I ﹣ Canção de Erros

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ATO 1

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ATO 1

— Todo mundo falha, todo mundo cai! Não importam o credo ou a cor, ninguém está imune ao erro. E não é isso que interessa. — Grégori recitava, observando sua pequena garota dedilhar as primeiras notas em seu violão.

— Mas então o que interessa, papai? — entoou, concentrada em ambas as tarefas. Ouvir e tocar.

— Interessa a capacidade de se arrepender e aprender com seus erros. É saber que em tudo na vida existe uma lição. — A pegou em seu colo, tirando um sorriso da garota ao tocar junto com ela sua canção favorita. — Nunca deixe que seus erros a transforme em algo ruim, pequena Hadria.

— E como eu faço isso? — ela parou, o encarando.

— Procure sua luz, garotinha. Agarre-se a ela e nunca mais a solte.

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— Hadria? Está me ouvindo? — Ava dirigia apressadamente, tendo a certeza de que sua filha não havia prestado atenção em quase nada do que ela disse. — Não desperdice essa chance, querida. Você poderia estar em uma sela a essa hora, nem todos tem essa sorte. Mesmo na sua idade. Você me entendeu?

— Claro, mãe. — Concordou, apática, sem tirar os olhos da janela. — Não se preocupe, vou aproveitar muito bem a minha benquista e abençoada sorte!

— Não use esse tom comigo, garota. — referiu-se ao sarcasmo da filha.

— Não a trate mal, Ava. — Grégori interviu, percebendo o incômodo nas feições de Hadria. — É um momento delicado, ela não precisa que mais alguém a idealize como um monstro. Especialmente a própria mãe!

Hadria o agradeceu mentalmente, mantendo os olhos na estrada. Ainda sentia resquícios de um choro silencioso, sufocando sua garganta. Em sua mente, tudo parecia um único borrão cinza e nebuloso. Passou as últimas horas reprimindo as lembranças dos acontecimentos recentes, desde fevereiro. Sentia-se cansada e abatida. Contudo, Ava ainda a olhava sorrateiramente, encharcada em desprezo e alheia àquela dor reprimida. Se perguntava a todo momento como a filha espirituosa e iluminada, que criou com tanto amor e afinco, por quase 18 anos, se transformou em algo tão sujo e obscuro. Talvez ela houvesse cometido algum erro como mãe. Talvez a culpa de sua filha ter se perdido fosse sua.

— Quando voltar para casa vamos nos mudar. Deixaremos tudo isso para trás. — Ava salientou, tentando mostrar seu apreço à filha, mesmo a julgando descaradamente. — Pode até escolher a cidade, se quiser. Iremos para onde achar melhor. Só precisa aguentar alguns anos e, então, seremos todos felizes novamente.

— Não precisa me tratar com pena. Suas emoções transparecem muito nítidas, mãe... — Hadria a encarou, pelo retrovisor. — Seus olhos são maldosos quando me encaram com desgosto, e não a julgo. Que mãe desejaria ver sua filha se transformar em uma assassina aos 17 anos? Não precisa fingir que vai me esperar.

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⏰ Última atualização: Nov 11, 2021 ⏰

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