O Segredo da Nossa União

Insônia

POV MICHELLE

Vin pegou no sono rapidamente, mas eu não consegui, mesmo estando completamente cansada do dia anterior e da noite quase toda que passei naquele hospital. Eu não conseguia dormir por causa de Maylee, não que ela estivesse chorando e atrapalhando meu sono, pelo contrário, ela era um anjinho aqui na Terra para mim, assim como o seu irmãozinho é lá de cima. Mesmo que ela acordasse a noite, ela ficava quietinha no berço, exceto quando ela sentia fome ou precisasse trocar a fralda dela, aí sim ela fazia um show de choro.

Me levantei tirando o braço do Vin de cima de mim com cuidado e fui até minha filha, e para minha sorte ela estava acordada, eu só queria abraçá-la forte. Observei ela por alguns segundos, seus olhinhos escuros curiosos brilhavam me olhando juntamente com o sorriso dela, com apenas poucos dentes, mas que mesmo assim lembrava muito o sorriso do pai dela.

Tirei ela do berço e trouxe ela junto a mim, aspirando fundo o cheirinho de bebê que ela tinha, levei ela para o meu quarto.

Vin ainda dormia, por isso deixei o quarto a meia luz para que ela conseguisse me enxergar e não ficasse assustada. Me sentei com ela na cama enquanto afastava minha blusa para amamentá-la, fiquei alisando sua cabecinha cabeluda enquanto ela me sugava com certa força com sua boquinha pequena.

Olhei para o lado e lá estava ele, Vin sempre tinha sido meu anjo protetor durante todo o tempo. Sempre era bom, sempre era calmante estar com ele. Nossa filha tinha o mesmo poder, mas durante os últimos 20 anos tem sido ele a me confortar sempre, e eu a ele. Depois de eu ter engravidado precocemente e ter pedido nosso bebê. Não suportaria passar por aquilo de novo.

Um serzinho, um menininho, um bebê que seria meu para sempre, assim como May, mas que foi expulsado de mim pelo meu próprio corpo. Se eu soubesse que aconteceria, teria feito tudo diferente, teria parado de trabalhar por um tempo, teria passado as primeiras 12 semanas deitada.

Nos primeiros meses eu não conseguia controlar as minhas lágrimas. A dor que eu sentia era pior que qualquer dor física, mas eu tinha pessoas importantes para mim ao meu lado.

# FLASHBACK ON #

- Querida. - Disse uma voz calma e doce.

- Mami! - Falei assim que a vi, ela veio até mim e me abraçou e eu me permiti chorar mais ainda em seu colo. - Eu perdi mãe, perdi meu bebê.

- Eu sinto muito, meu amor. - Ela disse com a voz fraca e chorosa. - Eu nem acredito que você não me disse antes que eu seria uma vovó.

- Desculpe, mãe. - Eu disse ainda abraçada a ela. - Estava muito cedo.

- Você não estava pensando em interromper sua gravidez, estava? - Minha mãe me perguntou.

- Não vou mentir, no início eu pensei nisso, mas isso importa agora? - Eu chorava. - Eu mudei de ideia.

- É, não importa, minha filha. - Ela me abraçava mais forte. - Graças a Jeová você tirou essa barbaridade da sua cabeça.

- Apenas fique aqui comigo, mãe. - Falei aos prantos.

- Estou aqui. Vamos superar isso juntas. - Ela disse e soltou do abraço apertando minha mão. - Mas porque o seu namorado não está aqui?

- Pedi para ele sair e eu ficar sozinha. Estou com vergonha, me sinto culpada. - Justifiquei.

- Mas minha filha, estava bem no início, não foi sua culpa. Isso acontece mais do que você imagina. - Mamãe disse limpando minhas lágrimas insistentes.

- Foi sim, meu corpo o expulsou por algum motivo. - Eu disse e me larguei no choro mais uma vez.

- Não pense assim, o seu namorado não te culpa por isso, eu tenho certeza. Você sabe que ele está lá fora chorando desesperado, não é? - Ela me alertou. - Nesse momento ele precisa de você mais do que você precisa dele, com certeza.