Heitor Santini Castelar
Acordo para mais um dia de trabalho na empresa do meu pai, nunca esteve nos meu planos trabalhar o dia inteiro preso dentro do escritório, tudo que eu queria era morar no campo, acordar todos os dias com o canto dos pássaros e criar os meus filhos com a mulher da minha vida longe de toda badernação.
Mas todos esses sonhos se foram junto com ela, minha amada esposa. Talita era a mulher mais corajosa que eu conheci, não se deixava abater por nada nem mesmo pela doença maldita que a tirou de mim.
Nos casamos bem jovens, ambos com vinte anos, todos diziam que era loucura fazer isso tão cedo, principalmente a minha mãe. Ela não gostava da minha mulher e procurava mil e um motivos para crítica-la, mas eu simplesmente a ignorava.
Eu amava tanto a minha mulher e faria qualquer coisa por ela, mas infelizmente a quatro anos ela morreu. Estávamos tão felizes, iríamos ter o primeiro fruto do nosso amor.
Infelizmente junto com a notícia de que teríamos um filho veio também a notícia de um maldito câncer no pâncreas, teríamos que escolher entre ter nosso filho ou tentar salvar a vida dela.
Minha Talita não pensou duas vezes e escolheu o nosso bebê, ela sempre dizia que iria lutar até o último segundo pelo nosso filho. Quis brigar com ela dizer que ela estava me deixando, mas não fiz isso.
Não consegui pedir para ela sacrificar nosso filho, por que eu sabia que ela nunca se perdoaria por tal escolha.
Começamos uma luta contra o tempo, o câncer progrediu rapidamente e se espalhou para o fígado. Quando descobrimos que a Talita está doente ela estava no quinto mês de gestação, o bebê não sobreviveria se fosse tirado porque a maldita doença estava atrapalhando o seu desenvolvimento.
Dois meses depois o amor da minha vida se foi e levou o nosso bebê com ela, minha Talita lutou tanto por nosso filho e no fim ele não resistiu. A dor do luto era tão grande, o peso da culpa de não ter podido salvá- los me corrói.
Eu nem pude conhecer nosso filho, ele morreu dentro dela, e meia hora depois a minha mulher também se foi e nesse dia meu mundo desabou me deixando quebrado.
Ela era tão linda e doce, seu coração era puro cheio de bondade, estava sempre ajudando o próximo não merecia ter morrido. O sonho dela era ter a sua própria família e o que me conforta é que ela teve, por pouco tempo mas teve.
Eu jurei diante do seu túmulo que eu nunca mais amaria de novo, ela sempre seria a única dona do meu coração. Jamais poderia me apaixonar outra vez, não queria ter que viver toda a dor de perder alguém que amo.
Desde então meu envolvimento com mulheres é sempre de cunho sexual, nunca fico com uma mulher mais de uma vez. Eu as escolho e não o contrário, também não me envolvo com mulheres do meu círculo social.
Saio dos meus pensamentos sobre a minha vida, me levanto e vou para o banheiro, tomo um banho rápido, escovo meus dentes, me seco e vou para o meu closet.
Me arrumo em tempo recorde, pois hoje temos uma reunião muito importante na empresa, não posso me atrasar.
Depois de pronto pego a minha pasta com meu notebook, e os documentos que trouxe para revisar, as minhas chaves e a carteira e saio de casa.
Entro no elevador e segundos depois chego a garagem, saio vou até meu carro, entro e saio dirigindo em direção a empresa.
Cerca de meia hora depois chego, pois moro em um prédio perto do meu local de trabalho. Devo isso ao meu irmão que quando se casou encontrou um prédio com dois apartamentos na cobertura, o safado se encantou com o apartamento mas não queria qualquer um como vizinho, resultado comprei o outro apartamento.
Na época eu estava mesmo precisando de um lugar para ficar, já que não consegui ficar na casa que dividia com a minha mulher. Estava morando com meus pais outra vez, mas a mamãe não me dava paz insistindo que eu tinha que me dar uma chance para ser feliz e aceitar ter um relacionamento com a Valery filha de criação da irmã falecida dela.
Não tenho nada contra a Valery, mas como já disse antes não me envolvo com conhecidas e também não quero ter um relacionamento.
Estaciono o carro na garagem privativa no subsolo do prédio, entro no elevador e aperto o botão da cobertura. Segundos depois chego em meu andar, aceno para a minha secretária e entro em minha sala.
Mal sento em minha sala e o safado do Henrique entra todo feliz e se joga no sofá, meu irmão é um folgado que nunca bate na porta antes de entrar. Um hábito irritante dele, e que eu odeio muito.
— Tenho uma ótima notícia para te dar. — Ele diz fazendo suspense.
— Então fala logo sabe que odeio enrolação. — Lhe respondo ríspido.
— Você vai ser titio, a Eloah está grávida de três meses. — Ele diz, me levanto vou até ele e o abraço apertado.
— Parabéns irmão, espero que seja menina e te faça sofrer muito. — Lhe respondo.
— Vai se foder Heitor. Agora vamos para a maldita reunião por que você conseguiu acabar com meu bom humor. — Ele diz e sai bravo, me fazendo rir ainda mais.
Chego a sala de reunião e vejo meu pai, meu irmão e o Frederico De Lucca, a meses que estamos tentando uma compra sutil da empresa dele.
O cara está velho e está querendo se aposentar quer vender a empresa, mas vem nos enrolando. O único filho homem dele se formou para ser advogado, a esposa e a filha provavelmente vivem gastando o dinheiro dele, ou seja ele não tem alguém que administre o patrimônio.
— Heitor que bom que chegou filho, só faltava você para começarmos a reunião. — Meu pai diz, olhando para mim aparentemente nervoso.
— Bom dia a todos. — Eu digo, e me sento em meu lugar ao lado do meu pai.
— Bom dia, bem como você já sabem eu estou querendo aposentar e me dedicar somente a minha fazenda, mas não tenho alguém que administre a minha empresa que foi fundada pelo meu bisavó, e passada de geração em geração. Meu único filho homem não seguiu os meus passos e foi para o meio jurídico, montou sua própria empresa de assistência jurídica e está indo muito bem, e a minha filha é uma cabeça de vento. — Ele responde, falando do filho com o orgulho mas da filha com desgosto.
— Se quer tanto vender a sua empresa, por que ainda não aceitou a nossa proposta? — Lhe pergunto.
— Eu quero vender a minha empresa e confesso que recebi várias propostas, inclusive da empresa concorrente de vocês. Mas como eu e seu pai somos amigos de longa data eu resolvi vender para vocês, só que tenho uma condição. — Ele me responde, e com certeza vem merda por aí.
— E qual seria a condição? — Lhe pergunto curioso.
— Que se case com a minha filha. —Ele responde.
Talita Janson Castelar
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor, orgulho e preconceito
RomanceEu não precisava de uma esposa estava muito bem sozinho, mas quis o destino mudar minhas escolhas. Eu precisava de alguém que me salvasse e que tirasse a dor que habitava em mim. Eles precisam um do outro, mas será o amor forte o bastante para ul...