𝐃𝐢𝐬𝐭𝐚𝐧𝐭𝐞

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São Paulo, 2 de fevereiro,
6:48am

Ah! mais um ano letivo começando em uma das piores escolas públicas da cidade inteira. Para felicidade de muitos, o tão esperado terceiro ano do ensino médio havia chegado e nada como dar início a esse dia do que enrolar no portão até que desse o horário de entrada.
[Seu nome], soltava o pequeno cigarro de seus dedos junto de uma neblina de fumaça saindo de seus lábios. Não mais satisfeita de encarar o nada com o silêncio confortável de seus amigos, puxa assunto.
— Finalmente essa porra 'tá pra acabar. — uma expressão estoica vinha com suas palavras monótonas, fazendo seus dois companheiros assentirem. O jovem, um pouco mais alto que [Seu nome], se debruçava no portão de ferro.
— Será que esse ano vai ter interclasse? O do ano passado foi um porre. Os moleques do futebol da nossa sala se fuderam. — O garoto balbuciou, meio desapontado. — Certeza que esse ano a gente perde de novo. Mas ainda tenho esperanças no vôlei.
— 'Cê ainda duvida? — [Seu nome] soltou uma risada pretensiosa. A seriedade em seus olhos continuava. — André, se nem no futebol nossa sala vai bem, imagina no vôlei.
— Ha! A Jordana do terceiro 'F' disse que esse ano vão vir alunos novos da gringa! — Uma outra garota diria animada, encarando seu celular. O que chamou a atenção de [Seu nome] e André.
— Aé? gringa de onde?! — O jovem de cabelos castanhos se animava junto com a menor.
— Japão. — A afirmação dela faria a feição de André mudar completamente.
— Caralho, da Ásia?! E como eles vão falar com a gente? São fluentes, é? — Com isto, [Seu nome] apenas escutava a conversa entre seus dois amigos, sem esboçar alguma reação. André voltava a se escorar no portão. — Pelo menos japonês é inteligente, espero que caiam na nossa sala.
— Que estereótipo de merda, cara. — Um pouco mais irritada que o normal, [Seu nome] daria um 'empurrãozinho' como alerta em seu colega, nada contente com o comentário. — Tá na hora de entrar, vai dar sete horas e a gente tá 'moscando'.
Com isso, os três caminham pra dentro da escola para seu primeiro dia letivo.

— Ah, que foda, tá fechada a porta. — Ana Júlia, a garota mais baixa reclamava enquanto seus dois amigos a seguiam. — Será que logo na primeira aula algum professor já faltou?
— Começamos bem. — [Seu nome] completou, totalmente fora do clima escolar que pairava. — Ana, vem no banheiro comigo?.
Ana Júlia assentiu e seguiu o caminho de sua amiga até o banheiro. Como sempre, detonado e quase sem condições de uso, a sorte é que no banheiro feminino ainda haviam alguns espelhos onde várias garotas se amontoavam na frente.
— Espera aí no canto, vou dar uma olhada no meu cabelo. — [Seu nome] afirmou para a menor e entrava no mar de meninas para uma tentativa de se ver. No fim, acabou conseguindo.
Cabelos [Cor do cabelo] [Textura do cabelo], bem hidratados e tratados ao menos para o primeiro dia de aula, o rímel em seus cílios ainda intactos, uniforme no lugar.

'Até que eu não tô tão mal assim.', pensava.

— 'Cê viu os três japoneses que chegaram? Achei o mais alto uma gracinha. — Uma das jovens no banheiro comentava com outra, arrumando seus cabelos. — Vi sim, já o de cabelo pintado parecia um cachorro com raiva, me deu medo. — Uma risada silenciosa vinha da outra. [Seu nome] ouvia atentamente a conversa, aparentemente a chegada dos novatos estava bem famosa. — Tinha mais um, não tinha? de cabelo espetado. — A conversa continuava entre as duas, coisa que nossa jovem deixaria passar, se retirando do local junto de Ana Júlia.

