Bônus; Gratidão

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Kenma sentiu um chute no ventre enquanto cantava uma melodia que costumava tocar em seu piano antes de dormir em um dia frio. De início, se assustou, nunca iria se acostumar com aquelas sensações estranhas e arrepios intensos que se queimavam em seu corpo quando sentia seu filhote se mexer.

Sorriu, passando a mão em torno da barriga de oito meses, respirando fundo enquanto sentia o bebê remexer, se sentindo gelar por dentro ao mesmo tempo em que seu coração se aquecia. Amava-o antes mesmo de nascer.

— Ei, gatinho, voltei.

Kuroo estava na porta com sacolas de comida na mão, e logo sorriu com a cena que presenciou segundos antes. Sabia como o ômega se sentia, ele também se sentia daquela forma; estavam marcados, haviam meses em que decidiram haver um “para sempre” fixo naquele vínculo, então Tetsurou sabia o quanto realizado Kenma estava. Ele também se sentia assim — era o outro responsável pela existência daquele ser prestes a vir ao mundo.

— Hm, você demorou mais desta vez. — Ajeitou sua postura na cama, estava vestindo o pijama mais confortável que conseguiu após tomar um caloroso banho naquele clima de uma esperada neve de quase-dezembro-de-2000.

— Fui comprar mais algumas coisinhas pra gente, custei para achar algum estabelecimento aberto agora. — Foi de encontro ao seu ômega, colocando as sacolas na cama empalada de cobertores, pelúcias e travesseiros por conta do ninho. — Acho que vou fazer umas compras por ligação amanhã. Vou pedir um monte daquelas carnes de hambúrguer que você gosta para melhorar o seu humor com o inchaço do corpo.

O loiro não dizia nada, porque não tinha o que falar para demonstrar o quão satisfeito estava, e apenas sorriu, estendendo o pijama do maior para ele se trocar, já haviam se banhado juntos, e logo comeriam ali para escovar os dentes e dormirem abraçados. Como sempre.

O moreno sorriu, tirando rapidamente aquelas roupas de frio, sentindo sua pele entrar em contato com o vento gélido de forma abrupta, e ignorou. Vestiu-se com aquelas roupas leves quase na velocidade da luz para estar ao lado de seus gatinhos, mas recebeu um olhar birrento de Kenma.

— O que foi?

— Queria ter visto as tatuagens, ultimamente você 'tá todo coberto por causa do frio. — Murmurou com as bochechas coradas, arrancando uma risada agradável do mais velho.

— Não fique assim, meu bem.

— Eu gosto delas. São bonitas. — Soltou aquelas afirmações, atraindo o olhar curioso do outro homem. — Você coloca um tipo de sentimento nesses desenhos que me dão paz, e do seu jeitinho.

— Isso me deixa alegre, gatinho. — Passou a abrir o pacote que embrulhava o hambúrguer, enquanto o loiro se concentrava em não se lambuzar com seu macarrão instantâneo. Sabiam que não era bom se alimentarem daquele jeito, mas Kuroo não sabia negar qualquer pedido manhoso de seu pequeno.

E foi observando e refletindo sobre sua vida naquele momento, que o loiro percebeu o tanto que Tetsurou foi importante para si. Não possuía mais as melhores condições financeiras, e muito menos morava em um apartamento de luxo; era um simples, pequeno e sem muito conforto, não havia aquela reserva de diversas comidas, uma banheira cara e nem um ar-condicionado, mas Kenma estava satisfeito. Ele tinha liberdade, tinha uma pessoa com quem podia contar, tinha uma família se formando ali.

Não se arrependia de ter feito tudo o que teve coragem de fazer para tê-lo consigo, porque tinha certeza que seus dias continuariam cinzas sem a presença do tatuador ao seu lado. Eram duas almas apaixonadas que se completavam. Kenma também sabia o quão vazio seria a vida do alfa sem estar consigo.

— Kurro — Chamou sua atenção, e logo sorriu. Nunca esteve tão agradecido por ser tudo daquele jeito. — Eu te amo.

Tetsurou ficou surpreso com o pedido repentino, mas logo sorriu. Ele era tão grato quanto. E, juntando suas mãos vazias em um aperto caloroso que dizia mais de mil palavras, ele respondeu:

— Eu também te amo, gatinho.

Universo Repleto de Paraísos (KUROKEN - ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora