Sob As Colinas Do Amor |Os Sherlocks Vol 1

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Boa leitura ♥️

                                               SÉCULO XIX

   Oliver Sherlocks perambulava pelos fartos campos, sentindo a grama úmida sob os pés descalços e ouvindo a melodia dos pássaros cinzentos e amarelados sobrevoando alto no céu. Embora seu traje se encontrasse sujo de lama e sangue, ele apreciava as tulipas roxas que rodeavam belíssimas orquídeas brancas. Flores das quais traziam uma beleza aos verdejantes campos.

Aquele lugar poderia ser-lhe deslumbrante, não fosse por sua situação naquele momento tão horrendo e delicado que marcou-se com arranhões por todo seu corpo agora frágil.

Lentamente seguiu dando um passo após o outro pelas colinas desertas no campo de Closhpeter, enxergando sua extensão de belíssimas terras cultivadas. Seus passos hesitantes acompanhados de um notável mancar. Afligido pela agonia enquanto concluía estar sozinho com seus pensamentos, Oliver só queria fechar os olhos e imaginar que tudo era um pesadelo.

Mas a dor pulsante, não o deixava crer no contrário.

Avançando um pouco mais, notou uma movimentação atrás das árvores. Tomado por surpresa, apoiou-se em um tronco envelhecido para olhar atentamente quem surgia na mata. O dia escurecendo dificultava a sua já limitada visão.

- Antonele, se mamãe souber que viemos sem sua permissão, ela nos matará! -Oliver enxergou cabelos ruivos e soube que a voz irritada vinha daquela mulher.

- Shh. Pare de drama. E se apresse, não tenho o dia todo. - A sua acompanhante respondeu-lhe, com o semblante sério. Suspirando pesadamente em notável arrependimento.

- Pois é verdade, não? - Com um sorriso irônico, a ruiva apontou o céu.

Oliver ergueu uma sombrancelha curioso com o rumo da conversa, mas deixou-se atrapalhar e de forma dificulta agachou quando as mulheres passaram próximas de sua pessoa. Facilitando a ele enxergar o revirar de olhos pouco civilizado da mulher que suponha ser Antonele.

- Chegamos.- Anunciou, sorrindo vitoriosa.- Não lhe disse que não haveria mais ninguém?

- Grande coisa...- Sussurrou séria, fazendo seus cabelos ruivos deslizarem para a face ao arrumar as aljavas sobre as pedras.- Vamos. Quero que acabemos com isso de uma vez!

Utilizando das frestas no tronco envelhecido, Oliver pôde enxergar de forma clara as mulheres. Julgando que fossem irmãs. Elas capturavam flechas de uma das aljavas e atiravam contra uma demarcação em um tronco a poucos metros. Ele observou a ruiva, que era muito boa com o arco e tirava vantagem de sua pontaria. Porém, não passou a ele despercebido que sua irmã era excelente. Todas as flechas acabavam exatamente no alvo, as vezes acertando outra e rachando-a ao meio. Ele ficou fascinado, e esqueceu de sua intenção, focando em admirar a jovem mulher. Seus olhos esverdeados se destacavam ao receberem uma breve iluminação dos reflexos vindos da lua que já ocupava seu lugar no céu. A vestimenta composta de um simples vestido feito de pano marrom, caia-lhe perfeitamente com seu tom de pele pardo. E seus cabelos encaracolados dançavam com o vento gélido, mesclando seus tons escuros de forma hipnotizante.

Oliver soube naquele momento que não havia mulher tão bela quanto ela no mundo.

Querendo melhorar a posição em que se encontrava, ergueu-se devagar e tentou se apoiar em uma rocha próxima. O gesto desastroso fez com que perdesse o equilíbrio e caísse com quase todo seu peso sobre o braço ferido, provocando um grito rouco de dor. Usando de sua mão livre, cobriu a boca tão rápido quanto conseguiu, na vã tentativa de não chamar atenção das jovens. Seria um martírio que fosse pego as espionando tão descaradamente em um lugar deserto no começo da noite.