cliff's edge

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oi oi, aqui é a autora, queria dar um aviso rapidinho para os três leitores maravilhosos dessa história rs.
os títulos de cada capítulo são músicas nas quais eu me inspirei pra escrever. quem puder e quiser, pode escutar enquanto lê o capítulo.
a música do capítulo um é, obviamente, back to black da Amy Winehouse, e a do segundo capítulo foi gasoline da Halsey; nesse capítulo eu usei cliff's edge, da Hayley Kiyoko. 
enfim, espero que gostem!


Fiquei boa parte do banho pensando no porquê de eu não conseguir chorar mais. Talvez as lágrimas tivessem secado. Talvez eu estivesse me acostumando a ficar sem ela. Talvez eu simplesmente não amasse ela como de fato ela merecia.

Talvez eu estivesse gastando água demais.

Fechei o registro e alcancei a toalha que havia pego e pendurado em um gancho fixo à parede. Enquanto me secava ficava olhando de relance para a pequena janela no alto do banheiro – o vidro era fosco, estava embaçado pela temperatura da água, estava em uma posição estratégica para não exibir nada que causasse arrependimentos, mas algo dentro de mim sentia olhos em minha direção. Dobrei a toalha, deixei-a no canto da pia e enfiei-me em meus jeans e minha blusa de mangas compridas. Peguei o anel prateado e encaixei novamente em meu dedo, encarando meu reflexo distorcido no vidro do espelho.

- Que bagunça, Soojin. - balancei a cabeça para os lados, analisando minhas olheiras quase pularem do meu rosto.  - Que bagunça.

Abri a porta do banheiro carregando minhas roupas sujas e rolando os olhos por ali para ver se Shuhua estava por perto. Sem sinal dela, me dirigi novamente à porta principal em direção à passarela de terra de volta para o meu carro. Queria continuar viagem o mais rápido possível, talvez chegasse em Jeju a tempo de continuar sentindo pena de mim mesma. 

A garota também não estava na garagem, então apenas enfiei as roupas sujas na mala e a ajeitei no banco de trás. O calor das dez da manhã não era tão sufocante ali. Nada como a selva de concreto que é Seul. 

Peguei minha carteira no porta-luvas do carro, deixando sobre a caixa de madeira no canto do celeiro, embaixo de um livro que achei em uma das prateleiras, dez mil wons. Não consegui decidir se seria o suficiente pela hospedagem, mas decidi não esquentar minha cabeça com isso. Sentada no banco do motorista, com o papel de parede de Soyeon encarando-me de volta como se eu fosse apenas uma lembrança na minha própria mente, girei as chaves e pisei na embreagem. Joguei a cabeça para trás antes de engatar a primeira e pisar no acelerador, saindo da proteção do teto e dirigindo de volta para a estrada pavimentada, já conseguindo ver as portas fechadas do Fronteira. Com os olhos fixados na rota definida do GPS do carro, fiquei por alguns minutos ponderando se não poderia voltar ao meu show privado da Amy no dia anterior. 

Não. Isso não me ajuda em nada. 

Voltei a dirigir. Uma coisa na qual sempre fui boa. Sentir meus fios de cabelo sendo atirados para trás pelo vento impiedoso, prestando atenção nas sinalizações quando qualquer outra coisa me derrubaria facilmente. 

Soyeon sempre me disse que amava me ver dirigindo. Falava que eu parecia descansada, calma, segura, tão segura que parecia meditar. Disse que conseguia enxergar minha alma se entregando ao rádio velho, que eu insistia em manter mesmo com dinheiro suficiente para comprar um novo. Minnie, por outro lado, morria de medo dessa serenidade, como se eu fosse fechar os olhos a qualquer segundo.

Minnie. Droga.

Nicha havia me ligado inúmeras vezes desde que cheguei em Seongnam, mas não sabia quando teria saco para fingir qualquer melhora. Ela continuaria ligando, se bem a conheço. Aperto rapidamente o botão de captação de voz no painel.

borderline !¡ sooshuOnde histórias criam vida. Descubra agora