Sacrifícios

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Janeiro de 2018

Desde que nos conhecemos, no meu teste em 2013, nunca havia visto o Sam tão irritado quanto estava agora. Na verdade, com a calma que aquele homem tinha, sempre o vi como a própria personificação da paciência. Esse lado mais estressado, de ficar criticando o que não concordava, enquanto usava todo o repertório de palavras baixas possíveis, costumava ser meu. Inclusive, esse era um dos motivos pelos quais ele costumava rir bastante de mim, principalmente durante as manhãs, quando eu reclamava diariamente dos atrasos para gravações. "Eu já estou aqui, não estou?", ele dizia, olhando fixamente para os meus olhos e beijando suavemente minha boca. Confesso que o olhar e aqueles lábios conseguiam desestabilizar rapidamente toda minha raiva, mas eu tentava disfarçar. Meu lado competitivo não me permitia demonstrar ter sido vencida assim tão rápido. "Espero que isso não se repita, Sr. Heughan", dizia com o rosto levemente marcado por uma expressão séria, que ele já conhecia bem. E no outro dia, lá estávamos nós repetindo tudo de novo.

Porém, com a turbulência em que havia se transformado nossa vida desde que resolvemos manter nosso relacionamento fora das câmeras, era totalmente compreensível a irritação que Sam e eu estávamos sentindo agora.

- Droga! Eu sei do contrato, de todo esse protocolo que a gente tem que cumprir. Estou fazendo minha parte, não estou? Você também tá fazendo a sua, até mais do que deveríamos! Já basta me obrigarem a ver você desfilando com outro homem, aparecendo nas fotos como namorada de outro. Dói, mas ok, eu entendo, já aceitei que deve ser assim. Agora, não me deixarem participar da sua premiação no Globo de Ouro, aí é demais! Quem eles pensam que são pra se acharem no direito de controlar a vida dos outros assim?

Ele falava quase gritando, enquanto jogava suas coisas furiosamente dentro da mala. Faltavam apenas três horas para o vôo, que faria sozinho, de LA para Escócia. Eu tentava controlar minha própria raiva para que ele não se sentisse ainda pior. Na realidade, estava preocupada com o Sam viajando tão estressado e com as consequências que isso poderia ter. Faria qualquer coisa para tentar amenizar a dor que ele sentia por não estar ao meu lado durante a premiação, nem que para isso eu precisasse disfarçar minha própria dor.

- Sam, querido, eu entendo sua frustração. Também gostaria muito que você estivesse lá comigo, você sabe disso. Mas eles são nossos chefes. Se a série precisa disso para continuar, é o que devemos fazer! Por favor, tente ficar calmo. Eu já estou ficando preocupada por saber que você vai viajar nessas condições. Premiação nenhuma nesse mundo é mais importante do que a sua saúde pra mim. Sabe disso, né? - Disse com a voz mais calma que consegui forçar.

Como se a minha fala tivesse, finalmente, o chamado de volta à realidade, ele colocou a mala no chão, pegou nos meus braços, nas minhas mãos, respirou fundo e disse:

-Eu sei, lovely. Desculpa tá causando esse estresse em você um dia antes do evento.

Beijou minha testa e me abraçou.

- Poxa, eu sonhei tanto com esse dia. Torço tanto por você, meu amor. Só queria estar contigo amanhã.

-Eu sei, meu bem - disse, tentando conter minhas próprias lágrimas, porque sim, eu também queria e precisava muito do apoio dele ao meu lado na premiação - Mas você vai estar comigo. Você está comigo o tempo inteiro, mesmo quando fisicamente estamos a um mar de distância. Eu te amo tanto!

- Eu também te amo, Cait - ele disse lacrimejando e olhando nos meus olhos, como costumava fazer - Eu te amo, como nunca pensei fosse possível sentir isso por alguém um dia. Faço qualquer coisa pra te proteger, para proteger nossa relação desse mundo. Desculpa de novo, vou tentar ter mais paciência, ainda vamos dar um jeito nisso. Eu te prometo!

Concordei levemente com a cabeça. Beijou meus lábios e finalmente me permiti chorar. Ficamos abraçados alguns minutos. Ele começou a beijar meu rosto com delicadeza, no local onde as lágrimas caiam, como se estivesse tentando enxugá-las. Parou os lábios nos meus olhos, que estavam fechados, fazendo meu coração acelerar e, ao mesmo tempo, permitindo que me sentisse segura e completa, dissipando todo o mal-estar que as últimas notícias tinham causado em mim. Inclinei a cabeça para que ele alcançasse minha boca e senti sua língua molhada encontrando a minha. Como era possível? Ele ainda estava ali, me tocando, mas já sentia tanta falta! Eu o queria por completo, não podia ser diferente, não podia deixá-lo partir sem sentir que aquele homem de 1,90m era meu, assim como eu também era completamente dele.

O beijo tornou-se mais intenso; nossas bocas tinham fome uma da outra, enquanto nossos braços pareciam desesperados por unir o corpo do outro a si. Abri o botão de sua calça e senti, pela rigidez, o quanto me queria. Meu corpo todo latejava e percebi o espaço entre minhas pernas molhado, gritando por ele.

Tirou minha roupa com rapidez, afastei um pouco o quadril e, de uma única vez, ele fez nossos desejos se unirem, ainda em pé e sem desgrudarmos da boca um do outro. Queria gritar, mas a língua dele impedia que minha voz saisse; podia sentir o grito dele sufocado em sua garganta também. Ele me pressionou contra a parede e seus movimentos continuaram repetidos, tentando entrar cada vez mais fundo dentro de mim. Na última estocada, finalmente gritamos juntos e deixamos nossos corpos relaxarem nos braços um do outro.


Eu estou aqui

Sam chegou em Glasglow e a primeira coisa que fez foi me ligar de vídeo para que eu pudesse ver a Eddie. Poucos dias longe de casa e já sentia uma saudade absurda daquela gata (risos). Nos falamos por um tempo e avisei que iria desligar, pois precisava começar os longos preparativos para aquela noite.

- OK, meu amor. Enquanto você se prepara, vou aproveitar para dormir, esse jet jag acaba comigo e não quero perder nenhum momento da premiação de hoje, mesmo que seja pela televisão - falou, visivelmente chateado. - Ah, quando desligar a chamada, abre a segunda gaveta daquela cômoda que eu estava usando aí no quarto, por favor. Acho que esqueci uma caixa minha lá.

- Não duvido que tenha esquecido, é sua cara fazer isso! Eu vou olhar- disse com um pouco de ironia - Um beijo, querido. E não se preocupe, você vai acompanhar pela televisão, mas ainda vai ser a primeira pessoa a me ver vestida - Falei em tom provocativo.

- Huum, acho que essa é a primeira vez que eu vou preferir ver você usando uma roupa.

- Safado!

Sorri brevemente, fingindo desdém, e desliguei a chamada, enquanto ele ria de mim. Já ia para o banheiro iniciar o banho, quando me lembrei de olhar na gaveta o que o Sam, mais uma vez, poderia ter esquecido em um hotel mundo afora. Se não fosse por mim, acho que já teríamos perdido metade de nossas coisas nessas viagens por aí. No entanto, aquele escocês sabia mesmo me surpreender! Dentro da gaveta tinha uma pequena caixa de veludo com um laço dourado, acompanhada de um cartão, onde estava escrito, com a letra dele: Para Cait, meu amor.


Sam & EuOnde histórias criam vida. Descubra agora