Parte 1 de 2

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Loraine estava na banheira quando eu cheguei do trabalho. Minha esposa gostava do banheiro recém reformado, era seu cantinho especial. Naquela noite, ela havia acendido algumas velas aromáticas, cujas chamas criavam sombras trêmulas no revestimento de mármore branco. O cheiro era de morango – seu gel de banho preferido.

Eu puxei um pouco a gravata para aliviar a pressão na garganta. Apoiei a bunda contra a pia, lembro que minhas costas doíam. Soltei os botões do punho da camisa, pois precisava de alívio, minhas roupas de trabalho eram desconfortáveis.

— Como foi o seu dia?

Ela não tinha real interesse em meu trabalho, perguntava apenas por perguntar. Depois de vinte anos de casados, tínhamos certos rituais. Um deles era a conversa de "como foi o seu dia, amor?"

Eu estudei Loraine: bronzeada, cabelos castanhos que ela havia prendido no topo da cabeça para que não molhassem. Eu era apaixonado por ela, sempre fui. Ela me olhava com os olhos vazios, como quem está olhando para mim, sem nada ver. Já estava com mais de 40 anos na época, mas minha esposa sempre foi atraente. Eu secretamente tinha orgulho disso. Gostava quando os outros homens olhavam para ela. Eu me divertia sabendo que eles todos queriam aquela mulher, que era minha.

— Cansativo, meu amor. E o seu? 

Ela fechou os olhos e colocou a cabeça para trás.

— Igual. — Gemeu. Eu senti, naquele momento, o tédio dela.

Puxei um banco e me sentei perto da banheira. Olhei os detalhes dela: as unhas bem feitas, compridas e pintadas de francesinha. As sobrancelhas arqueadas e grossas que eram sua marca registrada, mas estavam franzidas, como se ela estivesse preocupada. Loraine trabalhava muito, como eu. Ela, num escritório de publicidade. Eu, como arquiteto.

Às vezes eu me perguntava se não era melhor que tivéssemos trabalhado menos e aproveitado mais a vida, mas a verdade é que eu tinha orgulho do que construímos juntos, também. Quando nos casamos, mal podíamos dar conta de pagar o aluguel. Com muito esforço, alguns perrengues e um pouco de sorte, conseguimos subir da vida. Ela também gostava de dinheiro, nunca negou.

Eu senti uma vontade enorme de agradar a Loraine. Queria que saíssemos um pouco da mesmice. Peguei o pé dela e massageei.

— Podíamos passar o fim de semana na cama. — Sugeri.

— Tenho tanta coisa para fazer, Mauro.

— A gente sempre tem, mas podíamos dedicar um tempo para nós dois. Faz um esforço, vai?

Loraine me olhava. Nossa única filha havia saído de casa há um mês, para fazer um intercâmbio na Irlanda. Eu sabia que ela estava triste e preocupada. Me senti desconectado dela. Naquele instante, meu celular vibrou. Nem sei o motivo, mas o tirei do bolso e dei aquela olhada básica. Era só um grupo de amigos. Vídeos pornôs que sempre mandavam pelo Whatsapp, o dia inteiro. Eu abri um, esquecendo que o volume estava no máximo, e logo aquele som de gravação, aquele chiado de fundo, invadiu nosso banheiro. Então aqueles gemidos femininos. Eu encerrei o vídeo, mas ela já tinha ouvido.

— Quem mandou? — Ela perguntou, entediada.

— Os caras lá do trabalho. Desculpa amor, bati o dedo sem querer.

— Eu sei que você assiste, Mauro, por favor. — Ela se mexeu na banheira, inclinando o corpo para frente, mexendo a água. Eu vi seus mamilos despontados, a pele arrepiada. Meu pau mexeu na minha calça. — Me dá a toalha, vou sair.

Série Tabu livro 1: Eu, minha esposa e o entregadorOnde histórias criam vida. Descubra agora