Capítulo 1

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Desde sempre vi todo mundo ao meu redor falar dos seus sonhos,  este é um tópico em que eu nunca falava nada e nem comentava,  pois eu nunca tive um sonho como tal.

Muita gente deve se perguntar como é possível alguém não sonhar ? Bem eu não sei se isto tem a ver com não sonhar ou não expandir o meu pensamento na área,  não ter ideias e nem planos para o futuro.

Me tornei uma pessoa que se preocupa mais com o presente e vive o momento,  se for para não acontecer não acontecerá mas se for para ser será , e não quero fazer planos que não serão concretizados,  a vida me ensinou que sonhar não vale a pena.

Mas de certa forma , eu lembro que antes quando eu tinha 10 anos eu tinha alguns sonhos e planos pensava sempre no futuro , no quanto eu faria minha mãe feliz, no quanto a deixaria orgulhosa quando eu me formasse em direito, a levaria para viajar o mundo inteiro, eu tinha muitos planos até que ela descobriu que tinha leucemia.

Ela foi uma guerreira, lutou muito , sofreu tanto , as quimioterapias que cada vez a deixavam mais fraca e irreconhecível,  o sorriso que ela tentava manter no rosto trasparecia dor e tristeza mas ela mantia-o por mim , mas eu sabia que aos poucos ela morria , tinha dias que ela não tinha forças para nada mas aguentou,  por mim.

Até aí eu fui feliz , nos últimos dias que passei com a minha mãe,  foram dias de esperança que um dia ela melhoraria e que faríamos tudo que nós  planeamos até que ela não resistiu mais e partiu.

Foi o momento mais triste da minha vida fiquei sem chão,  desolada , o meu progenitor não demorou 2 meses para esquecer a minha mãe e pôr aquela mulher horrível dentro de casa , a mulher que me tirou todas as esperanças .

Ela destruiu a minha confiança,  a minha vontade de viver  , de ter planos,  para ela eu nunca era boa em nada , nunca era suficiente, ela falou tanto essas coisas para mim que eu vesti cada uma delas, eu não me sinto suficiente,  eu não sou boa em nada , eu não tenho amigos , e não faço questão de ter , sinto que ninguém merece se aproximar de alguém como eu , e a única forma que arranjei de me afastar das pessoas foi ser essa pessoa que eu sou hoje.

E vocês se perguntam sobre o meu progenitor , eu até hoje não consigo olhar na cara dele , quero completar logo 18 anos e me mandar daqui ,só mais 1 ano e esse sofrimento acaba, faço de tudo para o evitar , como pode ele passar todo aquele tempo mentindo para a minha mãe que a amava , e que achava que se algo acontecesse com ela ele morreria,  para a substituir em 2 meses , como se os 15 anos que passaram juntos não tivesse valido  nada para ele.

Até hoje ele clama por perdão,  mas eu não consigo perdoar ele , eu não consigo olhar para cara dele e ver o meu pai , que amava a minha mãe,  fazia juras de amor, que me levava  para tomar sorvete,  que me  consolava quando eu não aguentava mais ver a minha mãe naquele estado e dizia que estava tudo bem.

Eu sinto que no dia que a minha mãe morreu , meu pai foi junto , como se eu tivesse ficado sozinha,  no escuro , no vazio , sem chão , sem ninguém com quem partilhar essa dor.

Passo as mãos no rosto , para limpar as lágrimas que insistiam em cair , ouço alguém bater a porta do meu quarto e ignoro .

Dois segundos depois a Silvana abre a porta e começa a berrar.

- Por isso você não é boa em nada , nunca faz nada , fica o dia todo nesse quarto escuro , cheio de tralha , desse jeito não vai a lado nenhum ,vai comer antes que o seu pai diga que eu estou te maltratando.- Acho que mesmo que ele soubesse de tudo nada mudaria,  quantas vezes eu tentei dizer que essa mulher não me fazia bem e ele me disse que era só questão de tempo para eu me habituar , que eu só estava a dizer aquilo porque não queria que ela substituísse a minha  mãe  e que ele tinha que seguir em frente , que o amor da vida dele é que havia morrido e não ele , como ele teve coragem de dizer amor da vida dele ?

Pego uma almofada ponho na minha cara e grito o mais alto que posso, atiro a almofada para a cama e levanto , calço as minhas sapatilhas e saio de casa a correr.

Corro o mais rápido que posso , eu sempre faço isso , é uma das coisas que me acalmam o ar gelado batendo na minha cara me faz esquecer por alguns segundos quem eu sou , a vida que eu levo.

É o meu refúgio,  fecho os olhos equanto corro cada vez mais rápido e acababo esbarrando em alguém e caio , olho para cima e vejo um rapaz alto , cabelo preto,  tatuagem no braço direito, mas por mais que ele fosse bonito não pude deixar de gritar com ele .

- Seu babaca , passa a olhar por onde anda.- Levanto me sacudindo.

- Que eu saiba não era eu que estava correndo de olhos fechados sua pirralha.- Agora que estou parada ao lado dele percebo o quanto ele é alto.

- Pirralha é sua mãe,  seu fdp.- O empurro e volto a correr , esse encontro parece que só  piorou o meu dia, que é na maioria das vezes uma merda , existem umas pessoas tão sem  noção no mundo.

Continuo a correr em direção a um sítio que me traz paz , onde eu lembro os únicos momentos da vida que fui feliz , chego na campa da minha mãe tiro as flores secas.

- Oi mãe.- disse colocando a mãe na sua foto.-Desculpa por não ter trago outras flores para você, saí tão apressada de casa que não pensei nesse detalhe, e depois no caminho esbarrei com um sem noção ......- Fiquei um tempo falando , desabafando , chorando até que decidi ir para casa e me tracanfiei no meu quarto.

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Olá pessoal  , este é o meu segundo livro,  espero que vocês gostem , tentei escrever algo bem diferente do meu primeiro livro e espero que esse livro seja tão bom quanto o primeiro, deixem comentários , críticas e muitos votos,  desde já agradeço .❤

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A garota que não sabia sonharOnde histórias criam vida. Descubra agora