Caleb's point of view
Suspiro pesadamente... Depois de muitas tentativas para tentar salvar Thiago, ele infelizmente morreu, pois ele já havia perdido muito sangue. Empurro alguns livros de cima da mesa e esmurro a parede, Thiago dizia sempre que queria sair daqui curado e que queria ser feliz, as suas crises já não apareciam mais e ele estava sorridente esses dias, então por que?! Eu podia ter ido conversar com ele e ter o ajudado, mas agora... Ele está morto...
- Caleb... - Jenny entra na sala e me vê irritado - Soube o que houve, não foi sua culpa - se aproxima e me abraça, fazendo eu deixar as lágrimas caírem, estava devastado...
- E-Ele só tinha 15 anos, Jenny... - deixo soluços escaparem de minha garganta, ela me aperta mais em seu abraço - Eu p-podia ter o a-ajudado...
- Você fez o que pode, Caleb, nenhum de nos pensaríamos que isso iria acontecer - ela se afasta e olha meu rosto - Você é um excelente médico, o que aconteceu não foi culpa sua, maninho.
- Mas e se...
- Não foi! Thiago te via como um pai pra ele e você o via como um filho, ele não gostaria jamais de te ver assim - diz firme, me fazendo prestar atenção - Não se culpe, não se torture, se não conseguir fazer isso por você, faça por ele - me abraça novamente e sai.
Me sento na cadeira e fico olhando pro nada. Thiago não tinha um pai e sua mãe havia sido assassinada em sua frente, ele não tinha ninguém até eu chegar na sua vida.
~Meses atrás~
- Paciente 465, foi trazido para cá, pois aparenta ter trauma e depressão, já tentou se matar 5 vezes e não tem pais - Jenny dizia - Nossa, coitado dele, o pai o abandonou quando pequeno e sua mãe levou um tiro em sua frente, o menino deve está traumatizado - diz e se vira pra mim.
- Ele fará o acompanhamento médico, terá pessoas com ele agora - digo sério - Faremos de tudo por esse rapaz - paro de falar quando vejo seguranças correrem até uma sala na ala de psiquiatria - Vamos!
Corremos até uma das salas e, surpreendentemente, era o quarto do paciente que estávamos falando, tinha dois homens o segurando, enquanto um dos médicos estava no chão com o nariz sangrando.
- Meu Deus, o que houve? - minha amiga pergunta do médico, o ajudando a levantar.
- Ele teve um surto e ficou agressivo, me deu um soco e eu chamei os seguranças - fala pondo a mão sobre o nariz.
- Soltem ele - digo normalmente, mas eles me ignoram - Soltem ele, agora! - falo mais alto e eles me olham assustados e soltam o garoto, que se encolhe na maca e começa a chorar - Pra fora da sala, todos! - eles saem, me deixando sozinho com o rapaz.
- E-eu não... Eu não q-queria... D-Desculpa... - gagueja algumas palavras, ele estava assustado, me aproximo e o toco no braço, ele tenta se afastar.
- Tá tudo bem, rapaz - digo e ele me olha ainda com medo - Eu já passei por isso, sei que é horrível e...
- Não! Ninguém sabe sobre mim! - grita me fazendo recuar um pouco - Ninguém viu o que eu vi... - volta a falar baixo e se senta, abraçando os joelhos - Eu perdi tudo...
Não digo mais nada e sento na maca, fico olhando ele e me aproximo. O abraço forte, ele tentou me empurrar, mas logo cedeu ao abraço e chorou sobre meu ombro.
~Depois de algumas semanas~
- Tio Caleb! - fala animado ao me ver entrando no quarto.
- Eai Thiago, tudo bem? - pergunto e bagunço seus cabelos.
- Tá mais legal agora que o senhor tá aqui - diz e olha para meu celular que estava quase caindo do bolso do jaleco - Tio, o seu celular vai cair - dou uma leve risada e pego meu celular.
- Quer tirar uma foto comigo?
- Sério? - concordo e sorrio - Claro! Quando eu sair daqui, vou levar ela pra todos os lugares!
- Eu vou moldurar pra você então - digo e tiro a foto, nos dois sorrindo para a câmera - Tá incrível, não é?
- Ficou demais! Você é o melhor, tio Caleb! - sorrimos um para o outro.
- Você que era o melhor, Thiago... - abaixo o porta-retratos que estava em minha mesa.
Sofia's point of view
Tinha acabado de jantar e tomar meu banho com ajuda da enfermeira, que já havia ido embora, quando ouço a porta se abrir e Caleb entrar, mas ele estava sorrindo forçadamente.
- Está tudo bem por aqui? - ele pergunta, vindo em minha direção.
- Eu estou me sentindo bem melhor, mas acho que você não está nada bem - falo e ele deixa que seu semblante de tristeza apareça - Quer me contar?
- Eu fracassei na cirurgia - diz fracamente e já sinto meu coração apertar - Ele não sobreviveu...
- Meu Deus... - falo e vejo em seu rosto que ele queria chorar - Pode se aproximar, por favor? - ele se aproxima um pouco e eu o puxo para um abraço, o pegando de surpresa - Tenho certeza que você fez de tudo... - ele se aconchega seu rosto em meu pescoço e chora.
Ficamos nessa posição por alguns minutos, até que ele se acalma e para de chorar. Se levanta e tenta limpar seu rosto com a manga do jaleco, estava com um imenso aperto no coração por vê-lo desse jeito, queria poder fazer mais alguma coisa, mas não sabia o que.
- Obrigado... - fala com a voz meio fraquinha.
- Sempre que precisar de um abraço, eu estarei aqui - digo sorrindo e vejo um sorriso ladino aparecer em seu rosto. Ficamos nos encarando por um tempo, até que ouvimos seu celular tocar.
- Bom, eu vim ver como você estava para eu poder ir embora - fala desligando o celular e coça nuca.
- Eu estou ótima, obrigada por se preocupar - falo e sorrio.
- Que bom, então até amanhã - anda até a porta, mas para e volta para perto da minha maca - Boa noite e obrigado de novo - beija minha bochecha.
- B-Boa noite - ele sai e me deixa ali, com meus pensamentos a loucura por causa de um simples beijo na bochecha.
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Little Hope
General FictionPais separados... Ter ficado com o que mais te odeia... Sofrer abusos psicológicos... Ser expulso de casa... E depois de tanto sofrer, se trancar em seu próprio mundinho. Mas com a chegada de duas pessoas em sua vida, tudo isso pode mudar...