Histórias Para Não Dormir No Escuro

Rainha do Baile

Me chamo Paola, e isso aconteceu a algumas semanas antes de terminar as aulas, me lembro nitidamente de cada detalhe. Isso ainda me assombra.

Estava na aula como sempre, sentava ao lado de Amy, uma garota considerada estranha por toda a sala. Ela sofria todo tipo de bullying pelos colegas da sala. Isso me incomodava, mas não me metia, ou ia ser a próxima vítima.

Esse dia em especifico, algumas meninas populares da sala viraram uma lata de lixo na cabeça da garota, todos riram e ela saiu correndo da sala, depois disso ela ficou sem aparecer na escola por duas semanas seguidas.

Quando voltou para a sala ela estava diferente, ela não estava transformada igual filmes clichês adolescentes, ela estava mais "brilhante", tinha algo especial nela que fazia todos a olharem, perceber sua presença, coisa que nunca aconteceu.

Depois desse dia ela se tornou uma garota cheia de amigos, popular, todos queriam um pedaço de Amy. Era bizarro observar como ela era tratada por todos.

Na semana do baile estava acontecendo as eleições para a rainha e rei do baile, todo mundo fazendo cartazes, broches e até cupcakes. Amy não fez nenhuma campanha, apenas se candidatou. Ela andava por toda a escola como se já tivesse ganho, e fosse a rainha.

No dia, todos estavam com seus pares e bebendo ponche com seus vestidos rodantes, Amy chegou com seu par, o cara gostoso do time de futebol, os olhares se fixaram neles, era como cinderela e seu príncipe.

Certa hora da noite fui até o banheiro pois havia bebido muito ponche, entrei na cabine e ouvi a porta bater, passos pesados no chão e uma voz brava dizendo "pare, não aguento mais! sai da minha cabeça, hoje não!." Então ouvi barulho de vidro quebrando e então a porta batendo novamente. Fiquei assustada e olhei por baixo da porta, não havia ninguém, sai da cabine, o espelho estava em pedaços, alguém havia o socado. Lavei minhas mãos correndo e voltei ao baile a procura de minha amiga Cindy para lhe contar o que havia acontecido.

Quando encontrei Cindy ela estava ajudando Amy, havia algumas pessoas em volta, perguntei o que tinha acontecido e me contaram que Amy machucou a mão. Amy abriu um sorriso, disse que estava bem e todos podiam voltar para a pista de dança. Aquela noite fiquei calada, não contei o que tinha ouvido e visto pra ninguém, algo estava errado com Amy.

Era 23h57 quando coroaram o rei e a rainha do baile, fiquei chocada que Amy tinha vencido, todas as meninas fizeram um grande trabalho e se esforçaram ao máximo para ganhar, enquanto Amy só passeava e se exibia pelo colégio.

Os dois subiram ao palco e Amy foi fazer seu discurso, disse que estava agradecida por todos que votaram nela e muito blá blá blá, no meio de seu discurso ela congelou, deixou seu buque cair e ficou com os olhos arregalados olhando para a porta do ginásio, deu uns passos para trás, como se estivesse com medo de algo. Ela gritava pedindo ajuda, pedindo para prenderem eles, ela implorava por ajuda. Ninguém estava entendendo nada, e ela correu para fora do ginásio desesperada. Todo mundo sem saber o que estava acontecendo a seguiu para fora, e eu não fui diferente.

Todos corremos para fora, mas ela não estava mais lá, ouvimos um grito vindo da parte principal da escola. Amy estava jogada, morta, como se estivesse sido morta por um animal, suas roupas rasgadas e a garota completamente ensanguentada.

No outro dia, me ofereci para retirar as coisas dela do armário, estava colocando tudo em uma caixa, quando um livro preto me chamou a atenção. A capa tinha apenas um olho desenhado, abri e lá havia muitas imagens com frases esquisitas. Peguei o livro e pesquisei sobre, era um livro de bruxaria, de rituais. Amy havia feito um ritual, por isso todo seu brilho da noite para o dia. 

Eu também queria meu brilho, agora são 23h50, essa é a ultima coisa que vão ver sobre mim, consigo ouvir os cães do inferno uivando, os cães negros me esperam.

-Nunca vão apagar meu brilho, Paola Winter.