menos, não um alfa.

— Quem me trouxe? — perguntou Jimin, com a voz um pouco carregada pelo sono.

— Ah, bem, foi um ômega puro, vocês provavelmente vão se conhecer mais tarde. Ele te colocou no carro e pra subir até o quarto, um ômega que cuida da segurança que te trouxe. Ambos da minha confiança. — o Jeon soltou uma lufada de ar, analisando toda a situação. — Não precisa se preocupar.

Jimin analisava melhor a situação. A noite passada estava presente apenas como pequenos flashes de memória em sua mente, o que não lhe incomodou nenhum pouco. Em um movimento lento, Jimin sentou-se na cama, observando o rosto um pouco pálido do alfa.

— Eu me chamo Park Jimin. — apresentou-se de jeito formal, querendo transparecer seriedade e confiança, por mais que estivesse confuso. — Muito obrigado por todo cuidado comigo. Posso te pedir um favor?

— Claro. — até um pouco afoito, respondeu Jungkook, que ainda estava em pé aos pés da cama.

— Você pode me explicar como é que eu vim parar aqui?