Uma decisão, uma vida

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(David narrando)

Algumas semanas se passaram e eu e Layla estávamos cada vez mais próximos embora eu tivesse tentado evitar isso de todas as maneiras possíveis. Ela sabia que iria morrer mas não sabia que estava tão perto assim.

Estou agora sozinho com ela no depósito, Max e Steve saíram para fazer um trabalho para a chefia. Você deve estar se perguntando o porquê de eu não ter ido junto deles, a resposta é simples, eu fiquei para esvaziar o depósito e esse trabalho mesmo que pareça simples, não é. Eu não posso deixar nenhum rastro ou pista de que um dia pisamos aqui, isso facilita demais o trabalho da polícia em nos encontrar ou pelo menos tentar adivinhar qual nosso próximo ponto,
porém...

Quando eu falo em esvaziar também vem junto a Layla. Hoje ela seria condenada a morte e eu não consigo lidar com isso agora.

(Layla) -Por que está limpando tudo?

Olho para ela sem saber o que responder. Segundos depois eu me permito falar algo enquanto continuo fazendo meu trabalho.

(David) -Vamos embora daqui amanhã...

Ao olhar diretamente para o rosto dela percebo em seu semblante o quanto ela está desapontada e desconformada ao saber que isso resultaria na morte dela.

(David) -Layla...

Ela me interrompe.

(Layla) -Promete que...que vai ser rápido?

Depois disso eu não falo mais nada. Apenas continuo esvaziando o depósito.
As horas passam e os meus parceiros já estão voltando, mas eu ainda não matei a Layla...

Olho no relógio que estão marcando 18:05 PM e logo depois olho para Layla e caminho até ela levantando-a e desamarrando-a.
Ela olha para mim aflita e eu permaneço em silêncio enquanto ela já está completamente solta e a minha vontade é de deixá-la fugir daqui mas eu quem iria morrer no lugar dela se isso viesse a acontecer. Então eu coloco suas mãos nas minhas e olho nos olhos dela buscando lá no fundo daqueles olhos uma pequena esperança vinda dela mas eu não obtive sucesso, seus olhos parecem mortos e ela não está chorando como o de costume.

(David) -Vamos para fora.

Ela não pergunta o motivo de eu querer matar ela lá fora e eu agradeço mentalmente por isso, eu não estou nada afim de justificar minhas ações nesse momento. Logo eu e ela já estamos lá fora caminhando para o rio em que ela se banhava e ao chegarmos lá ela olha para mim e abre sua boca, fico esperando o que seriam suas últimas palavras e me surpreendo.

(Layla) -Vai me matar aqui?

(David) -É o lugar mais apropriado para isso, creio eu.

Ela abaixa a cabeça e se põe em minha frente.

(Layla) -Ta legal, atira.

(David) -Você não vai nem lutar contra isso? Não vai correr? Faça qualquer coisa menina!

Ela senta no chão e se encolhe como uma criança quando está com medo do "bicho papão" e no caso eu era o "bicho papão" naquele instante. Mas ela não estava com medo de mim, ela estava abalada e apenas chorava esperando a bala perfurar a sua cabeça.

(David) -Eu não consigo fazer isso...

Começo a lembrar de todo esse tempo em que ela esteve presente e como eu me sentia satisfeito de vê-la diariamente, mesmo que nesse estado. Agora eu me sentia dividido entre ela e a minha vida. Talvez a vida dela valesse muito mais que a minha, ela é uma bela moça que provavelmente estava numa faculdade e que só iria dar orgulho para os pais e para ela mesma, alguém que tem ou tinha um futuro brilhante pela frente e seguindo as leis. Já eu não sou nada disso, eu mato pessoas, eu assalto bancos e trabalho para pessoas perigosas e sem ética que não estão nem aí para ninguém.
Porém mesmo que eu a libertasse ela não estaria segura, os outros poderiam ir atrás dela e dar cabo na vida dela de uma vez. Para mim só restava uma saída, e não era uma das melhores.

(David) -Foge.

Ela olha para mim sem entender nada.

(Layla) -O que?

(David) -Vai logo garota! Corre! Foge! Vaza daqui! antes que eu mude de idéia!

Então ela levanta e com o pouco de força que ainda lhe restou ela correu, correu como se o mundo estivesse acabando, correu como se estivesse fugindo de uma bala. Ela estava logo ali na minha frente correndo para longe e eu sabia que eu nunca a veria novamente. Eu espero que ela consiga chegar até a cidade a tempo.
Já eu? bom...eles vão me matar.

CONTINUA... :0

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