CAPÍTULO ÚNICO

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O vento frio batia em seu rosto. Aquele ar gélido entrava por suas narinas e fazia seu interior arder. Todos aqueles casacos e roupas pesadas pareciam não lhe aquecer o suficiente.

Paris não é para qualquer um.

Cada átomo do seu corpo era atingido pelo frio. Que ardia. Mas mesmo assim, ele não parou de andar. Continuou caminhando até que chegasse ao seu destino.

Era a sua primeira vez na França, oras. Um frio de cinco graus negativos não iriam faze-lo parar.

Seu sonho sempre foi cruzar o atlântico e visitar aquela famosa cidade. Sempre foi ver aquela famigerada torre de perto, ver que ela é maior do está nos cartões postais e fotos do Google. Agora ele podia ver a imensidão daquela construção ao longe enquanto andava.

Eram oito horas em ponto, portanto, a torre piscava. Dias antes, no seu primeiro dia para ser exato, ele ficou parado por mais de uma hora na frente Torre sem saber que ela brilhava apenas em horas em ponto.

As pessoas em sua volta, nos bares de esquina, soltavam risadas e falavam alto, e os carros cortavam as ruas buzinando como se estivesse tendo alguma festa. Muitas pessoas elegantes passavam com seus casacos de pele e suas botas de couro italiano, que faziam barulhos parecidos com trotes, ao seu lado. Outras, passavam com roupas curtas e, ou, com roupas que nitidamente não derretiam nem um cubo gelo, ao menos.

"Fala sério." pensou. "Como alguém consegue andar desse jeito pelas ruas de Paris em pleno inverno?"

Ele apertou a si mesmo apenas por pensar.

"Francês.." bufou.

Ele continuou andando. Não sabia onde iria, de fato. Noah queria apenas chegar em um restaurante de esquina, como os dos filmes, e ter um jantar digno, mas pelo frio que fazia era melhor ter ficado nas cobertas do hotel.

Todos cheios. Óbvio que iria estar cheio, é Paris em uma noite de sexta-feira!

"Péssima ideia, Noah" culpava a si mesmo mentalmente.

Ou cheio ou caro demais. Um dólar é equivalente a um euro. Ah a inflação. Por que alguém pagaria duzentos euros em ovos de peixe?

Com o frio lhe invadindo ainda mais à cada segundo, não o deixando pensar, ele tomou uma ideia impulsiva, contrária a que desejava anteriormente. Iria, então, entrar no primeiro restaurante que visse. Que se dane os filmes.

Ele desceu alguns metros a mais, e já pode ouvir o falatório das pessoas vindo das mesas na calçada, a música relativamente alta, o som dos talheres nos pratos e também pode ver as luzes daquele restaurante. Era esse mesmo.

Quando entrou, sentiu o ar quente vindo das dezenas de aquecedores espalhados pelo local. Finalmente pôde tirar aquela touca que incomodava seus cabelos, e aquele casaco, que agora, o aquecia demais. Muito mais.

Seus olhos varreram pelo local. Era bem chique. Com certeza ele teria que lavar pilhas de pratos para pagar a conta. Mas era barulhento. Era diferente do que pensara sobre as regras de etiqueta francesa. Se fosse como nos filmes, esses clientes seriam todos turistas, certo? Pois bem, ele passou a andar mais adiante, ao centro, onde localiza-se uma bancada com uma mulher atrás dela.

Bonsoir. Vous désirez, monsieur?

Seu cenho se franziu pela confusão. O que raios aquela garçonete morena, que usava um uniforme vermelho que super combinava com seu tom de pele, tinha acabado de dizer?

Bonsoir. Anglais, s'il vous plait — gesticulou como se ela fosse magicamente entender o que ele gostaria de dizer.

D'accord. — Sua expressão mudou para uma mais agradável, talvez ela não goste tanto de franceses — Boa noite, como posso te ajudar? — A pronúncia perfeita. Ela não era uma francesa nativa.

amour en fièvre - nosh Onde histórias criam vida. Descubra agora