Eu fiz fogo com minha própria raiva, eu fiz fogo com minha própria raiva
Essas palavras ecoavam na minha mente a todo momento, enquanto eu sentia meu corpo consumido por chamas interiores, como se eu ainda estivesse lá, presa no passado, sem uma forma de escapar. Preciso entender a origem dessa raiva, me conhecer a fundo, mas agora, meu foco era Cristina, apagada em meus braços.
Com cuidado, coloquei Cristina no sofá, e minha tia, assustada, testemunhou o estado em que ela se encontrava.
- Camila, o que é isso? O que aconteceu com ela? E por que sua mão está queimada?
Tantas perguntas, pareciam ecoar dos recessos da minha própria mente, exigindo respostas. Estamos todos em busca delas.
- Calma, mãe, Cris ficará bem. Precisamos pensar em como explicar tudo à polícia e à família dela.
Minha mãe, sendo farmacêutica, estava no seu elemento. Preparada, ela trouxe um kit de primeiros socorros e começou a cuidar das queimaduras de Cristina, embora soubesse que aliviar a dor emocional seria um desafio maior.
Algumas horas se passaram e Cristina acordou, olhando para mim com uma expressão assustada, questionando o que havia acontecido e por que estava queimada.
- Que bom que você acordou, Cris - falei, segurando as lágrimas.
- Camila, o que aconteceu? Lembro de estar lendo no meu quarto e, de repente, desmaiei. Agora estou com queimaduras?
- Você não se lembra? - comecei a ponderar sobre como abordar a situação, decidindo temporariamente ocultar a verdade sobre minha identidade como uma princesa perseguida pelo mal. Não era o momento para revelações.
Minha mãe entendeu meu olhar e interveio.
- Minha querida, você estava desaparecida por meses. Sua família estava desesperada. Deveria voltar para casa e descansar.
- Tudo bem, é o melhor a se fazer. Estou muito cansada.
Levamos Cristina até a casa dos Evans, onde fui recebida com lágrimas de alívio pela senhora Evans. Após explicar a situação, voltamos para casa, onde ponderávamos sobre como lidar com as perguntas inevitáveis que surgiriam.
- O que faremos agora? Todos vão querer saber o que aconteceu.
- Não se preocupe, somos de confiança da família Evans. Você a salvou, e é isso que importa. Não deixe esse peso na consciência.
- Acho que você está certa. Vou descansar um pouco.
Após um breve descanso e um convite inesperado de Matheus para um passeio surpresa, fui ao encontro dele. Descobrimos que a surpresa era um parque de diversões, e a alegria tomou conta de mim.
- E então, você gostou da surpresa? - perguntou Matheus, receoso.
- Eu amei! Há tanto tempo que não vou a um parque.
- Você está deslumbrante, princesa White.
- Igualmente, mas mudando o rumo do assunto... É completamente seguro e confiável eu andar com você nisso? - referi-me à moto. Veiculo o qual Matheus decidiu nos levar até o destino.
- Completamente seguro sim, mas confiável... não posso garantir.
Demos risada e partimos. A sensação do vento no rosto enquanto andávamos de moto era indescritível.
Vibrei de empolgação e aproveitamos os brinquedos juntos, culminando na roda gigante, onde Matheus superou seu medo
Ao chegarmos à roda gigante, o Sol se punha e a paisagem era espetacular.
- Olha essa vista incrível! - exclamei, segurando sua mão.
No ápice da roda gigante, enquanto o céu pintava cores deslumbrantes, ele se aproximou e me beijou, e o mundo ao nosso redor parecia desaparecer. A roda gigante se tornou o cenário perfeito para esse momento especial.
- Acho que agora não terei mais medo desse brinquedo - sussurrou Matheus, e um arrepio percorreu meu corpo.
Sorri timidamente, mostrando total aprovação, enquanto o momento mágico continuava a nos envolver
Aproveitamos o tempo que nos restava, desfrutando dos brinquedos do parque e compartilhando uma pizza enquanto conversávamos. Percebi que era hora de ir embora, e pedi para que Matheus me levasse de volta para casa. Durante o trajeto, o silêncio reinou, mas nossos olhares diziam muito mais.
- Obrigada por tudo de hoje, Matty. Me diverti muito.
- Eu que agradeço por aceitar meu convite. Tenha uma ótima noite, princesa White.
Sorri e me virei para entrar, quando ele me surpreendeu com um beijo. Esse gesto delicado se transformou em algo intenso, sua paixão correspondendo à minha. Seus lábios, suaves e ardentes, exploravam os meus, e o fogo queimava em meu interior.
- Acho melhor você entrar antes que sua mãe vá atrás de você - disse Matheus, retirando um fio de cabelo que ficou preso em minha boca.
- Boa noite, Mateus.
Falei, adentrando minha casa. Mas aí a ficha caiu, estou me apaixonando por duas pessoas.
*
Entrei em casa feliz, mas pensativa. Estou confusa, apaixonada por Bryan e Matheus. Não quero magoá-los com meus sentimentos confusos. Contei à minha mãe sobre o passeio, omitindo o detalhe do beijo. Tomei um banho rápido e fui dormir, embora percebesse que algo estava diferente.
Enquanto adormecia, me vi novamente naquele lugar que um dia pude chamar de lar. Estava vazio. Ao tentar encontrar uma saída, tropecei e torci o pé. A dor era intensa, mas então Matheus apareceu.
- Olá, princesa White, perdida? - disse ele, notando minha condição.
- E machucada também.
- É uma pena te ver assim após um encontro tão agradável. Deixe-me ajudar.
Ele me ajudou a chegar ao meu quarto, atravessando a fronteira dos mundos. De repente, meu pé não doía mais. Era como se nunca tivesse sido machucado.
- Não sei como você fez isso, mas agradeço.
- Será sempre um prazer te ajudar, princesa White. Tenha uma boa noite.
Ele saiu do quarto e, perplexa, refleti sobre como ele sempre aparecia nos momentos certos. Voltei a dormir, sem mais incursões entre os reinos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
As asas do tempo
FantasyDepois de Camila se mudar com a sua família para uma cidade no interior, coisas estranhas começam a acontecer depois que ela vê uma linda borboleta azul. Cercada de mentiras, ela descobre que essa não é a sua primeira vida, e luta para saber mais co...