-

546 36 8
                                    


3:15 da manhã.
Eu estava enfim no meu lugar, com minha galera, mas estranhamente me sentia cansado.
Muito cansado.

Me despedi de todos e fui infinitamente zoado.
Me chamaram de fraco, de otario, disseram que perdi a malícia de ficar até quase de manhã bebendo.
Não me afetei e gargalhando, resolvi ir embora.

Eu estava ficando na minha antiga casa, e enquanto dirigia até lá, começou a tocar uma música que eu ouvi durante um bom tempo.
Que me lembrava alguém que eu não via há tempo.
Yapboz.
Eu podia ouvir a gargalhada enquanto ela balançava os braços cantando a toda.

Cada verso parecia meticulosamente programado.

Kırılan kalp olunca kolay mı onarılmıyor
"Não é fácil reparar quando um coração está partido"

Eu olhei para o lado como se ela ainda estivesse ali.

Yaşadım en güzeli en dibe de vurdum
"Passei por isso e cheguei ao fundo do poço"

Era verdade.
Eu tinha chegado ao fundo do poço.
Não me reconhecia mais.

Esfreguei os olhos.
A verdade era complicada de admitir, até mesmo para mim.

Yüreğim tozlu olan o yolları geçti
Baştan dibe vurmuşsan eğer
Bi de kırılmışsan eğer
Hatalı kim diye sorma o sensen eğer

"Meu coração cruzou aquela estradas empoeiradas.
Se você chegou ao fundo do poço, se você também está quebrado, não me pergunte quem está errado"

É verdade.
Durante esse tempo, todos me culparam, sem ao menos saberem o que aconteceu.

De repente senti um cheiro doce, sexy, único. O cheiro dela.
Olhei para o lado e a vi de vestido branco, o colar com o anel do nosso momento, da nossa viagem, escondido entre os seios. Eu sabia que ele estava ali.
Mexendo as mãozinhas.
Balançando a cabeça.
No rosto trazia o sorriso mais lindo que eu já vi.

Esfreguei meus olhos mais uma vez e de repente, vi tudo girar.

O cheiro não era mais o dela, era um cheiro de queimado.
O sorriso do seu rosto se desfez e de repente ela não estava mais ali.

Lembrei de quando meus pais se separaram.
De quando fiz o intercâmbio na Itália.
De quando me formei.
Lembrei também da minha primeira dizi.
De meus amigos.
Dela.
De quando nos deixamos.

Minha vida inteira passou na minha frente em menos de 15 segundos.

Com o coração batendo a mil, abri a porta do carro com certa dificuldade e olhando ao redor, me dei conta do que tinha acontecido.

Havia nevado mais cedo a pista estava escorregadia.
Meu carro estava com a frente acabada e contra a mureta.

Do outro lado da pista, o carro que provavelmente bati, capotado.

Passei a mão pelo rosto e vi que sangrava, mas ignorei e corri o outro carro.
Perdi a cor, senti meu mundo desabar quando olhei a pessoa ao volante.
Eu reconheceria aquele rosto mesmo no meio de 1000 pessoas.

-Demet, acorda. Demet!
Eu tirei o cabelo de seu rosto, que estava repleto de sangue.

Lágrimas escorriam pelo meu rosto sem controle algum.

Tateei o bolso da calça, em busca do celular e liguei para o serviço de emergência.

Fui orientado a não mexer nela para não piorar a situação e que em 10 minutos eles estariam ali.

Sentei no chão, abraçando minhas pernas, chorando descontroladamente.

Era possível alguém se meter em tanta merda?

Keşke - Especial D'Birthday 2Where stories live. Discover now