O legado do amor

Único

Seher está deitada na cama em seu quarto. Algumas partes de seu corpo ainda doem, mas não mais que seu coração machucado e seu orgulho ferido. Yaman não tinha o direito de duvidar dela dessa forma. Depois de tudo o que aconteceu. Depois de abrir mão de sua vida para viver ali cuidando de Yusuf. Ela podia estar casada com um homem que a amasse e não um que mal olha pra ela e a enxerga meramente como uma mulher sem valor capaz de ficar com outra pessoa mesmo tendo firmado com ele o compromisso do casamento.
Seher fecha os olhos ao ouvir a porta abrindo. Percebe que Yaman passou direto para o banheiro. Pelos minutos seguintes ela ouve o barulho da água caindo. Mesmo com raiva tenta imaginar Yaman no banho. Seu corpo mesmo por cima das roupas que ela sempre vê parece bem definido e forte. Ela ouve a porta do banheiro abrindo e tenta afastar esses pensamentos de sua mente. Yaman jamais irá querer algo com ela. Ele nunca quis e não seria agora que mudaria sua opinião. Ainda mais depois de desconfiar dela daquela forma.
O quarto continua em silêncio, mas ela ouve uma respiração atrás dela. Seher se vira e Yaman está de pé ao lado da cama olhando pra ela. Seu olhar está sério, como sempre, mas ela ousaria dizer que consegue ver um resquício de compaixão habitando nele.
- Seher... – Ele arrisca a falar. – Só gostaria de saber como você está. – Pergunta finalmente.
- Estou bem. – A garota fala e abaixa os olhos. – Tomei alguns remédios e a dor passou. Foram só alguns arranhões. – Explica ela com calma.
- Se precisar de alguma coisa... – Oferece ele.
- Não. – Ela fala baixo e ri com ironia. – O que eu preciso você não fará.
Yaman fica desconcertado imaginando o que ela pode estar precisando. Passam mil coisas por sua cabeça ao mesmo tempo ele se imagina tomando-a em seus braços. Seria pra isso que ela precisaria dele? Não. No dia anterior ele soube que ela havia traído o compromisso dos dois. Ela não pensaria nele dessa forma. Uma mulher que desonrou o compromisso que eles firmaram. Mesmo não sendo real ele esperava que ela fosse fiel, pois ele seria. A honra dos dois estava em jogo.
- Pode falar. – Pede ele, enfim. – A moça se senta na cama e prossegue.
- Só preciso que confie em mim. – Ela fala o decepcionando com o que ele havia pensado. – Eu jamais trairia nosso compromisso. Jamais ficaria com outro homem estando casada com você. Mesmo que nós...
- Tudo bem. Eu passei dos limites. – Yaman engole seu orgulho e fala finalmente. – Eu devia ter ouvido você antes de acreditar nas palavras de outra pessoa. Eu devia ter acreditado em você.
- Então você... – Seher sente um nó na garganta e Yaman se assenta na cama ao lado dela.
Yaman segura na mão dela temendo que ela retire a mão, mas não, ela deixa que ele toque e segure sua mão. – Eu acredito em você. E quero que você fale comigo se tiver algum problema. Qualquer tipo de problema.
- Está bem. – Ela consegue responder.
- Eu quero que você saiba de uma coisa. – Seher segura a respiração imaginando se ele falará que sente algo por ela. Ela espera por isso há tanto tempo que nem sabe mais se está preparada para ouvir. – Eu também jamais ficaria com outra mulher estando casado com você. Sei que nosso casamento não foi real. Nós não chegamos a consumá-lo. Se você quiser se separar eu garantirei que da minha parte você terá a guarda de Yusuf. Não irei interferir nisso. É seu direito. E garantirei todo conforto pra vocês dois viverem.
- Eu não quero separar... – Ela fala e seu olhar se cruza com o dele com uma força que abala as estruturas de Yaman.
- O que você quer, Seher? – A voz de Yaman está rouca e ele se aproxima afastando uma mecha de cabelo que cai sobre o rosto dela.
O momento é muito delicado e Seher sabe que seu rosto está corado. Ela não consegue tirar os olhos dele. Sentir os dedos quentes em sua pele fazem com que ela queime por dentro. Sentir os dedos quentes em sua pele fazem com que ela queime de desejo e ela sabe que não precisa muito para que ela faça qualquer coisa que ele pedir.
- Não vai me dizer? – Ele retira a mão do rosto dela, e também a mão que segurava a dela. – Vou me deitar.
- Não. – Seher segura a mão dele de volta na sua. – É um misto de confusão pra mim. Não sei explicar. – Ela fala baixo e o rapaz mal consegue ouvir.
