Me proteja

Capítulo 1

Sérgio

Pego o relatório da paciente,seu nome era Beatriz,ela tinha sofrido um acidente grave de carro.O médico que cuidara dela quando chegou aqui,tinha feito o possível,mas ela ficara cega e teve que amputar metade da perna.Era uma pena como os jovens de hoje eram assim tão descuidados com a própria vida,ela tinha bebido bastante,mandava mensagens no celular,e acabou assim.Agora eu seria o responsável por esse caso.

Entro no quarto e a vejo,ela era linda,parecia um anjo.Eu tinha acabado de ficar hipnotizado por ela.Mas como?Eu nunca tinha visto ela.Além do mais ela era muito mais nova que eu,isso estava completamente errado.Chego perto da cama em que estava deitada e toco-lhe o rosto,sua pele era tão macia.Ponho minha mão sobre a dela,eu torcia mesmo para ela melhorasse.

Agora tenho que dar esta notícia horrível a mãe dela,eu soube que estava desesperada na recepção.Respiro fundo,saio do quarto e vou até sua mãe.

-Doutor por favor,onde está minha filha?Eu quero vê-la,por favor-ela estava aos plantos.

-Olhe,acalme-se senhora por favor,vamos até minha sala.

-E minha filha?Eu quero ver ela.

Depois de tentar inúmeras vezes fazer ela parar de chorar um pouco,a levo até minha sala,nós nos sentamos.

-Me diz doutor,como está minha filha?

-Eu preciso que a senhora se prepare para o que vou dizer,é muito importante que esteja pronta.

-Como assim?Ela morreu?-diz e começa a chorar novamente.

-Não morreu,ela está bem.

-Então porque não posso ver minha filha?

-Porque antes eu preciso contar uma coisa a senhora.

-O que?

-Infelizmente o acidente foi muito grave,ela está viva mas teve lesões-como eu ia contar isto a ela?-Senhora sua filha ficou cega e tivemos que amputar metade de uma de suas pernas.

Os momentos a seguir foram de choro e desespero,eu compreendo totalmente.Ver uma filha ficar assim,não deve ser nada fácil.

-Eu quero ver ela doutor,por favor,eu preciso.

-Tudo bem,venha comigo.

A levo até o quarto de sua filha,ela se debrussa sobre Beatriz e derruba todas as suas lágrimas.Minutos de passaram e ela continuava lá.

-Senhora,é melhor ir para casa.

-Eu não posso,não posso deixar ela aqui.

-Ela não vai acordar hoje,e a senhora precisa de descanso.Se acontecer alguma coisa eu ligo pra senhora.

-Não sei...

-É o melhor a se fazer.

Ela olha para filha e depois para mim.

-Tudo bem,mas se acontecer qualquer coisa,você me liga.Tem que me prometer isso.

Dou um meio sorriso.

-Eu prometo,ela vai ficar bem.

-Obrigada.

Ela dá um beijo na testa de Beatriz e caminha em direção a porta.Eu percebo que ainda está muito alterada então decido fazer uma coisa.

-Você aceita uma carona?

-O que disse?-diz ela se virando em minha direção.

-A senhora ainda está muito abalada,por favor,aceite uma carona até sua casa.