Capítulo 2

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Infelizmnete acordo , mas logo que percebo o barulho da chuva e sinto o aroma da terra molhada sinto-me  parcialmente feliz , é como se essa temperatura me abraçasse e confortasse, porque é que todos os dias não são assim?

Depois de um tempo a pensar na desgraça que é a minha vida,  levanto e vou ao banheiro, onde tomo um banho gelado , para acordar , e para tentar me focar em outra coisa que não seja a minha vida.

Saio do banheiro,  visto uma roupa preta  confortável e quente , e nos pés ponho uma sapatilha preta da nike , preto é minha cor preferida,  sinto que essa cor reflete muito o meu estado de espírito.

Pego a minha pasta,  meto alguns cadernos , o meu estojo e algumas coisas que eu possa precisar , e por fim saio do quarto , rezando para que não cruze com um daqueles dois logo pela manhã.

Com sorte desço para cozinha sem encontrar ninguém,  ponho um pouco de granola de canela com iogurte e como tudo deixando o meu prato no lava louças,  eles que lavem , penso antes de sair em direção a escola.

O meu progenitor por muitas vezes insistiu que me levaria a escola , mas eu prefiro mil vezes caminhar por baixo da chuva segurando um guarda-chuva do que ficar no mesmo espaço que ele por 10min , levou muito tempo para ele perceber que eu não iria com ele a nenhum lado , pois ele passou 5 anos se preparando para me levar e  finalmente  a 2 anos ele percebeu que eu não voltaria atrás na minha decisão.

A escola não é longe da minha casa , em 20 minutos de caminhada eu chego lá,  e se eu for a correr chego em 15 , mas vou andando pelas ruas vazias calmamente chutando algumas pedras que vejo pelo caminho.

Passo de uma casa e vejo uma criança toda sorridente no colo do pai enquanto a mãe a despede com um beijo na testa ,o que faz a garotinha sorrir mais. Saudades desses tempos que a vida era tão leve , pequenas coisas me faziam sorrir e eu podia sentir que tinha uma família e era amada.

Depois de um tempo a olhar fixamente para a cena saio do transe e continuo a andar ,até que chego no portão da escola .

- Bom dia.- Cumprimento o porteiro em voz baixa , e passo por ele antes que ele responda.

Vejo pessoas conversando animadamente com os amigos , rindo e gritando no pátio e eu como sempre passo por elas e vou para sala aproveitar os poucos minutos de paz que tenho.

Entro na minha sala que se encontra quase fazia , a não ser pelos materiais de alguns colegas,  ando em direção ao meu lugar que é no canto do fundo da sala e encontro uma pasta lá,  sem pensar duas vezes pego a pasta e deixo no chão,  todo mundo sabe que eu sento aqui e não é hoje que vou  deixar de sentar porque um indivíduo sem escrúpulos deixo a pasta aqui.

Sento na minha cadeira , ponho a minha pasta na mesa , tiro os meus airpods da pasta  coloco e começo a escutar uma música qualquer, ponho o capuz , e encosto a cabeça na pasta.

Depois de um tempo de pura paz , sinto alguém a me cutucar,  e ignoro , a pessoa cutuca mais algumas vezes até que olho para a pessoa bem irritada e dou de cara com um dos meus colegas , acho que deve  ser o Marion.

Olho para  ele com uma sobrancelha levantada.

- Porque você deixou a minha pasta no chão sua maluca?- Pergunta ele todo nervoso.

- Primeiramente,  eu tenho um nome que você sabe muito bem qual é Marion.- Digo o olhando com o olhar mais frio que posso.

- Não é Marion é Marlo...- Antes que ele possa terminar o interrompo.

- Isso não me interessa Marion , e segundo, eu faço o que bem entender aqui no meu lugar , hoje você encontrou a sua pasta no chão e se você ousar colocar a sua pasta no meu lugar de novo,  ou me cutucar dessa forma eu parto cada ossinho das suas mãos e você sabe que eu não teria nenhum receio em fazer isso.- Digo e ele sai da minha frente um pouco assustado , em vão porque eu seria incapaz de fazer algo desse género com alguém,  mas vezes temos que saber escolher a palavras certas para que as pessoas não entrem nos nossos caminhos.

A professora de português entra na sala e começa a falar de algo que não faço ideia do que seja pois não estou a prestar a mínima atenção e estou a olhar para janela vendo a água da chuva a escorrer por ela a deixando embaçada.

Esse simples fenômeno lembrou-me da última viagem de carro que fiz com os meus pais , chovia ,as janelas do carro ficavam embaçadas e eu me divertia muito com a situação enquanto fazia vários desenhos e fingia que as gotas de água faziam corridas.

Lembrar disso deixa-me feliz , porque a viagem foi muito boa e todos estávamos mais que felizes , mas ao mesmo tempo me faz sentir um vazio no coração porque foi uma das últimas vezes que vi a minha mãe sorrir de verdade.

Ai , se eu pudesse voltar no tempo.

- Laysa....Laysa...Laysa.- Depois de algum tempo noto que a professora me chamava.

- Sim professora.- Respondi olhando para ela.

- Você está bem?- Perguntou com um olhar preocupado ,  uma das coisas que eu gosto da professora de português e que quando você está muito avoado dentro da aula ela não te faz uma pergunta sobre a aula mas sim quer saber como você está.

- Na verdade , não,  será que posso ir a enfermaria?- Perguntei já arrumando o meu material.

- Claro , Você consegue chegar lá sozinha , porque se não eu posso pedir a...- A corto antes que ela termine.

- Posso chegar lá sozinha,  obrigada por se preocupar. - Sem dizer mais nada saio da sala em direção a um lugar que a maioria das vezes está vazio ou tem alunos fazendo putaria , a biblioteca antiga , que será renovada mas enquanto isso está fora de uso.

Abro a porta que range e praguejo porque os alunos da 12° , último ano , podem ouvir porque está um silêncio daqueles típicos de quando todo mundo está na aula.

Entro e vou em direção ao sofá ao pé da enorme  janela , que me proporciona a vista da parte de trás onde tem,  a piscina , o campo de basquete,  futebol , tênis e o refeitório.

Depois de um bom tempo a escutar música e apreciar a vista ouço a porta ranger e vejo quem eu menos esperava ver por aqui.

🦋

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⏰ Última atualização: Apr 01, 2021 ⏰

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A garota que não sabia sonharOnde histórias criam vida. Descubra agora