Papai se foi- Jookyun

11

Entrei na cozinha e o olhei para a mesa.

— Podemos conversar?

— Estou dando de comer para seu irmão.

— Eu preciso saber.

— Me dê um tempo, vou dar banho e o pôr para dormir para conversarmos tranquilos. Está bem?

— Certo.

Saí dali e voltei ao meu quarto, me deitei na cama como costumava fazer, olhei o teto contando os minutos para finalmente saber a verdade daquilo. Depois de uma hora ouvi batidas na porta, me levantei e abri vendo meu pai, ele pediu que eu o acompanhasse até a sala para sentarmos e conversar, havia duas xícaras de café sobre a mesa mas não dei tanta importância, apenas me sentei o olhando.

— Estou pronto para suas perguntas.

Deixei sair um suspiro, hoje saberia a verdade, a verdade por trás dessas vagas lembranças que tenho de quando era só um menino.

— Me diz, por que ele se foi?

Fui direto, não tinha intenção de dar voltas no assunto e menos ainda sabendo que há anos esperava que finalmente me dissesse a verdade, dei um gole no café o olhando com atenção.

— Seu pai, se quer chamar ele assim, era um homem incerto, a cada certo tempo mudava as coisas na sua vida para não deixá-la monótona... Nunca pensei que nós também podíamos ser trocados.

— Trocados...?

— Ele havia cansado de chegar em casa e ver o jantar feito e nós, chegar e ver tudo em seu lugar, também se cansou do meu corpo e começou a buscar outros, soube então, que por isso chegava tarde às vezes, Jooheon trocou tudo de sua vida quando saiu pela porta naquela tarde.

Fiquei sem palavras. Como havia sido capaz daquilo? Podia entender que podia se cansar de um corte de cabelo, até da cor! Mas não entendia o resto.

— Então ele só se foi e nem sequer pensou em mim?

— Ele decidiu que terminaria com tudo, incluindo a relação de pai e filho que tinham e se foi para mudar sua "triste vida", desde que saiu por essa porta nunca voltei a vê-lo junto com você.

— Eu?

— Não se lembra?

Neguei e por mais que tentasse, não lembrava ver-lo em alguma parte.

— Bem, faz sentido, você só tinha quatro anos quando ele se foi...

— Papai.

— Diga.

— E se ele voltar?

— Será sua decisão se vai abrir a porta e deixá-lo entrar na sua vida ou se vai deixá-la fechada, depois de tudo já passaram 12 anos.

— Obrigado.

— Por que me agradeceu?

— Por me dizer, sei que falar disso foi muito difícil.

— Ser pai solo foi algo difícil mas não impossível, você recebeu boa educação e nunca te faltou nada.

— Obrigado por isso também.

— Não agradeça isso, você é o que eu mais amo junto com seu irmão, agora suba e finja que está dormindo.

Assenti e saí dali olhando uma última vez meu pai que dava um gole em seu café, estava ainda confuso por tudo o que me havia dito mas não queria saber mais de quem só nos deixou.
Lembrava do casamento do meu pai com seu atual esposo e o nascimento do meu irmão, esperava que as coisas não mudassem e seguissem assim por tanto tempo que pudesse vê-lo envelhecer junto a quem ele ama agora.