Mamãe, eu não quero dormir no escuro.

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Meu filho me acordava toda noite ás 3h da manhã dizendo que ouvia seu nome sendo chamado, dizia que era a voz de um homem que o chamava de dentro do banheiro.

Eu precisava acordar todo dia cedo para fazer o café, ir leva-lo ao colégio e ir para o trabalho, mas como ficava morrendo de dó dele por ficar tão assustado

eu deitava ao teu lado na cama e quando ele pegava no sono voltava para meu quarto.

Certa vez, eu estava muito cansada e resolvi deixar ele dormir sozinho, afinal de contas, era apenas coisa da cabeça dele.

Coloquei um abajur em seu quarto com uma luz azul que o acalmava, dei seu beijo de boa noite e fui me deitar.

Acordei no outro dia totalmente descansada, não dormia tão bem a tempos, e me surpreendi quando vi meu filho todo arrumado para ir a escola e de pé tão cedo.

Afinal, ele tinha dormido sozinho e estava com uma cara super alegre e todo animado para ir para a escola. Eu assustei, Dilan sempre acordava com cara de cansado, até parecia que não conseguia descansar a noite. Mas estava feliz por ver que meu filho estava bem e não precisava mais de mim para dormir.

No dia seguinte ainda não reconhecia meu filho, ele estava cheio de vida, super alegre e até dormiu no escuro.

Percebi que ele não reclamou da voz que chamava teu nome, queria perguntar sobre mas ele estava tão bem que fiquei com medo de voltar a ter esses pesadelos.

Na noite seguinte eu acordei as 3h da manhã com um choro de criança, parecia muito o choro do Dilan, então resolvi ir lá ver se ele estava bem.

Fui até a porta e acendi a luz para ver se ele estava bem, mas o choro continuou, fui até ele e perguntei se estava tudo bem. Ele estava virado de costas para mim

e disse que estava ouvindo alguém chorar dentro de seu armário, então pensei que ele estava dizendo isso por vergonha de chorar na minha frente pelo medo do escuro.

Fui até a porta do armário e abri, lá estava meu filho, encolhido e chorando.

Ele disse que ouviu alguém o chamando e aquela voz estava tão perto dele, que ele saiu correndo e se escondeu no armário, e já estava lá todo esse tempo.

Entrei totalmente em choque, peguei sua mão e saímos daquela casa correndo, nunca mais voltei.

Me lembro de entrar no táxi e dar a última olhada na casa com meu filho chorando em meus braços, e quando olhei para a janela de seu quarto, lá estava ele, na escuridão, com seus olhos brancos e brilhantes.

E essa foi a última vez que eu vi aquilo.

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