1.FÉRIAS

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Após levar um tiro que quase lhe custou a vida, Rafael conseguiu recuperar as aulas perdidas e com a ajuda dos amigos e professores finalizou o semestre na faculdade. Posteriormente a esse episódio ele e Jhenny ficaram cada vez mais próximos, fosse pelo fato dela ter salvo a sua vida abraçando-lhe e levando o segundo tiro que teria sido fatal, ou por ela ser incrivelmente parecida com sua irmã falecida, ambos desenvolveram um sentimento indescritível de amizade e cumplicidade.

Quando Rafael apresentou Jhenny para sua família e em especial para sua mãe, ele tinha o objetivo de fazê-la sentir-se mais perto de sua irmã, da mesma forma que ele se sentia quando Jhenny estava por perto. Clarisse nunca superou a perda da filha, passou a sofrer com depressão e por vezes ter delírios pensando estar vendo-a, até que para a surpresa de todos, ela decidiu abrir o quarto intocado de Clara que permanecia exatamente como era desde o dia que a menina se foi.

Clarisse nunca permitiu que as coisas fossem retiradas do lugar, objetos, roupas, tudo que pertencia a Clara permanecia da mesma forma, seu cheiro ainda parecia estar presente e o quarto era aberto apenas para limpeza e troca das roupas de cama.

- Mãe? - Rafael entrou no quarto e viu a mãe segurando um porta-retratos com a foto da irmã. - Bateu saudade?

- Sempre! - Ela respondeu com lágrimas nos olhos, mas de forma serena.

Rafael se surpreendeu com a calma da mãe, e entrou no quarto também sentindo o coração apertado, enquanto mexia em algumas coisas.

- Lembro de quando ela me fazia dormir aqui, quando tinha pesadelos. - Ele disse sorrindo.

Clarisse olhou para ele, abraçada ao porta-retratos.

- Filho, quando você viu ela durante o coma, ela estava bem? Parecia feliz?

- Sorridente como sempre, a voz doce e o jeitinho meigo de falar, o rosto corado e os cabelos compridos como eram antes do câncer.

- Sabe, eu andei pensando...

- Em que mãe? - Rafael perguntou curioso.

- Esse quarto... Jhenny tem vindo com frequência aqui, ela pode ocupar ele quando vier, e você pode dar para ela tudo que era da Clara, se ela quiser.

- O que?

Rafael olhava para a mãe sem crer no que estava ouvindo, ela nunca havia permitido que ninguém mexesse no quarto.

- Tem certeza?

- Sim, absoluta! Vai ser bom ter esse quarto ocupado, e percebi que você e Jhenny tem uma ligação muito forte. Assim, sempre que ela quiser vir terá o próprio quarto!

Rafael observou a mãe por um tempo ainda incrédulo, ele olhou ao redor por um tempo e se emocionou, porém estava preocupado sem ter certeza se sua mãe estava em sã consciência ou tendo um de seus delírios, mas ela parecia perfeitamente tranquila.

- Vou falar com ela!

Ele se apressou em ligar para Jhenny.

- Oi Rafinha! - Jhenny atendeu animada com a ligação.

- Oi gatinha! Como você está?

- Bem e você?

- Também, você está em casa?

- Sim, esperando o Cris, ele disse que vinha me buscar, já deve estar chegando. Por que?

- Queria que você viesse aqui em casa, vocês vão sair?

- Não combinamos nada, eu ia pra casa dele. Vou pedir pra gente passar aí, mas aconteceu alguma coisa?

- Sim, algo estranho, mas nada de ruim.

O destino dita as regras II - Dois coraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora