No dia seguinte parecia que eles nem tinham bebido, estavam a postos, filmariam ao ar livre, já vestidos com o figurino da cena que fariam a sua figuração.
- Esse maquiador idiota colou o bigode tão apertado que não dá para abria a boca! Como que eu vou passar o texto?! - Osmar reclamava.
- Veja pelo lado bom, você esta irreconhecível! - Victor se apoiava no ombro do amigo.
- É verdade.
- Eu até colei uma pinta - Apontava para a pintinha que tinha na bochecha esquerda.
- Não dá nem pra saber que é você!
- O assistente de direção! - Virou bruscamente o mais alto para frente.
O assistente reclamava de algo para alguém, era meio perceptível que estava de mal humor.
- Será que eu que tenho de fazer tudo aqui?! Cadê a competência de vocês? - Parou de reclamar ao sentir alguém batendo em seu ombro, fazendo com que olhasse para trás
- Hm, Senhor, diga por favor qual é a cena e qual a minha fala nela - Júlio perguntou com um leve sorriso.
- A cena será em meio a um incêndio, a vila começara a pegar fogo e o herói irá salvar a mocinha, e a sua fala é "corram" - Falou se virando novamente e indo em direção a sua cadeira.
Osmar tirou o sorriso do rosto e correu até o assistente, sendo acompanhado por Camejo.
- Mas Senhor, só "corram"? É minúsculo! - Victor tentava argumentar.
- Não não, é uma fala incrível, o público vai adorar, mas se tivesse uma fala de herói, eu ficaria muito grato - Osmar falou em tentativa de convence-lo a lhe dar uma fala maior.
- O personagem principal do filme terá essas falas, você não, inclusive cadê ele? - Olhou para os lados e viu o diretor correndo - Ah meu Deus, o diretor enlouqueceu, com licença - Se retirou e foi em direção ao homem que praticamente se esperneava.
- Está tudo pronto, mas ele não vai gravar até o produtor chegar! Disse isso para mim, um diretor renomado! Chamem o maldito Davi! - Gritava.
Victor e Osmar olhavam aquele furdunço sem falar nada, até que um dos figurantes começou a reclamar ao lado deles.
- É sempre assim, ele nunca quer gravar, devem ter atrasado o cache dele.
- Claro que não! O produtor desse filme é muito poderoso, não tem como isso acontecer - Camejo falou, continuando a olhar o show de gritos que o diretor dava.
- Não importa se o produtor é poderoso ou não, esses atores nos tratam como lixo - Ao falar aquilo o figurante recebeu um olhar mortal de Júlio - Ali! o carro de Mansour chegou!
Saia do carro um homem de estatura média, com a barba bem feita, num paletó bege, tirando seus óculos escuros.
Olhavam aquela cena de longe, o produtor entrou no trailer sozinho e em menos de um minuto saiu.
- Está tudo bem, já falei com ele, podem começar a gravação e cuidem de terminar essa cena ainda hoje - Entrava novamente em seu carro, saindo do set de filmagem.
Em alguns poucos minutos, viram o ator saindo de seu camarim, já podiam começar a gravar.
- Vamos lá! Todos em seus lugares, acendam o fogo, posicionem as câmeras! - O diretor falava em seu megafone, no meio do cenário
- Senhor, você não está em sua posição - O assistente falava, tirando-o dali.
- Ah é - Saiu em direção a sua cadeira e gritou - Ação!
A filmagem havia começado, todos corriam desesperados, o personagem de Couto gritava pelo nome da mocinha, essa que estava com medo e não queria mais gravar aquela cena.
- Eu não quero mais gravar isso aqui! E se eu queimar o meu precioso rosto? - Fazia drama.
- Por favor minha senhora, a cena já esta rolando, é só gritar e ser resgatada - Um dos figurantes foi tentar convencê-la mas só piorou a situação.
- "Só gritar e ser resgatada?", você acha que é fácil filmar uma cena dessas? Olha pra mim já chega, eu vou embora - A atriz saia batendo o pé.
O diretor ainda não havia sido avisado daquele desentendimento, então a cena ainda estava rolando, mas o fogo já estava ficando descontrolado.
Ao redor de Murilo se iniciou uma redoma de fogo, pequena mas que logo começou a se alastrar.
O ator gritava para que parassem a cena, mas o diretor não queria, disse que só pararia quando tivesse uma boa tomada.
Osmar notou o desespero que Couto passava e logo correu em sua direção, pulando o fogo. O puxou para perto de si e o pegou no colo, olhou ao redor e viu um pequeno canto que o fogo não estava tão alto e saiu daquele fogaréu. O diretor logo tomou consciência e parou a cena, mandando apagarem o fogo.
Júlio colocou o menor no chão, que logo foi rodeado pelos assistentes, que lhe tiraram daquele cenário o levando de volta ao trailer que estava sendo o seu camarim.
Mesmo estando rodeado de pessoas, Murilo olhou para trás e conseguiu ver o rosto do rapaz que havia lhe salvado, claramente lhe agradeceria depois.
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Lights, Camera, Fire!
RomanceOsmar Júlio, um figurante em 1977 que tem uma queda por um superstar secretamente casado, Murilo Couto. Seu amante, Davi Mansour, um produtor muito renomado da época, o mata em um suposto incêndio acidental em um set de filmagens. Osmar testemunha i...