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— Qual foi a dessa cara feia? — Márcia perguntou se aproximando de Eric com uma copinho plástico de café para ele, que até então estava concentrado em alguns papéis na sua mesa, o que a policial estranhou já que não viu Ivo passar tanta coisa para ele.

— Estou tentando achar algo que incrimine a construtora desse homem. — Colocou a foto do rapaz bem arrumado em destaque na mesa para que a colega pudesse ver e ela apenas fez uma careta. — A Gabi está preocupada com as pessoas da vila, sabe? Moram lá desde sempre.

— Imagino que sim, se tiver algo que eu possa fazer para ajudar pode contar comigo, ok?

— Claro, obrigado por isso. — O homem sorriu grato e logo voltou sua atenção devida ao que tinha em frente em conjunto com seu trabalho de verdade.

Márcia se sentou novamente em sua mesa bebericando por vezes o café quente e organizando todo o trabalho que tinha fora de campo. Por estarem na época de São João, a cidade logo encheria de pessoas soltando balões e por mais que ilegal que fosse, muita gente parecia se divertir infringindo a lei e botando em risco as florestas e as vezes a própria cidade, por isso gostava de deixar tudo organizado para caso precisasse estar saindo do departamento nessas situações.

Ainda que cansada, o tempo não custou a passar e logo já estava no fim de seu expediente, por ter ido dormir tarde estava imaginando o momento que teria o tempo devido para descansar. Portanto só conseguiu agradecer aos céus quando finalmente se despediu dos colegas e saiu rumo a sua casa.

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— Inês? — Tutu bateu duas vezes na porta antes de a abrir encontrando a Cuca bebericando o chá de forma calma. Ela arqueou uma sobrancelha quando o viu. — Aquela moça veio aqui ontem querendo falar com você, não a deixei entrar por causa de Manaus, o que ele queria?

— Disse que precisava falar sério comigo e no final das contas não falou nada, tivesse a deixado entrar, minha noite teria sido um pouco melhor. — Ela massageou a têmpora com a mão esquerda, o homem enorme se sentiu-se culpado por a atrapalhar pela segunda vez.

— Vá até ela. Você sabe onde ela mora...

— Como se fosse fácil. Que desculpa vou usar caso ela pergunte como eu descobri onde ela mora?

— "Sabe a Cuca? Sou eu. Monteiro Lobato que nunca soube atingir minha essência."— Ao ver a careta dela ele sorriu e se aproximou dela tirando o chá de suas mãos em um movimento extremamente perigoso quando se tratava da bruxa. — Vá, e se ela perguntar diga que tem o contato de uma das amigas que esteve aqui com ela. Foi só perguntar.

— Acha que ela vai acreditar mesmo?

— Se ela não comprar temos sempre a primeira explicação. — Ele debochou e ela o bateu no ombro o repreendendo.

— Então acho que vou até ela, se Camilla perguntar...

— Você foi até a vila buscar algumas ervas com o Ciço. — Ela sorriu agradecida por ele a conhecer tão bem. Tutu era quase como um filho para ela e seu braço direito em 90% do tempo. Assim, num piscar de olhos a bruxa desapareceu diante os olhos do mais alto.

Tutu no geral gostava quando a mulher se relacionava com alguém, parecia ficar em todos os aspectos mais leve, mesmo que perigoso se afeiçoar aos humanos, ele não imaginava que seria um problema para Inês, ela sempre foi muito centrada nessas questões, era mais fácil outra entidade se apaixonar por alguém, portanto ele costumava tentar a ajudar sempre que via interesse em alguém pelos olhos da mais velha, mesmo que na maioria das vezes ela nem precisasse de ajuda.

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Ao chegar no lugar, o sol já havia começado a cair, deixando a rua em alguns tons ainda  dourados que iam se desfazendo rápido, abriu o portão e colocou o carro na garagem e assim que saiu do carro outra vez para fechar o portão a viu parada em sua frente, com certeza a surpreendendo.

— Tutu disse que queria falar comigo. — Inês começou a dizer ainda do lado de fora com a feição enigmática que fez Márcia quase rir. Com certeza não queria falar com ela ontem.

Inês sorriu como se novamente pudesse ler seus pensamentos, mas de repente ficou mais séria como se estivesse se contendo de alguma forma o que a policial certamente estranhou mas ignorou com a mesma rapidez.

— Eu fui lá ontem, ele disse que você estava dormindo... Quer entrar?

Ela assentiu dando alguns passos a frente e Márcia fechou o portão atrás delas, guiando Inês agora até estarem em sua sala de estar.

— Sinta-se em casa... – Continuou a policial enquanto mantinha a rotina de quando chegava em casa, pendurou as chaves, tirou os sapatos, soltou o cabelo e por fim largou a bolsa em cima do sofá.

— Obrigada – Inês respondeu e enquanto isso pareceu avaliar a decoração simples da casa da policial antes de voltar sua atenção a ela. Certo que a Cuca já esteve ali, mas se limitou ao quarto, o que pensando agora era um pouco mais invasivo.

— Quer alguma coisa para beber?

— Não, obrigada... Acho que está começando a fugir do assunto, Márcia. – A bruxa que estava em pé se apoiou no batente da porta da cozinha onde a policial estava pegando um copo de água e assim que a viu focou sua atenção em Inês e no modo como falava. — O que queria falar comigo que era tão importante para te fazer levantar durante a madrugada, hm?

"E já que estamos aqui
Vamos aproveitar
O tempo que nos resta...
Pra gente se agarrar"

Pra compensar a demora da última vez e a falta de interação das duas kajakakak

Vou começar a mudar as músicas do final, porque a inicial já nem tem mais partes para usar.

E aliás, boatos de que dessa vez quem atrapalha as duas é o Eric??

Esperando na janelaOnde histórias criam vida. Descubra agora