O assassinato do banqueiro Caspin

VELHOS FANTASMAS

  Como todo relógio que trabalha pontualmente e sem cessar Caspin, como gostava de ser chamado, acordou no horário de sempre, fez o seu desjejum calado e sério como se algo o preocupa-se. Saiu as nove para uma caminhada e ao retornar se trancou em seu quarto. Vinte minutos se passaram e ele estava lá parado em frente ao espelho.O que via era um homem sadio, na casa dos 50, um homem de uma moral inquestionável que trabalhou duro para chegar aonde chegou. E agora tudo podia desmoronar.

  Lavou o rosto como se fosse um ato de piedade, começou a andar pelo quarto sem saber como organizar seus pensamentos, de repente tudo isso é interrompido por um leve bater na porta seguido de uma pergunta:

- O senhor estar bem?- Era a voz da Beth, a criada mais antiga da casa, como Caspin nunca foi casado e sua mãe morreu muito cedo, ela era o cuidado feminino mais próximo que ele tinha.

- Estou Beth, pode entrar. - Diz ele um tanto contrariado.

- O senhor mal tocou no seu café, saiu sem falar nada. O que quer para o almoço?

- Não faça nada!  Não estou me sentindo bem, vou ficar no quarto o dia inteiro e não quero ser incomodado. A noite eu sairei, agora pode ir!

Quando estava se dirigindo até a porta como um choque de coragem ela virou e perguntou:

- É algum problema financeiro?

- Como? - Caspin se assustou com a pergunta, desde que virou um grande banqueiro nunca precisou se preocupar com dinheiro.

- Desculpe a pergunta senhor. - Beth agora estava a gaguejar, sabia que não deveria se intrometer assim, mas estava preocupada. - O senhor estar com um "ar" de preocupação, penso que è uma  crise no banco.

Caspin deu um leve sorriso aliviado. - Minha querida beth, construír um património que poderia sustentar várias gerações desta Cidade! 

Não satisfeita com a explicação ela insiste. - Então é algo haver com o bilhete que chegou ontem a noite?

Nesse momento ele para,  olha para ela perplexo,  de cima a baixo. Aquela pequena criatura , com no máximo 1.50 de altura,  cabelos grisalhos,  sem filhos, sem marido, uma mulher que o serve desde que ele se mudou para Riston. Depois de alguns minutos,  ele se recompõe e fala:

- Como sabe do bilhete?

- Vi quando o recebeu e subiu as escadas correndo.

Caspin respirou fundo, olhou o relógio e disse:

- Esta na hora de você ir minha querida.

Assim que Beth saiu ele trancou a porta deitou na cama e pensou"  será que estou perdendo o controle?".

  Três e meia, quando Caspin acordou, se surprendeu com o silêncio que pairava no ar.  Em outra situação ele até se sentiria confortável, mas naquele momento era tudo que ele não queria. Levantou, abriu a gaveta do criado-mudo, e retirou um papel que estava todo amassado dando a entender que havia lido e relido o que tinha ali. Era o tal bilhete que a Beth tinha lhe questionado mais cedo, o conteúdo estava escrito a mão, era curto, mas de um tom extremamente ameaçador;

" Estou voltando, prepare-se! Ass: A.P"

Mesmo que só tivesse as iniciais o Caspin sabia muito bem quem era, e sabia que esse recado estaria atrelado a um forte batom vermelho e uma avalanche de problemas.

   Um dos poucos momentos em que a pacata cidade de Riston se anima é a seis horas, o horário da missa,  uma pequenina igreja no centro do comércio. Caspin olha pela janela e vê as pessoas de sempre: A Sra.Taylor, uma mulher refinada, de uma beleza inexplicável o tipo de mulher que se encaixava nos padrões da esposa ideal. Logo mais na frente estavam seu marido o Sr.Taylor, um homem de muito prestígio, e sua filha Kelly, uma moça que não tinha puxado às feições da mãe, mas era de uma inteligência surpreendente. Típica família que muitos chamariam de perfeita. Caspin os observava, e se questionava, por que não me casei? Por que não construír família?  Ele sabia muito bem as respostas, e soltou um suspiro curto seguido de uma observação: - " O ramo que escolhi não me permite essa dádiva."