- Vou te ajudar. – O rapaz fala enlaçando os dedos nos dela. – O que acontece com você é algo que queima por dentro e te deixa sem ação? – A moça apenas confirma com a cabeça. – Te faz querer estar perto de alguém o tempo todo? – Ela confirma novamente. – A possibilidade de ter alguém com ele te faz sentir uma raiva que chega a doer no peito?
- Sim... – Fala com a voz falha.
- Você sente vontade de passar o resto da sua vida com ele?
Seher balança a cabeça novamente, em silêncio. Yaman não fala mais nada, mas se aproxima um pouco mais dela na cama. Muito perto, ele toca o rosto da moça delicadamente. Seus polegar percorre a linha do maxilar até os lábios onde ele para e fita com a boca entreaberta.
- Eu quero beijar você, Seher. – Fala ele traçando os lábios dela com o polegar. – Se você não quiser pode falar.
Seher sente o calor da respiração dele em seu rosto. Ele está tão perto e a moça só consegue encará-lo. Uma mistura de calor e confusão está dentro de seu peito. Ela só sabe que quer ser beijada e por nada nesse mundo diria não a esse beijo.
- Eu quero. – Ela fala finalmente.
Os lábios dela são macios e doces. O cheiro dela é inebriante. Ele sabia que a queria há bastante tempo, mas não tinha certeza do que ela sentia. Pelo que pode perceber, alguma coisa dentro dela estava mexida por ele. Yaman sente as mãos dela em seu pescoço, os dedos macios, mas o toque firme o puxando um pouco mais pra perto. As mãos do rapaz deslizam pela cintura dela a firmando e fazendo com que seus corpos se aproximassem um pouco mais. A silhueta delicada de Seher roça em seu peito e ele sente os seios firmes da moça por baixo do robe rosa chá que ela está usando.
Ainda explorando a boca um do outro, Seher sente a língua dele pedir passagem. Ela entreabre os lábios e deixa que ele explore um pouco mais fazendo sua língua se encontrar com a dele. A moça sabe que despertou algo dentro dele quando ele a puxa para seu colo ainda com as bocas coladas.
- Eu quero você, Seher. – Os dois estão ofegantes quando se afastam. – Eu queimo por você. – Ele agora beija delicadamente o caminho até o pescoço dela. Seher se arrepia com o toque quente dos lábios dele em sua pele. – Veja o que você faz comigo. – Yaman pega a mão dela e leva até seu peito no rumo do coração. – Sente a força com que meu coração está batendo.  – Ele para os beijos e a encara. Seher tem o rosto corado e seus olhos brilham de desejo por ele. – Você pode me dizer se não me quiser dessa forma.
- Eu quero. – Fala ela com a voz rouca. – Eu te quero. Meu corpo também queima por você.
Os dois se beijam novamente e as línguas exploram suas bocas com vontade. Seher fica louca quando Yaman toca seu seio. Mesmo por cima do tecido da roupa ela sente suas entranhas queimarem. Ela quer mais, quer deixa-lo possuí-la.
Yaman se afasta um pouco para desamarrar o robe dela. Ela o ajuda a retirar a peça e expõe a camisola de cetim da mesma cor, seus seios e sua cintura marcadas o deixam mais excitado. Ele toca os seios agora com menos tecido no caminho. Seus olhos estão com fogo e ele só pensa em como são os seios sem a camisola. Com a respiração pesada ele beija o caminho do pescoço até o seio, ainda por sobre o tecido. Seher geme e ele se sente endurecer embaixo dela que ainda está em seu colo.
Seher traça os dedos pela barra da camiseta dele sentindo a pele das costas do rapaz. Yaman desperta nela sensações que nunca sentiu. Coisas que nem sabia que existiam. Ele retira a camiseta que está usando e ela para o olhar no corpo dele. Seher o ajuda a retirar a camisola e ele a deita sobre os lençóis.
Yaman começa a explorar o corpo dela se segurando para não acelerar, pois quer sentir cada pedacinho dela. Quer senti-la totalmente entregue. Ele toma o seio dela com a boca e brinca com a língua no mamilo dela antes de sugar com um pouco mais de força a levando ao delírio. O rapaz alterna entre os dois seios e sua outra mão desce pelo abdômen dela sentindo os arrepios que desperta em sua pele.
Seher se deixa levar pela boca e pelo toque de Yaman. Ela não sabia que ele poderia ser tão carinhoso como estava se mostrando pra ela. As sensações que a boca e os dedos dele despertavam nela jamais seriam esquecidas. A moça solta um gemido um pouco mais alto quando ele coloca a mão sobre seu sexo. Ela sabe que está molhada e ansiosa por mais. Suavemente, ele fricciona seu sexo ainda por sobre o tecido da calcinha.