Ana Júlia era uma garota de porte pequeno, corpo esbelto, pele pálida e cabelos loiros num corte chanel. Padrão, nós diríamos, porém sua beleza encantava muitos a sua volta. Tinha uma forte conexão com seu celular e tecnologia em geral e sempre sabia de tudo sobre todos. Um de seus hobbies secretos era assistir anime e ler mangás, coisa que apenas [Seu nome] e André, seus amigos mais próximos, sabiam.
André, um adolescente de altura mediana, cabelos ondulados e castanhos contrastando com sua pele bronzeada e algumas acnes presentes, nunca foi muito notado pelas pessoas além de suas duas melhores amigas. O seu maior hobbie era desenhar belas ilustrações. Devido a traumas do ensino fundamental, o garoto reprimia sua atração por meninos, deixando sua sexualidade clara apenas para [Seu nome] e Ana Julia.
E [Seu nome], também de altura mediana, cabelos [Cor do cabelo] [Textura do cabelo] em conjunto de sua pele [Cor da pele], uma personalidade misteriosamente afrontosa e desafiadora, porém não totalmente séria. É viciada em cigarros desde os quinze anos por conta do seu atual namorado, Samuel, e é conhecida pelo seu vício incessante.

No caminho de volta ao corredor das salas, [Seu nome] sentia um olhar penetrando sua alma. Alguém a encarava de algum lugar da escola e ficava cada vez mais intenso. Ao olhar para os lados, não notava nada ou ninguém suspeito. Franziu seu cenho antes de continuar seu caminho.
— Aí, tô sentindo que tem alguém me encarando. — A sensação cômicamente permanecia, fazendo seus companheiros olharem ao redor também.
— 'Cê tá ficando doida. Não tem ninguém olhando pra cá. — Ana Júlia dava de ombros e continuava a andar, André fazia o mesmo.

Já na sala, basicamente vazia, os três se juntavam no canto esquerdo do fundo, diga-se de passagem, ali sempre foi o lugar do trio. Alguns alunos iam chegando aos poucos e, dentre eles, um garoto com traços asiáticos bem marcantes adentrava. O que o destacava era sua aparência; seus fios quase-raspados num loiro descolorido com duas linhas castanhas que rodeavam sua cabeça. Seu olhar era amedrontador apesar de sua altura não tão surpreendente. O fato de não ter as duas sobrancelhas e seus olhos envoltos de uma sombra preta também era chamativo. Todos o observavam, seja discretamente ou não.
Um dos intercambistas japoneses que chegaram hoje, [Seu nome] deduziu.

O garoto se acomodou em uma cadeira próxima ao canto superior da sala, o que fez a atenção do trio ir diretamente pra ele. Sem algum tipo de reação imediata, eles se entreolham e voltam a observar o novato, que encarava o nada com uma feição aparentemente irritada.
— Será que ele sabe falar português? — Numa tentativa de 'sussurrar alto' aos seus amigos, André se referia ao garoto ainda mantendo contato visual com o tal.
— Sei não, por que ele tem essa cara de bunda? — Dessa vez Ana Julia faria o mesmo que André. [Seu nome] apenas continuaria encarando o garoto.
— Se eu não soubesse falar a sua língua, eu não estaria aqui, porra! — A voz grossa e irritadiça do loiro assustaria o trio, seu sotaque era aparente, mas sua pronúncia ao português era impecável.
— Haha, toma, seus 'troxa'! — [Seu nome] ria da cara de seus amigos com a resposta do novato, o que atraiu um olhar direto e ainda penetrante do mesmo.
Num mar de silêncio, o trio de hienas se encontrava encurralados por um lobo feroz.
O olhar mortal do loiro era amedrontador, mas nada que faria [Seu nome] abaixar sua guarda e perder sua pose.

— Então, qual é o seu nome? — André tomava coragem e perguntava, ainda relutante, para o garoto ao seu lado, que ainda encarava [Seu nome] sem um motivo aparente.
— Kyoutani Kentarou. — Palavras ríspidas saiam de sua boca. Então seu nome era esse.
— Kyo-Kyotã- — [Seu nome] tentava pronunciar de primeira o nome do novato. De uma forma ou outra, era um novo tipo de nome em seu ciclo social.
— Kyoutani Kentarou. — Ana Julia a corrigiu, pegando de primeira a pronúncia. — Você deve saber que aqui nós usamos sempre o seu primeiro nome, certo? Kentarou.
— Não era melhor a gente usar o sobrenome dele? tipo, seguir a cultura dele. — [Seu nome] indagou, fazendo Kentarou a encarar novamente.

'Porque caralhos esse cara fica me olhando assim?!'

A/N: Finalmente comecei essa fic! espero que gostem.

𝐇𝐞𝐚𝐫𝐭 𝐨𝐟 𝐆𝐥𝐚𝐬𝐬. Oikawa Tooru.Onde histórias criam vida. Descubra agora