Bônus - 100K

1.7K 151 84
                                    

Primeiro quero dizer que isso é imensamente surreal. Entrei hoje no wattpad e me deparei com 100 mil visualizações nessa fanfic. Vocês querem me matar do coração? Eu, realmente, não esperava por isso.

Muito obrigada a cada ser humano que leu essa fic, que votou e que comentou. Vocês melhoram o meu dia cerca de 1000%. Aliás, no primeiro capítulo, vi que muita gente já colocou fogo em algo na própria casa. Vocês estão bem??

O que dizer? Bem, A Marota foi um surto meu em 2018, quando a escola estava um saco (ainda está, mas isso não vem ao caso). Criei essa fanfic para fugir do mundo real e ela foi totalmente mal escrita. Pensa em um negócio horrível (eu usava emoji!!).

Com essa ideia e vibe de ensino médio, decidi reescrever e ganhei 30 mil visualizações em menos de um mês. Surreal.

Okok, esse capítulo não é um desabafo meu, mas sim um bônus. Fique agora com o presentinho:

ㅡㅡ●ㅡㅡ

"Querido irmão,

Você morreu sem se despedir, e não tem um dia que eu não sinta a sua falta. Por mais que nós brigávamos como cães e gatos quando éramos menor, eu nunca imaginei que você deixaria um vazio tão grande.

Marina me contou a história verdadeira quando enfim acordou do coma. Admito que fiquei com raiva de você, irmão, mas hoje eu trocaria tudo que tenho por mais um abraço.

Lembra quando eu tinha sete anos, você cinco, e você me disse que eu nunca teria uma família porque eu não sabia amarrar o tênis? Bem, eu tenho uma família, mas ainda não sei amarrar o tênis. Você ria de mim, mas isso é bem difícil.

Lembro de ter ciúmes quando eu te via jantando com os nossos pais, enquanto eu estava de castigo no quarto. Mas eu deveria ter visto o seu olhar. Você odiava aquilo, mas eu nunca percebi. Todas as festas, todas as roupas, eu achava que você amava. Eu nunca estive tão arrependido na minha vida.

Você morreu como um herói, você cumpriu com o juramento, e eu fui um péssimo irmão. Porque, é verdade, eu poderia ter te levado junto até a casa de James, mas acho que era tarde demais. Você estava tão preso na armadilha de nossos pais que não enxergava um palmo na sua frente.

Eu sinto falta de reclamar de seu perfume no meu banheiro. Eu odiava essa sua mania de sempre se arrumar no meu banheiro, enquanto o seu era o dobro do meu. Mas eu percebi só agora que tudo o que você queria era um momento de paz. Comigo.

Não consigo mais ver uma gravata verde sem me lembrar de você. Me lembro que você amava a sonserina, talvez lá você encontrou a sua verdadeira família. Porque, afinal, não fui um bom irmão. Eu deveria ter percebido.

Marina diz que eu não poderia ter mudado nada, que você estava acorrentado àquelas ideias, mas eu não concordo. Talvez se, por um segundo, eu tivesse tirado o meu tempo para te escutar, tudo seria diferente. Talvez eu ainda teria o meu irmão vivo.

Não sei se você sabe, mas nós vencemos a guerra. Nós conseguimos. Tudo agora está calmo, mas ele está voltando. Queria que você estivesse aqui para ver o quanto a Marina está empolgada em matar Voldemort com as próprias mãos.

Falando nisso, você ia gostar de conhecer o meu filho, Johnny. Ele se parece com você no modo de pensar. Aposto que vocês ficariam tardes inteiras conversando.

Eu queria dizer, também, que reformei a nossa casa e retirei a árvore genealógica daquele quarto horrível. Quando cheguei aqui, Monstro não parava de dizer o quanto sentia a sua falta e que você tinha caminhado para a própria morte. No fim, ele tem razão.

Perdi o meu melhor amigo e meu irmão. Nunca pensei que isso doeria tanto. Lembra de Remo? Ele está com medo da guerra. Acha que vou morrer. Bem, se eu morrer, quero me encontrar com você, mas não quero deixar a Marina aqui. Então, irmão, você terá que me esperar por mais alguns anos.

Agora estamos indo para o Ministério, acredito que os Comensais irão atacar lá, por causa dos sonhos de Harry. Mas depois disso irei parar no cemitério para te deixar essa carta. Não se preocupe, continuarei escrevendo para você toda semana. Marina me disse que escrever, geralmente, é a melhor forma de se superar.

Vou escrever uma carta para James também, espero que não se importe.

Te amo, Régulus.
De seu irmão, Sirius Black."

Me abaixo e deixo a carta no túmulo de Régulus, onde uma foto desgastada está colada. Marina está do meu lado, segurando a minha mão. Ela está segurando o choro, mas sei que quer derramar as lágrimas, porque seu rosto está vermelho.

Acabamos de voltar do Ministério após um ataque dos Comensais. Bellatrix, minha prima, quase me matou. Naquele momento, um filme passou pela minha cabeça, mas Remo conseguiu me salvar quando me puxou para longe do Véu e Bellatrix acabou errando o feitiço. Nunca me senti tão aliviado em minha vida.

O dia está nublado hoje, e sei que Régulus amava dias assim. Ele costumava me dizer que a beleza não está no céu, mas nas nuvens, que são fortes o suficiente para fazer com que o azul do céu suma. Johnny pensa a mesma coisa.

Talvez eu devesse ter escutado Remo, há anos atrás, quando ele disse que Régulus precisava de ajuda. Mas, no final, talvez ele teria tido uma morte pior. Não sei, e isso não faz importância, porque o meu irmão está morto. E James. E Lily. E Marlene. E eu quase entrei nessa lista.

O vento gelado passa pelo o meu cabelo e não sinto nada além de gratidão. Saber que está vivo é a melhor sensação. Marina costuma dizer que estar vivo e viver são coisas bem diferentes.

Emily é como Marina, as duas me enlouquecem quando se juntam para fazerem compras. Mas não me importo, porque se estão felizes, é o suficiente.

A dor de perder alguém é incomparável. Sinto como se uma parte da minha alma morresse. Mas, como Marina diz, não devemos ter pena dos mortos.

Devemos ter pena dos vivos, ainda mais daqueles que vivem sem amor.

A MarotaOnde histórias criam vida. Descubra agora