Capítulo 30 - Como uma Fênix

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AVISO: ESSE CAPITULO POSSUI CENAS DE HOT, NÃO RECOMENDADO A MENORES DE 16 ANOS.

Chamas altas queimam de minhas asas, mas não sinto mais dor. Não sinto mais o tenebroso frio da morte, pois agora estou aquecida com o meu próprio fogo. O fogo da vida. Da ressurreição. Assim como uma Fênix.

Subo cada vez mais alto, uma barreira mágica sendo a única coisa capaz de me deter. Eu devo estar em algum tipo de submundo, talvez? Como posso ultrapassar a barreira da morte? Só consigo pensar na família que deixei, nos meus amigos. Nele.

Viro de costas e pressiono minhas asas contra aquela barreira. O calor das chamas aumenta, abrindo camadas de buracos na barreira mágica. Forço mais um pouco e já me vejo saindo do centro da Terra. Tudo ao meu redor queima e derrete com a intensidade do meu fogo. Vou rompendo a terra com meu corpo em chamas, até que, finalmente, emergi do chão.

Coincidentemente, ou não, saio bem em frente à caverna onde Matheus está petrificado. Se fui capaz de quebrar a barreira da morte, talvez eu consiga libertá-lo também.

Adentro a caverna, e no momento em que o vejo, meus olhos se enchem de lágrimas, mas as seguro. Quero guardá-las para depois, caso tudo dê errado novamente.

Caminho lentamente em sua direção. Toco em sua pele. Que antes era tão macia e quente, agora permanece fria e áspera, como uma rocha. O envolvo com minhas asas em um abraço apertado, as chamas envolvendo nossos corpos. Só consigo pensar em todos os momentos que tivemos juntos. Dias que tinham tudo para serem terríveis, mas lá estava ele, ao meu lado, sempre pronto para salvar a princesa em apuros.

Lembro do dia em que fomos ao parque. A roda-gigante. Quase consigo sentir o vento que batia em nossos rostos quando chegamos ao topo. Aquele beijo quente, com seu gosto de algodão-doce, que havíamos comido pouco antes de ir ao brinquedo. Tudo foi tão perfeito.

Abraço-o com mais força, e começo a sentir a rocha ceder, derretendo lentamente sob o calor das minhas chamas. Não o solto por um momento sequer, até ouvir um grunhido de dor.

Seu corpo começa a se mover, a rigidez cedendo, a cor voltando ao seu rosto. Suas mãos, antes imóveis, começam a me envolver. Meus olhos se enchem de lágrimas novamente, mas desta vez, de alívio e alegria.

- Você está me queimando, princesa.

Ao ouvir a sua voz, rouca e cansada, não consigo mais me sustentar, caio em seus braços, mesmo sabendo que quem precisava de um colo era ele, que passou tanto tempo preso aqui dentro.

- Eu te amo. - Digo com fervor, sem conseguir conter mais lágrimas.

- Eu te amo, princesa.

O solto, vendo que de fato eu estava o queimando. Não consigo acreditar nos meus olhos, ele realmente está aqui. O meu Matheus.

- Você está bem? - Pergunto

- Já estive melhor. - Ele diz, com uma tosse seca. - Eu senti tanto sua falta.

Mesmo sem forças, ele parte para cima de mim, não se importando mais com minha aparência assustadora de Fênix ou com a dor que provavelmente deve estar sentindo no corpo. Seus olhos estão fixos nos meus, cheios de uma determinação feroz que só aumenta meu desejo por ele.

Ele me agarra com uma intensidade desesperada, nossos lábios se encontrando em um beijo quente e ardente. Suas mãos firmes seguram minha nuca, puxando-me para mais perto, enquanto me encosta contra a parede fria da caverna, o contato gelado contrastando com o calor de nossos corpos. Um arrepio percorre minha espinha e, aos poucos, minha forma de Fênix começa a se dissipar, dando lugar à princesa que sempre fui.

As asas do tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora