Lights, Camera, Fire!

one.

30 anos atrás.

Mais um dia fazendo papeis de figuração, Osmar não gostava mas era o mais próximo que tinha do "estrelato", sonhava em ser um grande ator, estrelar diversos filmes de sucesso, ser ovacionado por multidões, era tudo que mais queria.

Estava no final da gravação de uma cena onde o galã fazia um número musical, os filmes daquela época eram famosos por isso, as músicas eram o que mais chamavam a atenção do público.

- Corta! Bela tomada, podem ir para a pausa do almoço. - Disse o diretor.

Saia do set vestindo a jaqueta que o galã havia jogado na "plateia" que caiu em seu colo, quando ouviu um...

-Ei herói!

- Quem? Eu? - passava a mão no cabelo na tentativa de fazer charme.

- Sim, você. Essa jaqueta ai é sua por acaso?? Devolva a jaqueta. - O figurinista dizia.

- Calma, foi o galã que jogou em mim. - Disse retirando a jaqueta.

-Qual é?! Vestir essa jaqueta não vai fazer de você um galã, é preciso ter boa aparência e personalidade, agora devolva.- Falou puxando a peça das mãos de Osmar - Idiota! Qualquer um quer ser galã. - Saiu irritado.

- Você ouviu isso??- Falava agora com o seu melhora amigo que presenciou a cena, Victor Camejo, que também era figurante.

-Não liga não, como um figurinista bêbado reconheceria um astro que nem você - Levantava a autoestima do amigo, que já era muito alta.

[...]

- Astro?! - Falava andando enquanto olhava para o céu.

- Claro, com certeza você vai ser um galã.

- A minha mãe diz isso.

- Toda mãe diz isso, Os.

- Sério?

- Toda mãe é assim.

- Mas você realmente será um, tem tudo o que precisa, estilo, penteado, carisma, talento e beleza, mas só tem um problema. - Deu três tapinhas no ombro do mais alto e se sentou numa mesa da lanchonete que ficava ao lado dos sets de filmagens.

- Qual?

- Seu nome! - Falou enquanto pegava um prato de bolinhos.

- Osmar Júlio, você ainda não pagou a conta do mês passado! - O dono do local falava.

- Calma, eu vou pagar. - Falava calmo, pegando um bolinho.

- Quando? Na próxima encarnação?? - O dono zombava.

- Quer saber meu senhor, esses bolinhos foram feitos na época que o cinema ainda era mudo! - O proprietário se calou com o que ouviu. - Escuta só Victor, quando eu for um grande astro eu vou mandar fechar essa espelunca. - Falava com ar de superioridade. - Guarde bem o meu nome senhor...Osmar Júlio Cavalcante. - falou passando a mão em seu cabelo ligeiramente grande.

- Esse é o problema amigo. - Camejo volta a falar - Tudo bem com o 'Osmar', é ate autêntico, mas esse "Júlio Cavalcante" atrapalha, como você quer ser um astro com esse nome?!

- E não dá??

- Olhe aquele rapaz, ele também quer ser galã - Apontava para um rapaz de blusa vermelha - Ei rapaz venha cá, qual o seu nome?

- Anderson Bizzocchi - O de barbicha respondeu.

- Tá vendo, isso é um nome forte, de protagonista, os produtores farão fila.