Momo

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- Você vai, realmente, me deixar sozinha no feriado?

- A gente se vê todo dia, e outra, você não tem com quem passar não?

- A Chaeng vai viajar pra encontrar os pais então, não.

- É bom que você coloca as idéias no lugar, deixa de ser louca e tal.

- Oh, japonesa! - Sana riu. - Quer saber, deixa pra lá. Mas, onde você vai mesmo?

- Vai ter uma reunião de amigos da faculdade, não nos vemos há um tempinho.

- Aí, por que eu não posso ir?

- Só japoneses, Lisa. Já te disse.

- Que xenofobia.

- Deixa de ser idiota. Agora, tenho que desligar, já deu a hora de me arrumar. Beijos, tchau! - Lisa se despediu, e desligou a ligação. Se levantou da cama, e partiu para o banheiro.

Durante a faculdade, Sana encontrou muitos outros estudantes japoneses, tanto os que já moravam na Coréia, quanto os que foram só pra estudar. Ela amou isso ter acontecido, cresceu sem contato com outras pessoas de sua terra natal, fora seus pais, e aquilo foi gratificante. Um exemplo: nunca tinha conversado em japonês fora de casa, depois que encontrou aquelas pessoas, difícil era falar somente em coreano. Não gostava muito de pensar nessa época por motivos óbvios, mas essa era uma das partes boas da história.

Rapidamente, ela estava pronta, uma blusa cinza, uma calça jeans e um tênis de cano, já estavam de bom tamanho, pegou suas coisas e saiu. As reuniões, geralmente, eram na casa de um deles, Sana já havia sediado duas vezes, dessa vez, ficou marcado na casa de Yuta, um dos mais animados do grupo. O rapaz foi estudar no país, mas só continuou lá depois de arrumar um emprego, porque, segundo ele, falar coreano é muito complicado.

Desceu do carro já em frente ao condomínio do amigo, entrou no prédio, e pegou o elevador até o andar da residência. Assim que bateu na porta, ela se abriu, revelando um Yuta sorridente.

- Sana-chan! Que saudade!

- Oi, Yuta. - Foi amassada por um abraço. - B-bom te ver também.

- Entre, entre. - Saiu da frente da porta, e ela entrou. - Sakura está fazendo a comida, eu, particularmente, tô com medo.

- Pare de implicar com ela. - Riu, e foi cumprimentar as outras pessoas presentes porém, uma coisa chamou a atenção dela. No canto, uma mulher conversava com um rapaz, mas ela nunca tinha visto a mesma antes. - Yuta, quem é aquela?

- Hirai Momo. - Se aproximou. - Ela chegou tem pouco tempo, mas virou bastante minha amiga. Espero que não te incomode.

- De forma alguma.

A comida ficou pronta logo depois, e Sakura tinha se superado. As dez pessoas presentes, se distribuíram entre os sofás e o tapete da sala, quem passasse na porta, não entenderia uma palavra se quer, do que era falado ali dentro. Sana sentava na ponta do sofá, com a tigela de rámen na mão, comia distraída quando a moça se sentou ao seu lado e puxou conversa.

- Olá. - Sorriu simpática.

- Oi. - Sorriu de volta.

- Sou Momo, como se chama?

- Sana. Yuta me disse que chegou há pouco, não foi?

- Aham, vim à trabalho.

- Trabalho? O que cê faz?

- Designer.

- Que legal. Eu já pensei em estudar designer, mas preferi ficar só na fotografia mesmo.

De Todas Elas, Você ~ SaidaOnde histórias criam vida. Descubra agora