cap1

46 10 1
                                    

Eu sempre tive sonhos além do normal, desde que me entendo por gente e provavelmente até antes disso sonho todas as noites, nunca houve excessão, nunca consegui dormir uma noite completa sem que um sonho me acordasse durante ela.

Não me recordo bem do que sonhava quando criança, mas meu irmão costumava me contar que eu o acordava na madrugada chorando dizendo que havia sido perseguido por cachorros, na época era novo demais para destinguir os sonhos da realidade então Jiang Cheng me acalmava dizendo que espantaria qualquer cachorro que se aproximasse de mim.

Não tenho lembranças claras, mas tenho certeza que por muito tempo sonhei com fome e medo, não lembro o contexto, mas levando em consideração que cachorros me amedrontam até hoje, prefiro não ter lembranças desses sentimentos. Não quero que mais sonhos se transformem em traumas.

Estava para completar dezeseis anos quando vi meu irmão sentado no sofá com os cotovelos apoiados em sua coxa e as mãos na testa, os olhos brilhavam pela água salgada que o orgulho não o permitia soltar.

Cheng havia sido demitido e não sabia como sustentaria a nós dois.

Naquele mesmo dia durante a noite enquanto estava no meu quarto tentando encontrar pessoas interessadas em um ensaio fotográfico amador para tentar conseguir dinheiro e tirar um pouco o peso de meu irmão o ouvi conversar no celular com seu namorado.

Lan Xichen era o homem mais sério que eu já havia visto, não tínhamos muito contato por meu irmão sempre achar que eu o envergonharia de alguma forma na frente do namorado, mas ele cuidava e respeitava meu irmão, o que para mim bastava.

Percebi que a falta de contato com meu cunhado estava prestes a deixar de existir quando me dei conta que na ligação falavam sobre eu e Cheng morarmos com Xichen e seu irmão mais novo até termos condição de manter nossa própria casa novamente.

Cheng aceitou, em menos de uma semana eu entrei na casa pela primeira vez, a mochila grande nas minhas costas carregava apenas o mais importante para mim, fora minha câmera que como sempre, estava pendurada no meu pescoço.
Olhava para cada canto da casa tentando me familiarizar com meu novo lar enquanto os mais velhos carregavam algumas caixas mais pesadas.

Entao te vi pela primeira vez, parado no final da escada me olhando sem esboçar grandes expressões.

Dali em diante meus sonhos nunca mais foram os mesmos.

FlechazoOnde histórias criam vida. Descubra agora