Meu precioso mapa engarrafado
Bordas cujo o próprio tempo veio tocar
Estaria eu perdido, há muito já afogado
Sem você pra me guiar?Com sua própria consciência
Mapa há muito ao meu lado
Na época, não houve resistência
Sinto tê-lo aprisionado
Mas me parecia profunda ciência
Embora perdesse sua livre essência
O manteria em perfeito estadoMas minha bússola se partiu
E o norte se tornou mistério
Cada mínima luz, do céu, sumiu
Não me revelam mais o hemisférioJá não vejo horizontes
Talvez o sol já não veja o mar
Silêncio atrás dos montes
Montes de tristeza, dor e pesar
Se ao menos secassem as fontes
Se ao menos secassem...esse marMeu decrépito mapa engarrafado
Me perdoe, achei que seguro estaria
Nessa garrafa, preso, enclausurado
Existência solitária e fria;
Não humano
Deixado de lado
Foi engano
Colocá-lo
Nessa cela tão vazia?O momento que tanto temia
Talvez esteja bem perto;
Quando abrirei essa cela antes vazia
E falareis
Até talvez
Em tons de ousadia
"Mais uma vez...Liberto!"
Mas será que toda essa euforia
Efeitos da leitura tardia
Não o despedaçaria
Por completo?Mapa, terei que te libertar?
Não terás benevolência?
Não vais uma garantia me dar?
E se a prisão virar...ausência?Repenso hoje, sua assistência
E sua ajuda, que deixa a desejar
Meu mapa de própria consciência
Vou meu tesouro encontar?...