Era uma tarde quente do começo do verão quando nós nos conhecemos. Lembro que eu estava com uma camisa desabotoada, de bermuda e conversando com meus amigos, enquanto você estava - muito bonito - na beira da piscina apenas de calção, com uma cerveja na mão e com um óculos de sol que escondiam suas órbitas azuis. Estávamos no nosso penúltimo ano e fazíamos várias matérias juntos, mas apenas fizemos a questão de nos apresentar na festa que encerrava o semestre.
A nossa conexão foi rápida e foi feita graças a um amigo em comum, que acreditava que nos daríamos bem. - por um bom tempo eu agradeci muito a ele, você não tem ideia. E ele estava certo.
Durante um verão inteiro, nós colocamos os nossos pés na areia - mesmo eu odiando a praia - e falávamos quais eram os nossos maiores sonhos como se nos conhecêssemos à tempos, além de simplesmente viver como se todos os dias fossem os nossos últimos.
Naqueles três meses, me senti livre e essa sensação era incrível. Mas ao mesmo tempo, era claro, meu coração queria tomar cena. O problema era que eu não sabia exatamente o que estava sentindo, tudo para mim era muito novo. Havia ficado com algumas garotas até aquele momento, mas nenhuma me fez sentir do mesmo jeito que você fazia. E eu escondi isso.
O meu medo de você sumir quando as aulas voltassem, desapareceu no momento em que você disse que viria me buscar todos os dias em casa, para irmos à escola juntos. E meu motivo de ficar bem humorado logo cedo, era exatamente esse. Nós íamos ouvindo Catfish and the Bottleman, Queen e Kings of Leon praticamente o caminho inteiro. Seu gosto musical era de outro mundo e até hoje eu ouço as mesmas músicas para me lembrar da sensação que era estar ao seu lado todas as manhãs de segunda a sexta.
Quando o tédio ou o estresse aparecia, íamos ao campo de futebol a noite, e ficávamos apenas admirando as estrelas - o que não se comparava nada ao universo que eu conseguia ver no seu olhar. As vezes nós levávamos um violão e cantávamos músicas que gostávamos.
Em uma daquelas noites, escrevi e cantei uma para você - mas você nunca soube que era o motivo da tamanha paixão que eu coloquei naqueles versos. Naquela madrugada em específico, você pegou algumas garrafas de licor do armário de bebidas da sua mãe - com o argumento que ela não deveria beber tudo aquilo sozinha - e fomos para o telhado da sua casa. Estávamos apenas nós dois, nos embebedando e aproveitando o céu estrelado. Se não fosse pelo meu subconsciente ainda um pouco sóbrio, eu teria te beijado. Era tudo o que eu mais queria, mas, como você reagiria? Nós nos conhecíamos fazia pouco tempo e mesmo com os nossos laços fortes, sabia que um deslize faria tudo aquilo desmoronar. E eu não queria. Até você tocar em um assunto que, na época, era o que tirava o meu sono.
- Harold, como você se imagina daqui cinco anos?
Odiava ser chamado de Harold, mas você fazia esse nome soar bem. E eu gostava disso.
Demorei um pouco para entender a pergunta, e quando me dei conta, você estava me encarando. Suas pupilas tomando conta do azul dos seus olhos devido à bebida. Eu poderia perder o controle a qualquer momento.
- Não sei. Talvez cantando ou fotografando pelo mundo? Que pergunta difícil. - respondi. - E você?
- Também não sei. Acho legal só viver e saber o que a vida vai nos trazer, sabe? Não ter medo de arriscar ou ficar questionando no que as pessoas irão falar ou pensar. A vida é muito curta pra isso.
Pensei no que você tinha dito e aquilo era verdade. Por exemplo, eu poderia ter tido a iniciativa de te beijar ou de ter confessado tudo a você naquela noite. Mas apenas me deitei e fechei meus olhos. O que custava jogar tudo para o alto e seguir meu coração?
...
Seu aniversário havia chegado. Era inverno e a neve caia com força do lado de fora da sua casa. Estávamos com a sua família na mesa de jantar, quando sua mãe fez o melhor brinde que eu havia ouvido na minha vida toda. Era legal saber como seus familiares me acolheram tão bem, e como eles, em pouco tempo, tornaram-se a minha família também.
VOCÊ ESTÁ LENDO
the one that got away - L.S oneshot
Fanfic"- Harold, como você se imagina daqui cinco anos? [...] - Não sei. Talvez cantando ou fotografando pelo mundo? Que pergunta difícil. - respondi. - E você? - Também não sei. Acho legal só viver e saber o que a vida vai nos trazer, sabe? Não ter medo...