Por Vinicius Sousa
É sobre a minha quietude. Sobre meus gritos e sussurros, sobre o que as paredes do meu quarto e minha alma já ouviram. As histórias que meu colchão conta para minhas memórias até que eu durma. Os ninares cadenciados de quem sonha acordado, as homéricas de um escritor onírico, ouvinte etéreo de um universo mudo.
Também é sobre meu rugido. Sobre o que o ar da noite já experimentou, sobre minha ira e meu poder. Sobre o que a atmosfera do universo acima observou, sobre como eu, pó de estrela e barro quente, metal fervente, entoo meus gritos de guerra contra um inimigo improvável e invisível.
É sobre a música que eu toco no tambor do meu coração, nas suas cordas e tensões, no dedilhar suave de meus dedos, arrancando simples sinfonias, contando histórias sonoras de aventuras em notas.
É sobre o ritmo dos meus dedos no colchão, os fones isolando minha essência em um consoante singular, minha alma vibrando a sonora onda da canção que me toca o íntimo, desperta meu vulcão e ressignifica. Transforma. Arte encarnada que sangra meus tímpanos de vidro, que reconstrói um espírito de aço.
É sobre meu nome. Repetidas vezes. Suplicado, gemido e gritado. Sobre meu nome-oração, meu nome-maldição. Sobre tua voz usando o meu nome como música e profecia, como o melhor dos sons. É sobre ouvir a melodia que teu suor faz no meu corpo. Sobre como nossos corpos compõem uma orquestra.
Sobre ouvir.
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Sensações
PoetryUma viagem pelo corpo na visão de duas almas. Um rito de passagem por cada Sentido, cada nuance do sentir, cada distinção da sensação. Da Audição ao Tato, uma jornada que todos fazemos. Só não sentimos. Perfil da alma parceira: https://www.wattpad...