Prólogo

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Durante oito meses Louis aceitou qualquer emprego que apareceu, tudo que puder imaginar ele trabalhou. Até mesmo vestir uma fantasia idiota de donuts para uma padaria ele fez, apontando para a placa enquanto dizia que tinham donuts com chocolate naquele dia, enquanto suava dentro da fantasia de espuma Louis pensava sobre seu ultimo verão antes da universidade, ele precisava daquele dinheiro, dos míseros centavos, seriam valiosos. Por isso ele continuou, essa era sua motivação, encarando os empregos e serviços mais indesejados, economizando tudo para ter a viagem desejada com sua melhor-amiga.

Porque Louis estava se formando do colegial, com um belo histórico diga-se de passagem, mesmo naquele ano agitado, trabalhando feito um louco, fazendo as refeições mais rápidas de sua vida, ele ainda estudava, e se saia bem em todas as provas, sequer faltava no colégio, mesmo quando sentia tanto sono pela manhã que parecia que seus ossos tinham dissolvido e ele não conseguiria se levantar, a cama estava prendendo seu corpo ali, Louis se levantava e pegava o ônibus. Por isso ele tinha uma bela carta de aprovação, com selo de cera carimbado com o brasão de Princeton, para cursar Literatura com toda sua honra.

No ano seguinte tudo iria mudar para sempre, Louis deixaria sua casa modesta mas muito boa, sua família grande, com quatro irmãs barulhentas, sua mãe coruja que preparava as melhores panquecas, e seu pai turrão. Deixando também toda a segurança da cidade que tinha crescido, os amigos de longos anos, os lugares que gostava de frequentar. Tudo isso ficaria para trás, Louis teria que se acostumar com uma moradia péssima que ele teria que dividir com um desconhecido, se acostumar a comer rápido e pouco, passar horas intermináveis em aulas e bibliotecas, lavar as roupas nos finais de semana, tomar banhos de cinco minutos. De qualquer forma, isso seria um mero detalhe, também existiriam as festas em fraternidades, os jogos da temporada de futebol, os eventos universitários, e é claro, os próprios universitários. Louis estava ansioso quanto a isso.

Desde o segundo colegial Louis e Debbie – sua melhor amiga – tinham um plano, aproveitarem suas melhores férias de verão, tinham começaram a economizar desde o primeiro dia, não ousavam gastar nenhum centavo reservado, quando Louis perdia o ônibus ele andava quinze quarteirões mas nunca utilizava seus centavos contados, fazendo uma contagem semanal do dinheiro que tinham juntado em dupla. Mas finalmente eles tinham a quantia necessária para a viagem completa. Abraçando-se quando conseguiram comprar suas passagens para Córsega, seria uma viagem curta mas memorável, comeriam as pizzas mais baratas, nadariam nas águas mais cristalinas, iriam aos mais eletrizantes eventos musicais, tinham um itinerário completo para aproveitarem aquela viagem tão inesquecível antes de iniciarem a etapa acadêmica definitivamente.

Eles embarcaram em julho porque seria verão na França. Jay tinha beijado suas bochechas tantas vezes repetindo incontáveis avisos, Louis estaria de volta em dez dias, ele sequer podia imaginar como sua mãe iria lidar quando ele estivesse embarcando para a universidade para viver longe deles. A viagem de avião foi demorada, a classe econômica era mesmo econômica, não conseguindo um banco ao lado de sua amiga, por isso ele precisou aturar uma senhora falante que tirava a dentadura todas as vezes que dormia, e o homem da cadeira da frente se esticava demais e acabava batendo o encosto em seus joelhos e não parecia se importar com isso, então Louis encostava a testa na janela, contando os minutos para desembarcarem naquele país desconhecido mas sonhado por longos meses. Ele precisava dormir.

A Córsega é uma ilha, muito popular por atrair turistas de todo o mundo no verão extremamente quente, existe um lado da ilha – lado figurado – onde as famílias e casais aproveitam restaurantes, locais aconchegantes, turismo. Mas também existia o outro lado, o que jovens vão para aproveitarem praias isoladas, grutas, eventos de música eletrônica, bares movimentados. Era para isso que Louis e Debbie estavam ali, arrastando suas malas, pagando pela balsa enquanto tiravam inúmeras fotos, apontando as montanhas, o mar azul. Não perdiam seus sorrisos desde que tinham pisado no aeroporto francês. Louis e Debbie eram os melhores amigos, estavam juntos desde os doze anos, completavam os pensamentos um do outro, se entendiam como ninguém. Todas as noites mal dormidas, as refeições não feitas, o cansaço seriam esquecidos, aquela seria a melhor viagem de suas vidas e isso era uma decisão final.

Two Is Better Than One → (l.s) ABO Onde histórias criam vida. Descubra agora