Noite das meninas

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Ver o Jungkook de tiarinha foi o auge da minha noite. Ele ficou tão engraçado e fofo, eu não parava de sorrir.

—Lisa, ou você para de rir ou vou te dar um tapa na cara. —Jin ameaçou.
—Calma, tenho que fotografar isso.

Nós quatro tiramos muitas fotos, bem engraçadas sabe, sem tentar ficarmos bonitos.

—Você é uma praga mesmo, Jin —reclamei.
—O que eu fiz?
—Você não sai feio em nenhuma foto —falei enquanto passava as fotos furiosamente na galeria.
—Ah! Não tem como.
—Pior que é verdade. —Rosé disse ao olhar meu celular.
—Um dia vocês chegam lá. Hora das unhas de gel.

Fui a primeira da fila, depois Rosé e Jungkook se recusou a fazer as dele, mas insisti para que ele ao menos pintasse e ele aceitou um pretinho básico.
Depois de limpas, hidratadas e de unhas feitas, nós 4 descemos para a sala, fizemos brigadeiro e comemos assistindo um filme de terror.
Jin não queria que fosse nada meloso e Jungkook e eu passamos a maior parte de nossas vidas vendo filmes, restou só o gênero terror.
Depois de uma cena de susto que faz todo mundo gritar, alguém ligou a luz, fazendo a gente gritar de novo, quando olhamos na direção da escada vimos meu pai, que também gritou.

—Mas o que é isso na cara de vocês? —Ele perguntou.
—São máscaras faciais —respondi.
—Sabem que horas são? —Olhei o relógio, eram três da manhã. —Como vão pra escola mais tarde sem dormir?
—Foi mal pai. A gente perdeu a noção do tempo —expliquei.
—Já para as suas camas.

Jin e Jungkook foram para o quarto deles e Rosé e eu subimos para o nosso.
Parecíamos zumbis três horas depois, quando tivemos que acordar na hora de ir pra escola.

—Cadê o Jin? —perguntei ao Jungkook.
—Ele não quis levantar.
—Será que não podemos faltar hoje?

Rosé sugeriu e logo depois quase caiu de cara no próprio prato de mingau.

—Já vi que não vai servir de nada mandar vocês pra escola hoje —disse minha mãe. —Vão, voltem pra cama. Mas da próxima vez que ficarem acordados até de madrugada, vocês vão pra escola nem que sejam arrastados.
—Obrigado tia.

Rosé beijou o rosto dela e subimos as escadas entre tropeços.
Acordamos novamente às 10, chamamos os meninos e preparamos um café.

—Não acredito que além de cara de pau você é folgado —falei ao Jin. —Você nem levantou pra ir à escola.
—Eu estava cansado!
—Mas você tá na minha casa. Ia bem ficar aqui sozinho.
—Qual o problema?

Não respondi, estava de mau humor por não ter dormido direito e se eu abrisse minha boca ia acabar brigando com ele de novo.
Pouco antes do almoço o Namjoon apareceu pra buscar o Jin. Rosé almoçou na minha casa e Jungkook levou ela em seguida.

—Vem, vou tirar isso das suas unhas.

Falei assim que Jungkook voltou pra casa.
Sentamos na mesa da cozinha, peguei algodão e removedor de esmaltes pra passar nas unhas dele.

—Foi tão ruim assim? —perguntei.
—Teria sido ruim se eu aparecesse com essas unhas assim na escola. Todo mundo ia me zuar. Nem lembrei que tinha que limpar.
—Até parece que iam zuar um TOP e não tem nada demais menino usando esmalte, ainda mais preto. Você é gótico, não é?
—Não tanto assim —ficamos um tempo em silêncio. —E o Beck? Falou com ele de novo?
—Ele me mandou mensagem perguntando se havia acontecido alguma coisa pra eu não ir à escola.
—Só?
—Uhum.
—Tem certeza que não quer que eu fale com ele?
—Não. Eu não pretendia casar com ele nem nada. Tô de boa.
—Eu estava pensando...
—O que?
—Sobre a Loirinha —fiquei bem atenta. —Acho que... Vou me declarar.
—Até que enfim! Quando? Hoje? Já pode me dizer quem é?
—Calma. Não, não vai ser agora. Preciso pensar um pouco mais sobre isso.
—Já é meio passo dado.
—Não quero que ela acabe ficando de vez com esse cara.
—Pois é. Aproveita que eles ainda não têm nada sério.
—Quer ver o final daquele filme?
—Sabe o que eu queria? Um karaokê. Foi só o que faltou na noite das meninas.
—Vamos chamar o Jin e a Rosé?
—Liga pra ele que eu ligo pra ela.

Rosé topa na hora, mas o Jin...

—Ele não vai.
—Por quê?
—Parece que o Namjoon ficou chateado ao saber que dormimos na mesma cama.
—Sério?
—É. Mas ele disse pra gente não se preocupar que ele resolve.
—Tomara.

Pegamos um Uber e fomos os três ao karaokê, Rosé e eu fomos as únicas que cantaram, praticamente. Insisti que Jungkook cantasse uma música com a gente, mas percebi que ele só estava fazendo mímica.

—Já chega! Você vai cantar uma sozinho e é melhor cantar de verdade.

Entreguei o microfone pra ele e fiquei sentada ao lado da Rosé no sofa, com os braços cruzados. Ele cedeu a pressão e escolheu Purpose do Justin Bieber pra cantar e caramba... Ele cantava muito bem.

Não consegui tirar os meus olhos dele, eu estava encantada e a cada estrofe ele se entregava mais a música, fechava os olhos, colocava a mão no coração...
Que barulho é esse? É o meu coração?

—Lisa! —Rosé estalou os dedos na minha frente.
—Que foi?
—Ele já acabou.

Voltei a olhar pra ele e ele estava sorrindo, todo tímido.

—Que fi... —o resto foi um sussurro incompreensível.
—O que?
—Não. Nada. Você foi muito bem, Jungkook.
—Verdade. Devia ser idol.
—Não exagerem.
—Podia cantar pra ela. Pra Loirinha. Acho que ela ia adorar.
—Que? —Rosé perguntou confusa.
—A garota de quem o Jungkook gosta. Ele disse que ia se declarar.
—Sério? Com certeza ela vai amar.
—Será? —Ele coçou a nuca.
—Se fosse pra mim eu te pediria em casamento na hora —falei.
—Então eu vou compor uma música pra ela.
—E ainda compõe! —Rosé parecia indignada. —Se eu descolorir meu cabelo você esquece essa garota?

Jungkook achou graça, mas eu estava ocupada de mais tentando acalmar meu coração.

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