Fazia dois meses que a aventura de Draken e Aelyn tinha iniciado. Apesar de terem um mapa para o templo do sol em Valysha, os dois ainda estavam perdidos. Enquanto caminhavam no que parecia ser um grande círculo, Draken aproveitava essas brechas para aprender um pouco mais sobre lendas, criaturas místicas e claro, sobre os Deuses, já que ergueria a Espada do Sol da Deusa Ayhan e não tinha ideia se algo aconteceria a ele, se ganharia poderes e se tornaria inigualavelmente forte. Ele gostava de ler. Acabava fascinado nas novas descobertas e quanto mais lia, mais parecia que não sabia nada.
— Aqui diz que os minotauros possuem fraqueza nas pernas.
— Ele não é um minotauro, é um metamorfo classe quatro. — Aelyn respondeu-o. — Você tem que pensar nele e matá-lo pelo que é!
— Mas ignorarei que tem cascos e chifres enormes?
— Nem encontramos o templo do sol ainda! Odeio admitir, mas talvez esse mapa seja falso.
— É, a julgar pelo fato de que estamos andando em círculos há dois dias, talvez realmente seja. — reclamou sentando-se em uma pedra. — Não se certificou de que era verdadeiro antes de nos enfurnar na floresta?
— Se alguém encontrou o templo, nunca voltou para contar a história.
— É? Que inspirador. — bebeu água e encarou o livro que lia, lembrando-se de uma coisa. — Já ouviu a história de que Ayhan foi criada para transmitir a luz de Guerenon?
— Já, a Deusa do Sol, não é? Por quê?
— Me dê sua espada.
Draken puxou Estrela Brilhante e subiu em uma árvore. Depois que encontrou o sol, levantou a espada deixando que fosse iluminada por ele. Ergueu o mais alto que podia e uma pequena fresta brilhante no cabo da lâmina, iluminou-se fazendo a espada mostrar um caminho.
— Temos que ir para leste. — pulou no chão, caindo em pé na frente da moça e a encarou.
— Como... — Aelyn lhe olhava impressionada. — Você só leu alguns livros.
— Gosto dos detalhes. — sorriu devolvendo a espada a ela. — Vamos, deve dar umas duas horas de caminhada. — pegou suas coisas, as dela e voltaram a andar.
Aelyn havia criado tremenda feição por seu companheiro de aventuras. Nunca tinha passado tanto tempo ao lado de um rapaz tão bonito e gentil. Na maioria das vezes os homens não lhe levavam a sério por ser uma garota e ser tão nova, mas Draken era diferente. Ele lhe via como ela realmente queria ser vista, uma ótima caçadora e claro que ela acabou desenvolvendo sentimentos por ele, uma espécie de amor platônico que provavelmente não seria correspondido, já que o ferreiro de Belioz tinha dado a entender algumas vezes que não a via do mesmo jeito e a diferença de idade não colaborava muito.
— Se lembra do que disse, sobre o metamorfo? — Aelyn puxou assunto.
— Tentar matá-lo antes que se transforme, mas e se já estiver transformado?
— Teremos que contar com a sorte, não é?
Depois de duas horas ou mais chegaram em um local coberto por uma parede espessa de videiras. Lá estava o templo, quase no meio da floresta, cujo esplendor ocultou-se por trepadeiras e cipós. Além disso, uma grama verde invadia as frestas entre os tijolos do chão, feitos de ouro maciço, e ajudava tudo a se esconder muito bem. As portas estavam escancaradas, inclusive uma delas parecia quebrada ao meio e metade dela dobrava-se encostando no chão. A outra entreaberta, não tinha danos, mas ambas davam a entender que foram arrombadas há anos por alguma coisa terrivelmente grande.
Havia um cheiro de animal sujo pairando no ar, às vezes mascarado por odor de sangue cozinhando e o barulho de algo que borbulhava, como uma panela no fogo. Tomaram coragem então, já sabiam o que supostamente esperar daquele lugar e não tinham mais motivos para evitá-lo.
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A Hierarquia das Lâminas
FantasiaMilhares de anos atrás, Deuses, reis e criaturas da noite, viviam em Velkhan como se não houvesse lei. A guerra dos 900 dias pôs fim à anarquia instaurada, mas em consequência Deuses, que antes governavam as cinco cidades, foram mortos ou fugiram pa...