Num dia perfeito

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O dia tinha começado normalmente, como muitos outros. Embora, para Bilbo, andar na carruagem dourada de Thorin – somente em sua companhia – fosse inusitado.

–Pra onde estamos indo? – inquire, numa mistura de curiosidade e ansiedade.

–Calma, pequeno. É uma surpresa.

–Surpresa...? Que tipo de surpresa?

–Do tipo que, se eu contar, deixa de ser surpresa. – o dwarf responde, sorrindo ladino.

O loiro fica encabulado pela última pergunta que fez.

Thorin por sua vez parecia mais contente do que o usual.

–E por que Kili não está conosco?

–Ele tinha de resolver uns negócios... E além de que a surpresa é pra você e não pra ele. - o moreno retruca, sem muitas explicações.

O hobbit parece ficar cada vez mais ansioso pelo suspense que o dwarf faz e se aborrece.

–Thorin... Depois de tudo pelo que passamos juntos e por todas as vezes em que lhe salvei a vida... Você deveria me mostrar algum respeito. Exijo que me diga o que está acontecendo!

–Por Thráin, como estamos impacientes hoje. Pronto! Já chegamos... Hobbit ansioso! – o moreno diz, sorrindo sincero.

Na frente do rei de Erebor e do hobbit de Shire desponta um belíssimo parque repleto de árvores em flor.

Os olhos de Bilbo se enchem.

–Que lindo! Que lugar maravilhoso é esse, Thorin?

–Essa ainda não é a surpresa.

Dwarf e hobbit descem da carruagem. O moreno vai até a parte de trás da mesma e retira de lá uma enorme cesta de vime, coberta por uma toalha xadrez, vermelha e azul.

–Venha, pequeno! Hoje é nosso dia! Vamos fazer um piquenique.

O Bolseiro sorri, mesmo sem saber muito bem o motivo daquele piquenique.

Os dois andam um pouco até chegar ao local escolhido pelo rei, um dia antes – já sabendo das preferências de seu hobbit favorito.

–Cerejeiras, Oakenshield! – o loiro exclama, alegremente. 

–Adoro cerejeiras em flor... – saindo em disparada, vai direto ao meio das árvores – que deixaram cair suavemente algumas pétalas de flores em seu rosto. 

O hobbit sorri e dá piruetas no ar, como se estivesse flutuando de tanta felicidade.

Thorin apenas observa o contentamento do Bolseiro. Fazia tempo que eles não tinham um dia de folga tão perfeito quanto aquele. Alias, folga é o que os dois menos tinham em sua atribulada agenda de aventuras.

Bilbo volta correndo em direção a Thorin e o abraça tão afoito que se pôde ouvir nitidamente o estalar dos ossos do dwarf.

–Hey pequeno... Desse jeito você acaba comigo antes de começarmos o piquenique. – o moreno diz, brincando.

O hobbit de Shire o solta na hora, se envergonhando da atitude que acabara de ter.

–Por sua reação posso afirmar com segurança que você gostou... - Thorin diz, tentando reverter o encabulamento de Bilbo

–Oh, Thorin...! Essa é a melhor surpresa que eu já tive em toda minha existência...!

–Mas essa ainda não é a surpresa. - o moreno dita uma vez mais.

Bilbo meneia sua cabeça para o lado em sua famosa pose de desentendimento.

Oakenshield larga ao chão tudo o que carregava e pega delicadamente a mão do hobbit, conduzindo-o a um gazebo que se dispunha bem no meio das cerejeiras. Chegando lá, posiciona-o em sua frente. Retira uma caixinha de veludo vermelho do bolso de seu manto de pele e a abre.

O rei de Erebor ajoelha-se aos pés do Bolseiro e diz, com um sorriso resplandecente: 

–Bilbo Bolseiro de Shire... Eu, Thorin II Oakenshield, o rei sob a montanha... Ficaria extremamente feliz se me desse a honra de ter sua mão em casamento aceitando essa aliança. – pegando uma das alianças do par – a menor – e oferecendo ao hobbit.

Bilbo – que nunca tinha vivenciado esse tipo situação – se põe a chorar.

–Sim... – afirma, categoricamente. 

–É claro que sim! É tudo que mais quero...

Thorin se levanta, pega a mão de Bilbo, coloca-lhe a aliança e faz o mesmo com a sua.

O loiro, com lágrimas nos olhos, encara seu dwarf ansiosamente.

"Se mais de nós dessem mais valor à comida, bebida, música e pequenos como você, do que a tesouros, o mundo seria mais alegre." – Thorin afirma.

O que vem a seguir é um dos beijos mais esperados de suas vidas. O beijo de duas almas que se encontraram em adversidade e as quais palavras não queriam significar somente palavras.

fin

Não só palavras - ThilboOnde histórias criam vida. Descubra agora