- Yaman... – Ela chama afastando os lábios dele que estava novamente sobre os seus. – Eu nunca...
- Eu sei. – O rapaz fala. – Não se preocupe. Está bem? – Ela faz que sim com a cabeça e fecha novamente os olhos recebendo outro beijo.
O rapaz se afasta e retira a última peça expondo o corpo dela totalmente. Ele delira por pensar que ela será sua. Que finalmente estarão unidos um ao outro. Devagar ele beija as pernas dela, subindo até alcançar o lugar tão desejado. Ele beija seu monte e passa a língua suavemente retirando um gemido mais alto da boca dela. Sentindo que ela está gostando ele continua com movimentos contínuos com a língua. Seher segura a cabeça dele com as mãos, sem saber o que fazer com as sensações que ele desperta dentro dela. Yaman sabe que ela não demorará muito e ele continua até que ela estremece toda, gemendo alto. Ele a acalma com movimentos suaves agora.
Yaman se volta pra ela e a encontra com os olhos fechados e a respiração descompassada. Ele beija os lábios dela de leve e lhe acaricia o rosto.
- Isso foi demais. – Ela fala abrindo os olhos.
Yaman retira o short e a cueca box que está usando. Seher arregala os olhos, pois nunca vira um homem nu pessoalmente. O corpo dele é perfeito e forte. Ela não nega que junto com o desejo está um pouco de medo. E se ela fizer algo errado?
- Está tudo bem. – Ele fala adivinhando os pensamentos dela. – Se ainda quiser parar...
A resposta dela o surpreende, pois o puxa para ela unindo seus lábios mais uma vez.
- Isso vai doer um pouco. – Ele a penetra devagar e a sente enrijecer sob ele. Enquanto isso deposita beijos suaves no rosto dela até estar totalmente dentro dela.
Yaman sonhou tantas vezes em tê-la. Sonhou de todas as formas como seria a sensação de estar dentro dela, mas nada se assemelhava ao que sentia nesse momento. Fechou os olhos e a beijou devagar, se mexendo suavemente para que ela se acostumasse com sua presença. À medida que percebia que ela estava mais relaxada aumentava um pouco os movimentos dentro dela.
Seher sentia um misto de dor e alegria. Yaman sobre ela, a possuindo, era mais do que havia sonhado. Tantas vezes, nas longas noites que passara perto dele, mas tão afastados, ela o quis, ela quis encontrar coragem de chama-lo para se deitar ao seu lado. Ela quis conhecer a sensação de acordar nua ao lado dele. E agora, estava acontecendo. Ela era dele e sabia que depois de hoje não poderia ser de nenhum outro. Oh Deus, como ela o amava! Sentir Yaman se movimentando e ao mesmo tempo se segurando para não machucá-la, era como ir ao céu e voltar.
Os movimentos do rapaz dentro dela se tornaram intensos e Seher voltou a sentir as sensações de alguns minutos atrás, quando ele a tomou com a boca. O que ela fazia era puxá-lo ainda para mais perto, como se isso fosse possível. Quando sentiu outro orgasmo tomar conta de seu corpo, afundou as unhas nas costas dele, sabendo que ficariam marcadas devido à força que colocava. Ela queria esse momento, como queria. Com a boca dele na sua, as respirações descompassadas, ela soltou um gemido na forma de um grito que fez com que Yaman não conseguisse mais se segurar e se derramasse dentro dela.
- Você é maravilhosa, Seher! – Ele fala em seu ouvido tentando recompor seus sentidos. – Como não fizemos isso antes? – A pergunta retórica ficou no ar e ele a encarou com um olhar doce. Relutante ele se retira devagar de dentro dela. – Você está bem?
- Sim. Muito bem. – Ela fala com um sorriso cansado.
- Eu devo ter te machucado, e...
- Estou bem de verdade. – Seher coloca os dedos sobre os lábios dele o silenciando.
Ele se deita ao lado dela e a puxa para ele. Seher se aninha em seus braços e fecha os olhos se deixando levar pelo calor do corpo dele e por tudo que a fez sentir. Nunca teria imaginado como seria maravilhoso estar nos braços de Yaman. Ela sabia que havia feito certo em guardar todo seu se para o homem que amava.
Yaman estava explodindo de alegria, por finalmente saber que Seher era dele. Ele se vira para desligar o abajur e puxa os lençóis sobre eles. No escuro do quarto se deixa embalar pelos movimentos da respiração dela até que os dois adormecem.